Spoiler da Lição: Vivendo o Evangelho

Quem é o rico que o apóstolo Tiago condena?

ricoVocê, amigo que também é adventista, deve ter reparado, como eu, em alguns comentários de viés socialista feitos aos sábados pela manhã nas unidades da Escola Sabatina, durante este trimestre. É como se todo mundo estivesse entendendo que o conteúdo da Lição está polarizando ricos e pobres, atacando os ricos e dando “moral demais” aos pobres ao “conferir” certa obrigação salvífica, quase “comunista”, dos mais abastados. Até ouvi dizerem que Jesus era socialista/comunista e que os cristãos eram todos comunistas nos tempos dos apóstolos. (Nada mais falso; veja aqui e aqui.) Até concordo que em alguns trechos do texto da Lição há margem para um sentido dúbio e que talvez tenha faltado um pouco de clareza em certos pontos – mas é óbvio que a polarização e a demonização do rico não são a intenção do texto, e que alguns forçam o discurso para concluir que é praticamente pecado ser rico. Se você entendeu assim, vamos precisar rever alguns pontos. Fiquei chocada com essa forma de colocar o assunto em algumas unidades, ao longo do trimestre.

Primeiramente, a Lição nunca quis dizer que quem tem um pouco mais tem que dividir tudo com todos os pobres em seu caminho e ficar sem nada. É óbvio que dar esmola faz parte da prática religiosa; ajudar quem precisa de ajuda, especialmente órfãos e viúvas (dentro daquele contexto em que órfãos e viúvas não podiam trabalhar) faz parte da religião verdadeira.

Trazendo para nossos dias, quem são as pessoas que nada podem fazer pelo próprio sustento? Essas pessoas são a persona que Tiago cita, os órfãos e as viúvas cuja assistência faz parte da verdadeira religião.

Vamos ter cuidado para não polarizar e especialmente para não colocar todos no mesmo saco. Os ricos são os que produzem riqueza para que os pobres também as tenham. Tem os escravagistas? Tem. Todos são do mal? Não. Na maioria das vezes, o empresário se lasca para montar uma empresa, e os funcionários ficam fingindo que estão trabalhando porque sempre acham que estão sendo explorados e o patrão está enriquecendo. Não fazem ideia das três horas de sono por noite, das dívidas, do tempo longe da família que ele fica… e toda a responsabilidade que implica começar um negócio.

Tiago dá muita “pancada” no rico. Mas quem é o rico que Tiago condena? Certamente o rico a que ele se referia é diferente do irmãozinho que tem um carrinho, uma casinha e um emprego regulamentado com um salário que dá pra pagar a escola dos filhos e um plano de saúde mais uma viagem de férias e TV a cabo. Hoje em dia, quem tem acesso a esses recursos é considerado rico em nosso mapa econômico. No entanto, essas pessoas são exploradoras de outras? Escravizam? Necessariamente, são soberbas e arrogantes e desprezam a todos por se sentirem melhores do que o resto da humanidade?

Essa distinção não está clara na Lição, não porque seja ignorada, não porque não exista, mas porque seja óbvia. É óbvio que o rico que Tiago cita não é o quase pobre da classe média de hoje – cuja linha divisória fica cada vez menor.

Quem deve ser condenado são os “ricos” gananciosos que não têm compaixão. Que aumentam sua riqueza a custa de exploração e sofrimento dos menos favorecidos, com regime de trabalho escravo, aquele empresário que não valoriza e não remunera devidamente a contribuição de seus colaboradores, dando a eles migalhas para sobreviver. Esse megarrico é o cara que só pensa em dinheiro e passa por cima da ética e da moral para ficar milionário, bilionário…

Pode até parecer que ao mencionar o texto de Tiago, que “mete a paulada” nos ricos (quinta-feira, pergunta 5), a Lição se omite ao não se pronunciar com mais clareza sobre o assunto. Mas é óbvio que, dentro do contexto do que todo adventista já sabe, que é o contexto da época e o olhar de Cristo, a coisa não vai para o lado do comunismo/socialismo. Sem chance!

Realmente, o assunto é difícil, primeiro por causa da contaminação do pensamento marxista que se faz presente e coloca até Jesus no meio. O cristianismo nunca foi socialista/comunista. Se não for de coração, espontâneo e ato de adoração a Deus e gratidão pelas bênçãos, você pode doar tudo o que tiver, e jamais estará praticando a verdadeira religião. Não existe uma tentativa de comprar a salvação. Não existe essa coisa de ser obrigado a dar o que seu coração não quer dar – seja porque acha que não pode, seja porque está egoísta mesmo e não está com vontade –; a caridade cristã é fruto do amor e não uma moeda de troca de nada. Não é imposição.

A intenção da Lição de nos fazer olhar carinhosamente para os menos favorecido foi alcançada. Espero que sim. Mas, por outro lado, vejo que também trouxe para aquele irmãozinho recalcado e cheio de complexo de inferioridade certo “ódio” contra o irmão mais abastado. É bem preocupante esse pensamento da obrigatoriedade de o abastado ter que ajudar o menos abastado e, além disso, o mau sentimento que isso gera no menos abastado contra o que tem um pouco mais.

Precisamos ter um olhar mais atento ao necessitado. Sim, precisamos cultivar o amor ao próximo a cada dia. Sim, precisamos dar esmolas, ajudar a quem precisa. Agora, na outra ponta, quando preciso de ajuda, preciso de ajuda. Ponto. Sou economicamente inferior a outras pessoas? Sou. Sou academicamente inferior a outras pessoas? Sou. Sou esteticamente inferior a outras pessoas? Absolutamente. Minha saúde é inferior à saúde de outras pessoas que conseguem malhar todo dia e ter uma alimentação toda certinha? Certamente. E daí? Sou mesmo. Por que ficar cheia de dodói só porque existe uma mulher que acertou a vida no primeiro casamento, é rica, linda e com barriga negativa, mesmo tendo tido quatro filhos, tem 50 anos com músculos de 20, fala três idiomas e é CEO de alguma empresa multinacional e eu não? Só por isso vou demonizar essa mulher que é superior a mim? Não, minha inteligência não me permite fazer isso. Não faça isso você também, pois vai doer só em você, não no outro. Não sejamos vitimistas, sejamos realistas e saibamos o nosso lugar no mundo.

