BASTIDORES DO ADVENTISMO: pastor adventista abre o jogo para irmão pentecostal

Conversa com a compositora do hino O Espírito de Profecia

O que a igreja pode fazer por pessoas com atração pelo mesmo sexo

No tempo dos pioneiros

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Entrevista com o neto do pioneiro adventista Guilherme Belz

Evaldo Belz nasceu no dia 12 de maio de 1914, em Gaspar Alto, SC, e faleceu em 2010, em São Paulo. Neto do primeiro converso à mensagem adventista no Brasil – Guilherme Belz –, aos 18 anos mudou-se para São Paulo, a fim de estudar no antigo Colégio Adventista Brasileiro (CAB, hoje Unasp). Casado com Lydia Ady van Roo Belz (que morou mais de noventa anos próximo ao campus do Unasp, em São Paulo), teve quatro filhos.

Em sua casa, no bairro Capão Redondo, em São Paulo, concedeu esta entrevista a Michelson Borges e foi fotografado pelo jornalista:

Como foi sua infância e juventude em Gaspar Alto, SC?

Tínhamos uma escola simples lá, fundada em 1897. Foi a primeira escola paroquial adventista do Brasil. Havia pouco dinheiro e dificuldade para se conseguir professores. Meu pai, Reinhold Belz, como inspetor de quarteirão e encarregado da prefeitura para abrir estradas, usou de sua influência, buscou donativos e incentivou as famílias da região a colocar as crianças na escola. Lembro-me até hoje da minha professora, Catharina Schirmer, e de alguns colegas.

Também não me esqueço de uma situação meio constrangedora. Certo dia, meu pai me mandou arar a terra com a junta de bois, antes de ir para a escola. Trabalhei algumas horas e não queria mais ir para a escola, porque já era tarde. Ele me disse que fosse assim mesmo. Levei os bois até um pasto que havia próximo à escola e meus colegas me viram chorando. Quando cheguei à sala de aulas, eles caçoaram de mim. A despeito da vergonha, esse fato demonstra que havia duas coisas importantes naqueles idos: necessidade de trabalho e educação, que era muito valorizada pelos pioneiros adventistas.

Fale sobre seu pai.

Eu tinha muito respeito por ele. Era um homem de fé, influenciado pelo meu avô, Guilherme, o primeiro converso ao adventismo no Brasil, em 1890. Meu pai reunia a família (esposa e oito filhos) todas as manhãs para fazer o culto. Sexta-feira e sábado ao pôr do sol cantávamos “Desce o sol atrás dos montes”. Pena que ele morreu tão cedo.

Numa manhã de domingo, 8 de maio de 1927, meu pai se dirigia para a mata, com meu irmão Reinhold Filho, de 22 anos, e comigo, que tinha 13 anos, na época. Íamos cortar árvores para levar para a serraria de Fritz Peggau. Fritz era cunhado do meu pai e alugava sua serraria por uma porcentagem das toras cortadas. As tábuas eram vendidas em Brusque, e esse negócio constituía um complemento às atividades da roça e da criação de gado.

Às 8 horas da manhã, meu pai e meu irmão conduziam o carro de boi, quando em certa curva da picada, no meio da mata, três jovens os abordaram. Atrás do carro, só consegui ouvir as vozes exaltadas, mas não compreendi o teor da conversa. De repente, ouvi um tiro e vi os três estranhos fugindo. Corri para o local do incidente e vi meu pai e meu irmão caídos numa vala. Papai estava morto.

Ajudei meu irmão a sair do buraco e ambos corremos para casa, em busca de ajuda. O corpo do papai ficou lá até a tarde, à espera do delegado.

Além de ancião, meu pai era inspetor de quarteirão (função que, na época, equivalia à de sub-delegado). Como era cristão, responsável pela ordem local e parente de Fritz Peggau, ele se viu na obrigação de advertir o cunhado de que vira as três filhas dele saindo às escondidas e em atitudes indecorosas com uns jovens recentemente chegados da Alemanhã. Fritz (que na época havia abandonado a fé adventista) castigou as filhas, e elas contaram tudo aos namorados. Estava aí o motivo para a eliminação do delator.

Meu irmão mais velho, Edmond, de 31 anos, ficou revoltado e queria se vingar dos assassinos. Mas Reinhold disse: “Deus existe e Ele vai fazer justiça. Não precisamos fazê-la por nossas próprias mãos.” Ironicamente, pouco tempo depois, já libertos da prisão, os três assassinos acabaram morrendo (um deles picado por cobra).

O que o senhor lembra dos cultos e dos primeiros pastores?

Frequentei o primeiro templo de madeira da Igreja de Gaspar Alto, que foi inaugurado em 23 de março de 1896. Havia unidades separadas, uma das quais se reunia na escola, também de madeira, ao lado do templo. Meu pai foi ancião por vários anos, até que foi assassinado.

Os pastores iam pouco lá. Eu me lembro dos pastores Streithorst e Kaltenheuser. Eles subiam a cavalo de Brusque até Gaspar Alto. Geralmente chegavam na sexta-feira e ficavam até domingo ou segunda. Nessas ocasiões, vinha gente de Benedito Novo e arredores de Gaspar Alto. Esses irmãos ficavam hospedados em nossas casas. Era uma verdadeira festa espiritual.

Em nossa casa havia um quarto especial para os pastores, no segundo andar. Essa casa ainda existe lá em Gaspar Alto [cerca de um quilômetro da primeira igreja e reconstruída com os materiais que pertenceram à Escola Superior de Gaspar Alto, “embrião” do Unasp]. Foi uma casa comprada da escola por meu pai e reformada por ele. Quando o pastor ia em casa, era uma ocasião especial. Éramos pobres, mas minha mãe fazia uma refeição especial. Tínhamos respeito pelo servo de Deus.

Fui batizado aos 14 anos, após o falecimento de meu pai, no pequeno rio que fica próximo à igreja. Em dia de batismo, era colocada uma tábua para represar o rio. Foi um dia muito feliz. E a Santa Ceia, então? Era realizada com um único copo. Assim que uma pessoa bebia, o diácono limpava o copo com um pano. Numa época, havia um irmão com uma doença na boca. Ele era deixado para beber por último, mas ninguém ficava fora.

Por que o senhor veio para São Paulo?

Eu tinha 18 anos na época e vim para São Paulo para estudar o colegial no CAB, hoje Unasp. Mas estudei poucos meses e fui trabalhar na indústria adventista de alimentos naturais Superbom, a partir de 1932, quando ainda se chamava Excelsior. Comecei trabalhando na lavoura do colégio, a fim de pagar os estudos. Vim a convite do meu primo, o pastor Rodolpho Belz [também neto de Guilherme e pai de Cláudio Belz], que era professor no colégio.

Para vir a São Paulo, aproveitei a companhia de dois anciãos que vieram como delegados para uma reunião quadrienal no CAB. Viemos de navio de Itajaí até Santos. Pegamos trem até a Estação da Luz; bonde até Santo Amaro e carro até o colégio. A viagem levava 24 horas. Vomitei muito no navio, nessa minha primeira viagem. Depois fui para a casa do meu tio missionário, Francisco Belz [um dos filhos de Guilherme e pai de Rodolpho]. Morei com ele uns dois ou três meses, em Mogi das Cruzes. Ele já estava aposentado, com cerca de 70 anos, mas era incansável. Pregava na região de Jundiaí. Trabalhei com ele no sítio dele, enquanto aguardava o momento de ir para o colégio.

Francisco nasceu em 1868, na Alemanha, por isso foi perseguido na I Guerra Mundial, aqui no Brasil. Ele pregou o evangelho em muitos lugares das regiões Sul e Sudeste. Foi um dos primeiros alunos da Escola Superior de Gaspar Alto a ser enviado para o campo missionário. Ficava meses sem ver a família e enfrentou muitas lutas numa época em que os meios de transporte eram muito precários.

Para mim, ele era um adventista de verdade. Fazia o culto pela manhã e à noite comigo e com a esposa, Gerthrud, todos os dias. E não perdia a chance de pregar o evangelho.

Como o senhor conheceu sua esposa?

Minha esposa e eu nascemos com dois anos e pouco de diferença e a poucos metros um do outro (nossas famílias eram vizinhas em Gaspar Alto). Mas com 14 meses ela veio para São Paulo com os pais, que se estabeleceram a 200 metros do antigo portão do colégio. Ela cresceu e estudou no CAB e nunca se mudou daqui em 90 anos. Cresceu junto com a instituição.

A família dela, os van Roo, imigrantes holandeses, mudaram-se para Gaspar Alto em 1901, por causa da Escola Superior. Quando o colégio foi transferido para Taquari, em 1903, e de lá para São Paulo, em 1915, os van Roo venderam tudo o que tinham em Santa Catarina e se mudaram para cá, em junho de 1916.

Meus pais sempre me falaram muito dos van Roo e, quando vim morar no colégio, sabia que eles também residiam aqui perto. Numa sexta-feira à noite, desci da sala de culto por algum motivo e passei pela Lydia. Não sei se conversei com ela, mas ela me chamou a atenção. Minha irmã estava estudando no colégio e sabia onde os van Roo moravam. Um dia, quando disseram que iam visitá-los, dei um jeito de ir junto. Acabei conhecendo melhor a Lydia. Eu tinha 17 anos e ela 16. Namoramos e nos casamos.

O que o senhor fazia na Superbom?

Comecei lá quando a Superbom ainda fazia parte do colégio. Trabalhava na lavoura, já que tinha experiência com o arado. Depois fui chefe da horta e, finalmente, chefe de produção, função que exerci por 46 anos, de 1932 a 1978.

O que o senhor espera do futuro?

Oro todos os dias para estar preparado. Meu “prazo de validade” já venceu e sei que estou aqui por poucos dias. Peço que Deus envie o Espírito Santo sobre mim para que eu esteja pronto. Quero morrer preparado.

Qual o segredo para um casamento tão duradouro?

Primeiramente, é preciso compromisso com Deus e um com o outro; o desejo de enfrentar tudo e ficar juntos até o fim. Antes de começar o namoro, a Lydia e eu oramos para que Deus nos mostrasse se isso era da vontade Dele. Se não fosse, pedimos que Ele mudasse o que sentíamos um pelo outro, para que não sofrêssemos. Só quando tivemos certeza é que prosseguimos em nosso relacionamento.

Uma mensagem para os adventistas de hoje.

A melhor coisa que podemos fazer nesta vida é nos apegarmos a Cristo e não às coisas deste mundo, que não levaremos para a vida eterna. A volta de Jesus deve ser nossa única esperança. Não existe coisa melhor do que estar com Cristo. Espero Jesus há nove décadas e nunca desanimei, graças a Deus. Vale a pena esperar! Pelo que vejo acontecendo no mundo, creio que a realização desse sonho está muito próxima; mais do que nunca.

Desde pequeno, antes ainda de meu batismo, sempre devolvi meu dízimo e nesses anos todos nunca me faltou nada. As palavras do Salmo 37:25 se cumpriram em minha vida: “Fui moço e, já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.”

Fidelidade, oração e estudo da Bíblia – nisso consiste o segredo para permanecermos firmes. Temos que crescer dia a dia em santidade.

PARA SABER MAIS sobre a história do adventismo no Brasil, leia o livro A Chegada do Adventismo ao Brasil.

A realidade da IASD em Cuba: testemunho de um pastor

Perseguida pela ditadura, igreja teve sérias dificuldades para levar avante sua missão na ilha

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O pastor Rolando de los Ríos nasceu em Sancti Spíritus, Cuba, em 8 de agosto de 1947, em uma família adventista do sétimo dia. Recebeu a educação primária na Escola Elementar Adventista na década de 1950, antes do triunfo da revolução de Fidel Castro. “Cursei os primeiros anos de Teologia no seminário do Colégio das Antilhas da Igreja Adventista, de 1962 a 1966. Em fevereiro de 1967, o governo socialista de Fidel Castro assumiu definitivamente a instituição, expulsando o corpo discente”, recorda. A educação privada foi proibida em Cuba anos antes, de modo que era esperado que ocorresse uma ação.

Já nos Estados Unidos, e depois de ter servido em vários lugares e ocupado cargos na obra adventista, o pastor Rolando estudou na Andrews University, em Michigan, onde obteve o grau de mestre em Ministério Pastoral. Quanto à experiência ministerial, a partir de 1967, começou como ministro da igreja, em Cuba, até 1980, quando deixou o país. Nos Estados Unidos, serviu como pastor, administrador e evangelista. Hoje é pastor aposentado.

Nesta entrevista, concedida ao jornalista Michelson Borges, ele fala sobre sua infância em Cuba e sobre a situação vivida em seu país de origem.

Fale sobre sua infância em Cuba.

Venho de uma família de classe média trabalhadora. Meu pai tinha um pequeno negócio de selaria e trabalhava com peles na produção de cintos e bainhas para facões e facas. Foi assim que ele sustentou a família de cinco filhos com minha mãe. Participei do Clube de Desbravadores em minha igreja local, e desde muito jovem ocupei cargos na igreja. Sou adventista por nascimento e convicção. Minha vida de infância se desenvolveu como a de qualquer criança normal, participando de jogos infantis com meus vizinhos e amigos.

Como foi a educação escolar? Que tipo de conteúdo era ensinado? 

Minha educação primária foi em um ambiente cristão adventista. Mesmo no Seminário Adventista o lema era “educar a mão, a mente e o coração”. As disciplinas ministradas, além das bíblicas, foram ciências, artes, história, princípios cívicos, educação física, etc. Nos primeiros anos da revolução, estudei em escolas públicas que já estavam sob a direção do Departamento de Educação do Governo Revolucionário. Lá recebi doutrinação política como parte integrante da educação.

Entre 1959 e 1962, o comunismo não foi abertamente reconhecido. Fidel Castro disse à imprensa que sua revolução não era vermelha (comunista), mas que era “mais verde do que as palmas”, negando repetidamente que era comunista. Não sofri a pressão da doutrina marxista-leninista como minha filha, de apenas sete anos, sofreu nos anos 1970.

Durante os anos da ditadura de Fulgencio Batista, por princípios pacíficos de base cristã, minha família e a Igreja Adventista em geral permaneceram fora de toda atividade política, nem a favor nem contra. Devo admitir, porém, que um de meus tios paternos se envolveu na luta civil clandestina contra o governo de Batista, tendo sofrido fortes represálias. Dois de seus irmãos, de Nova York, ajudaram a causa da revolução levantando fundos para apoiar os rebeldes nas montanhas de Cuba. Tudo isso criou em mim, como na maioria dos cubanos no fim dos anos 1950, simpatia por Fidel Castro e sua revolução. Como demonstração dessa simpatia, na minha adolescência fiz parte das Brigadas de Alfabetização Conrado Benítez. Considerava que essa atividade não era contrária aos meus princípios cristãos por ajudar na educação do meu país.

Foram as crianças dessa época que receberam mais influência assim que a revolução foi declarada socialista. Desde a pré-escola, nas creches, as professoras mandavam as crianças de três e quatro anos fecharem os olhos e pedir a Deus que lhes enviasse doces. Quando abriam novamente os olhos e viam que suas mesas estavam vazias, ouviam as professoras dizer: “Deus não existe!” Depois diziam para elas novamente fecharem os olhos e pedir doces a Fidel. As professoras então aproveitavam o momento para depositar silenciosamente doces nas mesas e, assim, afirmar que Fidel Castro lhes havia dado o que Deus não deu. Desse modo, elas estavam preparando a mente infantil para o ateísmo pregado pela doutrina marxista.

Como era o país antes da revolução comunista?

É bem conhecido e registrado na história que Cuba era um país pequeno, mas desenvolvido durante os anos 1950. Muito antes de outros países latino-americanos, Cuba liderou os avanços tecnológicos. A ferrovia na ilha foi estabelecida bem antes do que em alguns dos países vizinhos, incluindo a própria Espanha. Sabe-se também que a televisão em cores teve seus primórdios em Cuba em 1958. O peso cubano era equivalente ao dólar dos Estados Unidos e, em meados dessa década, valia vários centavos a mais que a moeda americana.

Se citar alguns dados da minha própria cidade de origem, Sancti Spíritus, poderia dizer que por ser uma cidade relativamente pequena (cerca de 40 mil habitantes na década de 1950), teve grande desenvolvimento industrial e comercial. Contava com um grande número de empresas e indústrias, além de grande número de profissionais, médicos, advogados, professores, artesãos e comerciantes.

Na minha cidade existiam várias fábricas e indústrias que forneciam trabalho para grande parte da população: as fábricas de laticínios Nestlé e Nela, bem como a fábrica de conservas de fruta Libby’s. Também a La Mosa, outra fábrica que produzia as embalagens para as fábricas mencionadas acima.

No município de Sancti Spíritus havia quatro engenhos de açúcar com plantações de cana que abasteciam o consumo nacional, bem como exportação abundante. É importante lembrar que, desde então e até alguns anos depois, Cuba foi reconhecida como o principal exportador de açúcar do mundo. A cidade em que nasci era considerada uma das maiores produtoras leiteiras do país, daí o desenvolvimento de uma florescente indústria de couro, já que possuía vários curtumes e fábricas.

Meu pai, artesão de peles, sustentava a família sem luxos supérfluos, mas nunca íamos para a cama com o estômago vazio. Minha querida mãe, como dona de casa, preparava três refeições diárias para a família, fornecidas aos visitantes e vizinhos em abundância.  Não me lembro de nenhum de nós ter que andar descalço porque não tínhamos sapatos; éramos pobres, mas não miseráveis. Meus irmãos e eu tínhamos roupas suficientes para não ter que usar a mesma roupa todos os dias.

Quanto à realidade política, o fato de Fulgencio Batista ter chegado ao poder em 1952, dando um golpe de estado no presidente eleito constitucionalmente, Carlos Prío Socarras, criou grande descontentamento contra aquela ditadura. Embora o governo Batista fosse relativamente próspero economicamente, o problema social e político do país, bem como a forma como foi conduzido, resultou no surgimento da revolução.

Fale sobre o episódio em que o Colegio de las Antillas recebeu Che Guevara e seus homens.

Nos últimos dias de 1958, Ernesto Che Guevara comandou o ataque à cidade de Santa Clara, no centro da ilha, e a conquistou após descarrilar um trem blindado do governo de Batista carregado com suprimentos militares. O exército se protegeu nos prédios da Universidade Marta Abreu, em frente ao nosso campus, enquanto Che chegou com seus soldados à nossa escola e pediu comida para suas tropas. A administração forneceu o que eles precisavam. Não se pode negar que alguns professores da nossa escola simpatizavam com aqueles bravos jovens barbudos, capazes de desafiar a tirania de Fulgencio Batista.

Poucos meses depois do triunfo da revolução, o coro polifônico do Colegio de las Antillas apresentou um concerto no teatro principal da cidade de Santa Clara, e Che Guevara foi convidado para fazer o discurso de abertura. Ele disse então: “Alguns podem se surpreender que um comandante da revolução esteja aqui, mas é que entre os adventistas e a revolução existe uma velha amizade.” Em seguida, contou de quando, após o desembarque do iate Granma, no fim de 1956, os poucos expedicionários sobreviventes percorreram o matagal da montanha e chegaram, ao anoitecer, perto de uma humilde casa de camponeses onde pediram comida e ajuda. Ouvindo que dali saía a melodia de um hino cristão, e confiando que por serem religiosos os ajudariam, decidiram chegar sem medo de ser denunciados. Segundo Guevara, aquela família cuidava deles dividindo a comida, e ele, com forte crise de asma, recebeu uma camisa de um dos rapazes da casa. Então ele soube que era a única camisa que aquele jovem tinha.

Em seu livro Passagens da Guerra Revolucionária, Che incluiu a experiência daquela ocasião em que viu alguém andando por um caminho. Ao dar a ordem “Parem!”, viram que se tratava de “duas mulheres negras, de sobrenome Maya, adventistas de religião, e embora se opusessem a todo tipo de violência por causa de suas crenças religiosas, ainda assim nos ajudaram com tudo que foi necessário”.

Poucos meses depois do triunfo, o próprio Fidel Castro, acompanhado por vários de seus governantes, visitou o Colegio de las Antillas. Em seu discurso, elogiou a forma como funcionava a instituição, que incluía o trabalho físico dos alunos como parte do programa educacional, e disse: “A revolução estabelecerá muitas escolas como esta em Cuba.” 

O diretor e os professores de nossa escola não tinham como saber que alguns meses depois um representante revolucionário chegaria e declararia que a instituição havia sido tomada, passando para as mãos do governo. Pouco depois, na esteira da crise dos mísseis soviéticos na ilha, nossos professores estrangeiros foram presos. Cito o pastor Alfredo Aeschlimann, do Chile, por exemplo. Outros foram obrigados a deixar Cuba, como aconteceu com o então diretor, Dr. Walton Brown, do Brasil.

Nossa escola continuou a funcionar sob intervenção como um seminário religioso até fevereiro de 1967, quando o ministro da Educação, Armando Hart, ordenou que professores e alunos deixassem o campus imediatamente. Naquela época, Castro já havia declarado a revolução como socialista marxista-leninista. Muitos de nossos alunos foram expulsos de casa por suas famílias, devido à paixão política e à discriminação religiosa. Expulsos do lar, esses jovens saíram sem saber para onde ir.

O que você acha do comunismo em geral? Cuba é comunista?

Não me considero especialista em política, mas penso que bastaria ter vivido os primeiros 21 anos de socialismo/comunismo em meu país para poder emitir essa opinião. Lembro-me de quando visitei em Matanzas, Cuba, um dos poucos seminários que permaneceram de pé na ilha. Eu me perguntava o motivo da existência de um seminário teológico “perdoado” pelo governo castrista, quando o nosso, entre outros, havia ficado sido destruído. A resposta foi imediata quando vi uma pintura em exposição no saguão com o título: “El Cristo Guerrillero”. Lá estava o humilde Nazareno carregando um rifle no ombro.

O que eu acho do comunismo? É mais uma doutrina humana que promete tornar todos os cidadãos iguais – e isso é verdade, mas não explica em que nível: todos iguais na pobreza. Afinal, quem viveu por mais de seis décadas em Cuba, bem como na ex-União Soviética e nos países do Leste Europeu sabe que o comunismo é apenas uma teoria.  Enquanto a liderança e os governantes vivem em mansões luxuosas, com iates caros e mesas abundantes, o povo em geral sofre com a fome, a miséria, a falta de remédios e, acima de tudo, a falta de liberdade de expressão.

Enquanto milhares de médicos cubanos são enviados para outros países como “missionários” dos recursos médicos da revolução cubana, o povo nada tem. Basta olhar para o estado dos hospitais onde as pessoas têm que conviver com a falta de higiene e de medicamentos.

Penso que, na ausência de uma resposta mais abrangente, devo recordar a definição dada por um dos maiores estadistas do mundo, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill: “Socialismo é a doutrina do fracasso, o credo da ignorância e a pregação da inveja. Seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria.”

Como foi o início da obra adventista em Cuba?

A obra adventista do sétimo dia começou em Cuba nos primeiros anos do século 20, devido à chegada ao país de um casal de enfermeiros missionários.

Quando a Igreja foi instalada na ilha, quais eram exatamente as regras que o governo estabeleceu? Até que ponto o evangelismo foi permitido?

Como uma nação democrática recém-nascida, Cuba desfrutava de liberdade religiosa, com uma separação marcante entre igreja e Estado. Embora a religião mais popular, devido às raízes espanholas dos cubanos, fosse a católica, outras crenças religiosas podiam ser praticadas sem inconvenientes e também proselitismo gratuito.

A grande maioria dos soldados rebeldes que lutaram ao lado de Fidel Castro nas montanhas eram homens que acreditavam em Deus, de diferentes religiões. Vale a pena mencionar um mártir da revolução como José Antonio Echeverría, um jovem católico.  Mas quando Fidel declarou sua revolução socialista, começando no início dos anos 1960, os cristãos tiveram que enfrentar a antipatia e até a discriminação do governo.  Lembro-me de ter ouvido a frase de Karl Marx repetida muitas vezes: “A religião é o ópio do povo.” Por outro lado, na convocação em massa para ouvir Fidel Castro nos seus intermináveis ​​discursos, a bela melodia do nosso Hino Nacional foi partilhada com o Hino da Internacional Socialista, apelando ao proletariado. A última estrofe daquela canção do comunismo revela por si mesma seu descontentamento com tudo o que se chama religião: “Chega de salvadores supremos, nem César, nem burguês, nem Deus, para que nós mesmos façamos a nossa própria redenção.”

Em 1965, o governo criou a Unidade de Auxílio à Produção Militar (UMAP). Na realidade, era um campo de concentração para onde eram enviados todos aqueles que fossem considerados “males sociais”. Eram os jovens que o governo considerava inúteis ao exército. O Serviço Militar Obrigatório (SMO) acabava de ser criado. Os acampamentos da UMAP, estabelecidos na província de Camagüey, estavam cheios de jovens de crenças cristãs, entre os quais havia um número considerável de adventistas do sétimo dia, bem como outros crentes, católicos e evangélicos. O atual cardeal católico de Cuba estava entre eles. Outros indesejáveis ​​para o governo também foram enviados àqueles infames acampamentos para realizar trabalhos forçados nos canaviais: os homossexuais, ou todos aqueles que pareciam ao regime como tais. 

Se hoje você perguntar a um cubano com menos de 50 anos, ele lhe dirá que nada sabe sobre a existência da UMAP. O governo comunista de Cuba se encarregou de erradicar da história aqueles campos que se revelaram negativos em sua propaganda internacional a favor do regime, devido ao tratamento desumano praticado neles.

Nossos jovens adventistas sofreram profunda discriminação nas UMAPs. Basta um exemplo: um dos meus colegas estudantes do seminário, Manuel Molina, junto com outros dos nossos, foi forçado a trabalhar no corte da cana no sábado. Quando ele e seus companheiros recusaram, foram confinados na prisão e privados de qualquer alimento, como expressou o chefe militar, atribuindo a um ideólogo comunista a frase: “Quem não trabalha, também não deve comer.”

Depois de permanecerem nesse jejum forçado, sem ceder em seus princípios cristãos, receberam a visita de um alto funcionário de Havana que perguntou por que estavam na cela sem comida. Sabendo do porquê, perguntou se eles estavam recebendo água potável. Quando foi informado de que eles haviam recebido água, o líder sênior disse: “Parem com isso! Esses ‘cães’ não merecem nem mesmo receber água!”

Após o oitavo dia, eles foram levados para uma corrida em terra arada. Esse é um exercício militar usado para fazer os soldados perderem peso. No décimo dia, foram levados para a parte de trás do acampamento onde havia uma vala na qual seriam enterrados após serem fuzilados, se não abandonassem suas crenças religiosas. Havia um pelotão de fuzilamento pronto para cumprir a ordem. Para a surpresa desses soldados, aqueles jovens, desfalecidos e quase a ponto de desmaiar, disseram que estavam prontos para tudo, mas que não negariam sua fé em Cristo e obedeceriam aos Seus mandamentos. Por fim, ouviu-se a voz: “Preparar, apontar…”, mas, em vez de dizer: “Fogo!”, o oficial proferiu uma interjeição grosseira, acrescentando: “Com essa gente não há quem possa!”

Esses heróis contam que talvez o plano de atirar fosse apenas um meio de assustá-los; mas ainda era uma tremenda prova de fogo.

Quanto ao plano de evangelização em Cuba, desde o início do governo socialista, devo dizer que toda a atividade foi limitada dentro dos edifícios da igreja; a colportagem também foi proibida. Sempre fui evangelista, mas não fui nomeado em Cuba para esse cargo; era apenas pastor. Minhas atividades eram campanhas realizadas dentro do templo e nos dias permitidos pelo Estado; qualquer reunião no templo fora do horário estabelecido poderia ser considerada ilegal e o pastor teria que enfrentar as consequências. 

Os panfletos não podiam ser utilizados para a promoção das reuniões, e os convites eram então feitos pessoalmente a familiares e amigos, tendo a certeza de que essas pessoas não fossem filiadas ao Partido Comunista ou a outras organizações políticas do governo. Isso poderia ter consequências sérias também.

Como pastor da cidade de Camagüey, fui acusado de praticar ato de proselitismo, tentando atrair um jovem membro da União da Juventude Comunista (UJC). Fui convocado para entrevistas rigorosas em meio a ameaças. Agradeço a Deus por ter sido absolvido por falta de provas. A verdade é que não procurei aquele jovem, mas ele visitou minha igreja para me fazer perguntas, as quais respondi. Sempre enfatizei que respondia porque ele tinha vindo a mim e não eu ido a ele. Espero que esse jovem tenha sido sincero e aceitado Jesus como seu Salvador.

Havia liberdade para escolher a liderança da igreja no país?

Antes do governo de Fidel Castro nossa igreja em Cuba funcionava livremente como em outros países. Na década de 1960, mudanças foram feitas na organização de nossa igreja, dividindo o país em seis delegações, uma para cada província então existente, todas sob uma Associação Nacional. Isso manteve a unidade da igreja nacionalmente.  Durante o tempo em que trabalhei como pastor em Cuba, as nomeações dos oficiais das congregações eram feitas todos os anos, como no resto do mundo, porém, foram impostas mudanças de funções. Por exemplo, as igrejas não tinham tesoureiros, mas, sim, coletores. O único tesoureiro legal era o da delegação. No nível da igreja, havia apenas coletores que traziam dízimos e ofertas para o escritório da delegação, que era responsável por todas as despesas da congregação local. Periodicamente, nossa organização tinha que relatar ao governo todas as saídas e entradas econômicas, bem como os membros que foram adicionados e aqueles que haviam sido desligados, e o motivo. Talvez tenha sido uma maneira sutil de saber se alguns infiltrados nas congregações haviam sido descobertos. Oportunidade não faltou para que o Senhor nos indicasse a presença de alguns “Judas”, embora sempre tivéssemos cuidado ao lidar com eles.

A cada ano cada delegação realiza um congresso juvenil em que se encontram os jovens de toda a jurisdição da província. Essa atividade exigia uma permissão especial para a reunião no maior templo que tínhamos. A década de setenta foi, no meu tempo em Cuba, talvez a mais difícil. Na Delegação de Camagüey, o então presidente, pastor Nicolás Bence, certa vez aguardou até sexta-feira à tarde a autorização do Ministério do Interior para o registo de associações do fim de semana. Quando os membros das igrejas já haviam chegado depois de uma longa viagem, nosso presidente recebeu uma ordem arbitrária de que a reunião do congresso não fora permitida. Correndo riscos, a reunião de sexta-feira foi realizada, mas o pastor Bence anunciou tristemente que eles não poderiam mais voltar na manhã de sábado.

Quanto à nomeação dos dirigentes das organizações em âmbito nacional, estas foram realizadas, com licenças especiais, claro, de dois em dois anos, e depois de três em três.  Essas nomeações tinham que ser relatadas ao governo. Quanto ao respeito do governo pela pessoa do pastor, verdade seja dita que todos nós tínhamos que evitar fazer a coisa errada e ter muito cuidado para fazer a coisa certa. Um exemplo foi o pastor Rolando Morgado, que foi revistado em sua casa, pois se dizia que ele tinha material subversivo contra o governo comunista. Claro, eles só encontraram livros religiosos em sua biblioteca. No entanto, encontraram algo que virou motivo para acusá-lo: um antigo exemplar de uma revista Seleções; isso foi o suficiente para lhe garantir vários meses de trabalho forçado. 

Lembramos também quando dois de nossos pastores, Gustavo González e Fidel Paneque, foram comissionados para viajar à fazenda de um irmão da igreja que havia doado, da colheita de sua propriedade, cerca de 23 quilos de feijão preto. Esse produto seria usado para alimentar os participantes do congresso anual de jovens. Os pastores dividiram o fardo, que deveria ser autorizado pelo governo. Quando chegaram de trem à cidade de Camagüey, a polícia os esperava com sentença: meio ano de trabalhos forçados na reforma das ruas da cidade. Claro que o feijão desapareceu. Há que esclarecer que, nessa altura (e creio que ainda é assim), o cidadão não estava autorizado a transportar alimentos, o que era considerado clandestino.

A Igreja Adventista apoiou a revolução ou o governo? Se sim, conhecendo as consequências ou inocentemente?

Posso dar a resposta exata a essa pergunta com conhecimento de causa. A Igreja Adventista do Sétimo Dia nunca apoiou a revolução ou o governo comunista. Não descarto a possibilidade de que algum membro da igreja, pessoalmente, tenha feito isso, de uma forma ou de outra, mas nossa organização nunca o fez. Lembro-me da cidade de Matanzas, onde servi nos últimos anos como pastor, que o diretor do Departamento do Ministério do Interior, encarregado de igrejas, me repreendeu dizendo que os adventistas não cooperavam com o governo como as outras religiões, e que aquelas, sim, eram formadas por “verdadeiros cristãos”. Infelizmente, os cristãos em Cuba nem sempre estiveram unidos, em detrimento daqueles de nós que sempre defendemos nossos princípios.

A Igreja Adventista cubana alguma vez se opôs à Associação Geral? Chegou a ver a liderança mundial como uma espécie de “imperialismo”?

Minha resposta é categórica: a Igreja Adventista em Cuba nunca se opôs à Associação Geral de forma alguma. Quanto mais tempo a igreja vive em um ambiente opressor, mais adere à organização geral da igreja. Nem vimos nossa organização como “imperialista” porque está localizada nos Estados Unidos. Os adventistas do sétimo dia em Cuba nem mesmo viam os Estados Unidos com desprezo, nem nos sentimos autorizados a ver outros países da mesma forma. Acredito que os cristãos são, como Jesus disse, “o sal da terra”. Nossa missão deve ser de unidade e não o contrário.  Honestamente falando, acredito que a maioria dos cubanos, crentes ou não, não desprezam os Estados Unidos. Prova disso é que os milhões de cubanos que emigraram, de uma forma ou de outra, de Cuba, encontraram no país do norte uma casa e um futuro que não encontraram em sua própria pátria.

Como era a questão alimentar em face das restrições governamentais?

O ano de 1959, o primeiro do governo de Castro, foi muito próspero. Mas já em 1960 os alimentos começaram a escassear. As relações com os Estados Unidos ainda não haviam sido rompidas, mas, talvez devido à má gestão do governo desde o início, não era fácil conseguir alimentos básicos. Não há razão para acusar o chamado “embargo” pelas carências reinantes.

Lembro-me do período que passei em Sierra Maestra, na província oriental de Cuba, como alfabetizador. Eu sorria quando o velho dono da casa onde eu estava me dizia que gostaria que houvesse azeite de oliva novamente ali, em tamanha quantidade que se poderia tomar banho nele. Nossa dieta básica lá era banana-da-terra cozida.

À medida que a escassez aumentava e o Ministério do Comércio Interno atribuía a cada família uma caderneta de abastecimento alimentar, limitando o que podia ser retirado mensalmente dos armazéns, houve mais e mais dificuldades. Cuba sempre foi um país agrícola que produzia o que o povo consumia e muito mais. Agora o camponês era obrigado a vender seus produtos ao governo, ao preço que este decidia pagar.  Nunca houve motivo para que a cana-de-açúcar, produzida no país como em nenhum outro lugar, fosse distribuída por meio de racionamento.

Foi fácil guardar o sábado?

Não, nunca foi fácil em Cuba guardar o sábado durante o longo governo comunista de mais de seis décadas. Tem sido um grande teste de fé para os adventistas pedir a seus chefes que lhes permitam cobrir as horas de sábado em outros turnos durante a semana.  Acredito sinceramente que esse é um teste permanente para os fiéis de Deus em qualquer país e sistema político, mas você pode imaginar o que significa estar sob um sistema em que há apenas um chefe de trabalho: o governo? Se a Igreja Adventista guarda fielmente o sábado há mais de 60 anos, isso só pode ser explicado por meio de milagres.

Outro problema sério foi visto nas salas de aula. Até a sexta série não havia aula aos sábados, no entanto, quando nossos adolescentes iam para o ensino médio, não só era obrigatório o comparecimento, mas também os exames principais eram feitos naquele dia. Isso frustrava nossos jovens, que eram obrigados a repetir o mesmo curso todos os anos. No ensino superior, o caso era ainda pior, pois nossos jovens não poderiam ter cursos universitários, a menos que fizessem parte do Partido Comunista da Juventude (UJC) e, claro, frequentassem as aulas aos sábados. Durante os 21 anos que fiquei em Cuba, não ouvi dizer que um jovem adventista pudesse se formar em uma universidade.  Se bem me lembro, no fim dos anos 1960, o jovem Reinaldo Pelicié chegou bem perto. No dia do exame final, professores lhe colocaram o seguinte dilema: “Pelicié, você está para fazer seu último exame, mas tem que responder a esta pergunta: ‘Você ainda acredita em Deus?’ Quando ele respondeu afirmativamente, ali mesmo o direito ao exame lhe foi negado e ele jamais pôde ser médico como havia sonhado.

Admiro a visão dos líderes de nossas igrejas que, assim que essa dificuldade começou a ser apresentada, compensaram a falta de educação de nossos jovens criando um departamento de música para ensinar-lhes a tocar instrumentos musicais, em todo o país. Isso fez com que tivéssemos toda uma geração capaz de praticar música, tanto instrumental quanto cantada. Honremos a memória de homens como os professores Félix Spengler e David Carvajal, entre outros, que prestaram tão digno serviço.

Existe liberdade para evangelizar hoje?

Visto que o comunismo considera a religião um potencial inimigo ideológico, o proselitismo ou o exercício do evangelismo nunca foi abertamente permitido em Cuba.  Já na década de 1990, época que o governo designou como um “período especial” (sem mais apoio e recursos da extinta União Soviética), alguns evangelistas, como o pastor Alejandro Bullón, foram autorizados a apresentar campanhas públicas. Eu mesmo fui convidado, entre outros evangelistas, a liderar uma campanha multipartidária sob a direção do então presidente da Associação Geral Robert Folkenberg. Não temos dúvidas de que isso aconteceu por obra e graça de Deus. Foi a grande oportunidade para milhares de pessoas de conhecer Jesus. Num sistema comunista, em princípio ateu, quando isso acontece é porque se vê uma vantagem estratégica. Seja o que for, Deus Se manifestou.

Na Cuba comunista não houve liberdade, mas, às vezes, tolerância. No fundo, o Partido Comunista vê o cristão com a Bíblia nas mãos muito mais perigoso do que o inimigo com uma metralhadora. O religioso é seu inimigo ideológico mais temido.

A mídia é controlada lá?

Enquanto estive em Cuba, a internet não era conhecida. O único meio de comunicação que tínhamos para saber sobre nossos parentes no exterior era o telefone. Como não tínhamos nosso próprio telefone e as ligações eram extremamente caras para nosso baixo orçamento, podíamos fazê-lo uma ou duas vezes por ano por cerca de dez a quinze minutos cada vez. O outro meio mais utilizado eram as cartas, que demoravam dois ou três meses a chegar às nossas mãos. Atualmente, soubemos que as pessoas têm permissão para usar a internet em seus telefones celulares, desde que um parente de fora de Cuba possa pagar por eles. Quanto ao controle de uso, é claro que existe e temos provas disso em função dos incidentes ocorridos desde 11 de julho passado.

Os programas de rádio e televisão de nossa igreja nunca foram permitidos sob Fidel.  Embora o programa de rádio “La Voz de la Esperanza” tenha nascido em Havana em 1942 e fosse transmitido todos os domingos até os primeiros anos do governo comunista, foi suspenso e continua assim até hoje.

Quando você saiu de Cuba e por quê?

Quando me casei em 1969, a família de minha esposa já tinha planos de partir para os Estados Unidos. O pai da minha mulher, depois de trabalhar arduamente para construir o negócio da família, que consistia numa fábrica de tijolos e materiais de construção, teve que enfrentar a dor da intervenção do governo em tudo. A livre iniciativa não é permitida sob o regime comunista; tudo deve ser controlado pelo governo. Meu sogro, sendo pai de uma numerosa família de filhas, achou necessário sair em busca de um futuro para elas. De nossa parte, ficamos onze anos em Cuba esperando a oportunidade, quase impossível, de que algo acontecesse e nos encontrássemos novamente. Finalmente, conseguimos fazê-lo depois que deixamos Cuba, via Costa Rica, em meados da década de 1980. Quando tinha dez anos, nossa filha pôde abraçar seus avós e tias que não conhecia.

Por que o povo se rebelou agora, desafiando o regime?

Em 11 de julho, uma revolta massiva ocorreu em quase cinquenta cidades de Cuba – um evento sem precedentes. Em sua maioria jovens, aqueles que nasceram e foram criados sob o comunismo, sem armas nas mãos a não ser o despertar pela reivindicação de seus direitos à liberdade de expressão. Embora talvez a faísca que acendeu o pavio tenha sido a condição em que vive a nação diante da Covid-19, a falta de remédios e alimentos, o que tenho ouvido nas gravações de vídeo que esses mesmos manifestantes colocaram na internet, é que a razão é a falta de liberdade que sufoca os cubanos há muitos anos.  Agora vemos uma nova geração de jovens que não quer continuar vivendo como seus pais e avós. Eles reivindicam seus direitos de viver como os líderes de um país cujo conforto não passa mais despercebido pelo povo.

Cito as palavras de Abraham Lincoln: “É possível enganar todas as pessoas parte do tempo, ou enganar parte das pessoas o tempo todo, mas é impossível enganar todas as pessoas o tempo todo.”

Suas últimas palavras.

Por favor, elevem a Deus suas orações pelo povo cubano. Exorto-vos também a orar pelo vosso próprio povo, seja ele qual for, para que desfrute por mais tempo de um dom inestimável como a liberdade de sentir, pensar, falar e acreditar.

Você não precisa ter um conhecimento profundo da Bíblia ou de religião para perceber que o mundo está passando pela fase mais difícil e preocupante da história. Tanto física, quanto moral, política e religiosamente, tudo indica que chegamos a um ponto sem volta. Em breve será estabelecido o único governo perfeito cujo governante guiará Seu povo pelos caminhos da justiça em direção a um futuro de felicidade e estabilidade eternas. Estou esperando por aquele país cujo presidente é Jesus Cristo.

(Colaborou: pastor Francis Giovanella)

Entrevista com uma copista moderna da Bíblia

Na direção de Jesus

A história da corredora e modelo que abandonou a carreira para servir a Deus

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Fábia Siqueira da Silva nasceu em fevereiro de 1985, em Campo Grande, MS. Cursou Publicidade e Propaganda no Unasp, campus Engenheiro Coelho, gosta de ler e praticar esportes. Foi secretária do Departamento de Publicações da Associação Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em São José, SC, e atualmente é apresentadora da Rádio Novo Tempo em Campo Grande, MS. Fábia trabalhou na agência Zoom, no Unasp, e como colportora por dois anos. Mas o que muitos hoje não sabem é que a moça foi campeã de corridas automobilísticas, sendo a única mulher na categoria, modelo e apresentadora de TV. Juntamente com o pai, Gernival, a mãe, Ione, e os irmãos, Phillip e Flávia, Fábia viveu uma experiência amarga que, graças a Deus, teve seu desfecho alguns anos atrás. Leia a entrevista abaixo, concedida ao jornalista Michelson Borges, para saber mais detalhes dessa história de fé, sofrimento, vitória e superação.

Fale um pouco sobre sua infância.

Quando eu tinha quatro anos de idade, meus pais abandonaram a Igreja Adventista, porém, continuei estudando no colégio adventista, o que me fazia frequentar ocasionalmente a igreja, isso até os meus 11 anos. Meu pai tinha uma das maiores revendas de veículos usados do Mato Grosso do Sul. Ele idealizou o primeiro “feirão de veículos” com transmissão em programas de rádio e televisão, o que fez a família ficar ainda mais conhecida no Estado. Sempre fui muito apegada a ele e cresci nesse universo.

Como foi seu ingresso nas corridas de automóvel e que títulos conquistou?

Entrei no automobilismo aos 16 anos. Em minha primeira corrida, conquistei o segundo lugar no pódio. A partir daí, comecei a disputar provas e campeonatos na categoria Hot Fusca (corrida na terra). Em 2003, disputei provas na categoria Fórmula Fusca, em Campo Grande, e Pick-up Racing (categoria nacional). Disputei provas no Paraná e no Rio Grande do Sul. Em 2004, Montei um fusca cor-de-rosa e deixei o cockpit do outro fusca para meu irmão. Disputamos o campeonato de 2004, juntamente com outros 15 pilotos. Na penúltima etapa, recebi o título de campeã, e na última corrida, Phillip (meu irmão) foi vice-campeão do campeonato.

Com o nome bem evidente na mídia e a experiência de vida já adquirida, recebi uma proposta para me candidatar a vereadora. Aceitei, porém, depois de uma semana de campanha nas ruas, descobri que o partido ao qual eu estava filiada estava “jogando sujo” comigo e decidi parar com a campanha.

Em 2005, encerraram-se as disputas de fusca em Campo Grande. Por conta disso, deixei o automobilismo e dividi meu trabalho entre a empresa do meu pai, a carreira de apresentadora de TV (com quadros sobre automobilismo) e apresentadora de shows de artistas famosos.

Qual foi a corrida mais marcante da sua carreira?

Em 2004, no ano em que fui campeã, participei de uma corrida muito emocionante. Larguei na frente e meu irmão largou em último, porque estava com um problema no carro. Um piloto quis me tirar da corrida logo na largada e bateu no meu carro. Na primeira curva, rodei na pista. Fiquei ali parada e todos os carros começaram a vir em minha direção. Tive a sensação de que iam bater em cheio na minha porta. Logo atrás, vinha meu irmão e temi que ele batesse em mim. Seria o fim da corrida para os dois. Assim que me viu parada, ele freou e jogou o carro de lado, parando bem do meu lado, na contramão. Olhamos bem no fundo do olho um do outro e fizemos o sinal de positivo: “Vamos acelerar.” Pisamos fundo e fomos conquistando posições. Naquela corrida, meu irmão terminou em primeiro lugar e eu, em segundo. Foi espetacular!

Como foi a experiência de correr num meio dominado por homens?

Quando entrei no automobilismo, passei a ouvir piadas como “mulher no volante, perigo constante”, que todo mundo já está com os ouvidos calejados de tanto ouvir. Mas, a partir do momento em que comecei a demonstrar meu lado profissional no automobilismo, as coisas mudaram e conquistei o respeito das pessoas. Sempre levei numa boa os gracejos. Nunca desrespeitei nenhum piloto por causa disso, pois todos ali são profissionais.

Você também atuou como modelo. Como foi isso?

Aos 13 anos, entrei em uma agência de modelos; fazia books, desfilava para algumas grifes e participava de alguns comerciais em Campo Grande. O meio artístico me chamava a atenção. Meu pai tinha um programa de rádio e de televisão voltado para a empresa, e eu atuava como repórter-mirim. Com a fama e as corridas, os convites foram mais frequentes.

Depois disso, você ainda voltou às pistas?

Em 2007, recebi uma proposta de assessoramento de uma empresa de marketing esportivo do Paraná para voltar a correr em uma categoria nacional. Pensava em ingressar na Stockcar Light, Pick-up Racing ou a Copa Clio. E, para conseguir finalizar esse projeto, fui até São Paulo, para uma reunião com o editor da revista Playboy, a fim de conseguir uma possível matéria. Essa reportagem me renderia grandes patrocinadores para o projeto. Porém, o diretor de redação disse que eu precisava voltar a correr para conseguir “soltar” a matéria. E quando eu voltasse a correr era necessário que fossem veiculadas reportagens em mídias nacionais.

Aceitei a proposta, voltei para o hotel e liguei o computador para passar o tempo. Como meu irmão e minha mãe tinham acabado de ser batizados, ele havia apagado do computador todas as músicas “mundanas” e gravou só hinos. Então, comecei a escutar os hinos da igreja mesmo. E me lembrei dos meus 10, 11 anos, de quando eu ia à igreja. As músicas e aquelas lembranças mexeram comigo e comecei a chorar. Chorei desesperadamente ali no quarto do hotel sem saber o que estava se passando. Perguntei para Deus o que Ele queria de mim e se o que eu estava fazendo era correto.

Cheguei em Campo Grande e continuei meu projeto. Consegui patrocinadores locais para comprar o kart e logo saíram as matérias nacionais que o diretor de redação pediu; inclusive uma delas foi capa do portal Terra. Até ali minha carreira estava como eu queria: decolando.

Fale sobre a crise que sua família enfrentou e sobre a decisão difícil que você teve que tomar.

A crise financeira mundial de 2008 fez com que a empresa do meu pai entrasse em dificuldades. Eu acreditava que minha carreira no automobilismo decolando seria uma das soluções para a crise na empresa. Pedi uma resposta para Deus. Estava na minha sala, ajoelhada e chorando, e clamei a Ele. A loja do meu pai estava indo à falência e eu precisava de uma resposta. E ela veio. É como se eu tivesse escutado uma voz dizendo: “Venda o kart.” Ai eu disse para Deus: “Vou anunciar meu kart; se vender, eu paro com as corridas; se não vender, eu continuo com o projeto.” Liguei para o meu preparador e disse que eu queria vender o kart. Ele usou de várias objeções para impedir. Fiquei em minha sala orando, quando, depois de 30 minutos, ele me retornou a ligação: “Está vendido. Passe à noite no kartódromo para pegar o dinheiro.”

Vendi o Kart, parei com o projeto e fui batizada em setembro de 2008. Meu pai foi rebatizado em seguida. Enfrentamos juntos toda a dificuldade financeira da loja, até novembro daquele ano, quando tivemos que encerrar as atividades.

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Por que as corridas e alguns outros esportes não são compatíveis com o estilo de vida adventista?

A forma como eu estava me envolvendo nas corridas não estava certa. Como eu não tinha muitos recursos, usei outras estratégias de marketing. No automobilismo, ou você tem dinheiro para entrar, ou um bom padrinho, ou vai “na raça”; eu fui “na raça”. Os treinos também eram aos sábados. Além disso, por ser mulher e bem-sucedida nas corridas, a mídia passou a me dar muito destaque; fiquei famosa, e isso me “subiu à cabeça”. Dinheiro e fama constituem um caminho perigoso; tem que saber administrar bem isso.

Que rumo você deu à sua vida depois de abandonar a carreira no automobilismo?

O pastor da minha igreja me indicou a colportagem [venda livros religiosos, de saúde e de educação familiar] e me falou do Unasp. Em dezembro de 2008, fui colportar e, em 2009, fui para o Unasp, em Engenheiro Coelho, SP, juntamente com meu irmão. Esta foi minha boa rotina a partir dali: estudar e colportar para pagar os estudos. Tempos depois, fui contratada pela Rádio Novo Tempo de Campo Grande.

Mas a vida da sua família sofreu uma reviravolta em 2010.

E que reviravolta! Com a quebra da empresa do meu pai, alguns clientes mal intencionados quiseram nos prejudicar. Em março daquele ano, o delegado de Campo Grande foi até o Unasp com um mandato de prisão para mim, alegando que eu seria uma “isca” para eles encontrarem meu pai. Já pensou nisso? Fui de Engenheiro Coelho até Campo Grande em uma viatura com o delegado, uma investigadora e um policial! Pelo menos, dentro da viatura eu falei do amor de Jesus, li O Grande Conflito, a Bíblia e pedi para o policial ouvir os hinos que eu colocava no meu iPod.

Chegando em Campo Grande, o delegado disse que estava me levando porque eu era o “xodó” do meu pai, e me informou que no mesmo instante em que fui presa, minha família também foi presa em Campo Grande. Fiquei cinco dias na cadeia. Minha irmã ficou 11 dias; meu pai 12 e minha mãe 18.

Depois desse episódio constrangedor, fui colportar em Santa Catarina, em julho de 2010. Minha família foi com meu pai para uma fazenda, no interior do Estado, onde ele começou a trabalhar para nosso ex-contator.

Colportei três férias seguidas, e quando estava trabalhando, as coisas pioraram para meu pai. No mês de novembro, ele soube que a prisão dele havia sido revogada pelo Ministério Público, apesar de ele ter informado que a nova residência da família era na fazenda onde ele estava trabalhando como empregado. Quando o oficial de justiça esteve lá, o capataz ficou com medo e informou que meu pai não morava lá e que não sabia onde ele estava, o que resultou na revogação da liberdade provisória dele. Ele ficou refugiado na fazenda até que minha irmã desse à luz seu bebê. No mês de janeiro de 2011, meu pai, minha mãe e minha irmã mudaram novamente para Campo Grande. Ela deu à luz no dia 7 de janeiro. No dia 25, meu pai se apresentou para ser preso e foi encaminhado para o Centro de Triagem Anísio Lima, na Capital, onde permaneceu até o dia 19 de novembro.

Qual foi a acusação contra seu pai e contra você?

Respondemos processos por estelionato e formação de quadrilha.

Em que condições seu pai ficou preso?

No início da minha prisão, ele ficou em uma cela que media 3m x 3m, com 21 detentos, pessoas tremendamente revoltadas e dependentes de drogas. Meu pai aproveitava o banho de sol de uma hora para correr e respirar ar puro. Muitos debochavam dele, porque aproveitava todo o tempo para ler a Bíblia. Após 21 dias nessa situação, ele foi transferido para outra cela. Ali ele tinha tempo livre das 8h às 14h, e começou a dar estudos bíblicos para um detento que havia tentado o suicídio. Depois, meu pai continuou o trabalho com mais 16 homens. Após realizar vários estudos bíblicos no pátio, diariamente, a direção do Centro de Triagem lhe cedeu uma sala para ele continuar ministrando os estudos bíblicos. De forma direta, meu pai levou a mensagem do evangelho para quase 40 pessoas, e de forma indireta, para toda a comunidade carcerária, já que acabou recebendo a responsabilidade de ser o capelão da cadeia.

Aquele trabalho de evangelismo resultou em algo que meu pai julgava impossível: converter para Jesus o chefão dos presos e o maior usuário de drogas dali, que passou a ministrar as aulas bíblicas em lugar do meu pai.

O que aconteceu depois com você e sua família?

Em junho de 2011, fui chamada para trabalhar como secretária do Departamento de Publicações da Associação Catarinense da Igreja Adventista. E para minha felicidade e da minha família, no dia 19 de novembro de 2011, tivemos a alegre notícia de que minha família e eu fomos absolvidas de todos dos 25 processos que estávamos respondendo por estelionato e formação de quadrilha.

Você experimentou a fama e a humilhação. Depois de passar por tudo isso, qual é a sua avaliação?

O mundo lá fora é muito atrativo e mascarado: festa, glamour, gente famosa, pessoas bonitas. A mídia prega isso. Hoje em dia, tem gente que paga para estar em evidência. Depois, essas pessoas vão se tornando avarentas, arrogantes e gananciosas, sem saber que fama e dinheiro não duram para sempre. É por isso que existem vários casos de famosos que, quando saem da mídia, se suicidam; é porque ficam no esquecimento. São pessoas vazias por dentro e sem esperança; não sabem de onde vieram, para onde vão, nem mesmo sabem por que vivem.

Quando perdemos tudo, ficam as experiências e as lembranças, mas temos que cuidar para não olhar muito para trás e cair. Minha mãe sofria de depressão. Depois que a loja quebrou, meu pai também começou a enfrentar esse mal. Os dois estiveram à beira da morte.

Eu estava acostumada a chegar nas melhores festas de Campo Grande, encostar meu Audi A3 e ficar na roda dos “bacanas”, bebendo meu champanhe ou uísque. Se não fosse a falência da empresa, acho que jamais meu pai e eu teríamos nos aproximado de Deus. Nossa vida era muito boa e cômoda. Mas a partir das dificuldades nos colocamos nas mãos de Cristo e procuramos aceitar toda provação, entendendo que seria importante para o nosso crescimento e transformação. Foi aí que, nas dificuldades e adversidades, criamos oportunidades para pregar esperança.

Depois de passar por tudo isso, aprendi que o mais importante é Deus e minha família. Abro mão de tudo para tê-los por perto.

A Terra é plana? Um astrônomo responde

Olá, amigo. No manual de estudos da Lição da Escola Sabatina da IASD desta semana, em um dos dias, há um estudo sobre a questão do terraplanismo, fenômeno recente que transmitiu muita desinformação à sociedade (especialmente na internet). Por isso, Michelson Borges e eu gravamos esse vídeo para esclarecer aquilo que seja suficiente (não tudo) para entender em linhas gerais as principais ideias e riscos envolvidos nesses tipos de linhas de raciocínio. Esperamos que esse material venha lhe trazer conteúdo sólido e edificante. Compartilhe com outros para disseminar conhecimento. [Josué Cardoso dos Santos]

Nota: Josué Cardoso dos Santos é especialista no estudo do movimento dos corpos celestes. Atualmente atua como pesquisador no Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), onde estuda o movimento de constelações de satélites. Possui graduação em Matemática pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), além de Mestrado e Doutorado em Física (também pela UNESP). Durante sua carreira de pós-graduação, também atuou como pesquisador na Universidade do Colorado (EUA), na Agência Espacial do Japão (JAXA) e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Como divulgador científico, atua como embaixador da Missão Osiris-Rex da NASA.

Meu sobrinho entrevistou o pastor Eleazar Domini

O missionário mochileiro