Tudo isso é só a vida acontecendo. Nem todos têm as mesmas oportunidades, nem todos têm as mesmas circunstâncias e habilidades. E isso é só a vida. Não tem ninguém lutando contra você. Saiba disso. E dê “oi”. Seja amável, cortês, sorria. Não fique esperando que os outros façam por você aquilo que você pode fazer. Quer se enturmar, se aproxime, seja legal, seja interessante. Na igreja tem panelinha, sim, e isso faz parte das relações sociais humanas. Para entrar em uma panelinha você vai ter que se esforçar para encontrar a sua turma, sim. Não seja o carentão que fica chorando por atenção e demonizando todos quantos não te cumprimentarem nem te convidarem para almoçar. Cumprimente você. Convide você! Sorria, ame, sirva e seja mais forte.

(Débora Carvalho é jornalista e trabalha duro para manter sua casa e criar sua filhinha)

Deputada quer proibir danças que “exponham crianças à sexualização” em escolas

clarissa-tércioIntegrante da bancada evangélica da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a deputada estadual Clarissa Tércio (PSC) apresentou um projeto de lei para proibir apresentações de dança que exponham, segundo ela, crianças e adolescente à “sexualização precoce” nas escolas do Estado. Um dos exemplos de dança apontada pela deputada é o famoso “Passinho”. O PL – de número 494/2019 – seguirá para as comissões da Casa. No texto da proposta, a parlamentar justifica que a erotização precoce é um dos fatores responsáveis pelo crescimento da violação da dignidade sexual das mulheres. Para a autora do projeto, cabe às escolas “contribuir para combater os estímulos à erotização infantil” e proibir a exposição precoce a danças que simulam movimentos de atos sexuais. De acordo com ela, “é necessário respeitar o tempo natural da sexualização”.

O projeto em questão considera pornográfica ou obscena qualquer coreografia que evoque “a prática de relação sexual ou de ato libidinoso”. A matéria se aplica a qualquer modalidade de dança, incluindo as manifestações culturais pernambucanas.

(Blog de Jamildo)

Nota: Esse projeto de lei merece todo o nosso apoio, e que sirva de exemplo para outros estados e até para o nível federal. [MB]

Quatro países europeus perdem status de eliminação do sarampo

sarampo-600x400Pela primeira vez em sete anos, quatro países europeus perderam o status de eliminação do sarampo. Com isso, cai para 35 o número de países da Europa que mantêm o certificado de eliminação da doença. Os países que perderam o certificado são Reino Unido, Grécia, República Checa e Albânia. A informação foi divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além dos quatro países que perderam o status de eliminação, outros 12 seguem endêmicos para o sarampo e dois conseguiram interromper as transmissões endêmicas, ou seja, entre pessoas que moram na região, garantindo o certificado. A avaliação sobre a situação do sarampo na Europa se baseou em dados de 53 países referentes a 2018 e foi feita por uma comissão regional independente. Os especialistas que integram a comissão avaliaram fatores como vigilância epidemiológica, cobertura de vacinas, resposta a epidemias e alcance das campanhas suplementares de imunização.

De 2018 para cá, a epidemia de sarampo na Europa segue crescendo. Apenas na primeira metade de 2019, foram registrados aproximadamente 90 mil casos da doença infecciosa na região. No ano passado inteiro, foram 84.462 casos. “O restabelecimento da transmissão de sarampo é preocupante. Se uma alta cobertura de imunização não for alcançada em cada comunidade, tanto crianças quanto adultos sofrerão desnecessariamente, e alguns tragicamente poderão morrer”, afirmou Günter Pfaff, presidente da Comissão Regional Europeia para a Eliminação de Sarampo e Rubéola, o grupo responsável pela avaliação recente.

O genótipo prevalente do vírus do sarampo que tem circulado pela Europa é o D8, mesmo sorotipo atualmente circulante em São Paulo. Por isso, é mais provável que a doença tenha sido reintroduzida no Estado de São Paulo a partir de casos provenientes de países europeus do que de casos importados da Venezuela, que levaram aos surtos no Amazonas e em Roraima no ano passado. Segundo o boletim epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo concentrou 99% dos casos confirmados da doença no Brasil entre 19 de maio e 10 de agosto.

Segundo Marta Heloisa Lopes, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e responsável pelo Centro de Imunizações do Hospital das Clínicas da FMUSP, além da reintrodução a partir de casos importados da Europa, uma das possíveis razões por trás do atual surto de sarampo em São Paulo é a queda nos últimos anos da cobertura da vacina tríplice viral (SCR), que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da vacina tríplice SCR no Brasil era de 90,19% em 2014 e caiu para 76% em 2018; no Estado de São Paulo, passou de 98% para 81% no mesmo período.

Os casos atuais de sarampo são menos frequentes entre crianças. O grupo mais frequente agora é o de jovens e adultos na faixa dos 15 aos 29 anos, justamente o público-alvo das campanhas recentes do Ministério da Saúde. “A vacina monovalente contra sarampo foi licenciada no Brasil em 1967 e sistematicamente distribuída a partir de 1973, sendo que a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) só entrou no calendário do Programa Nacional de Imunização a partir de 1992. Por isso, muita gente pensa que foi imunizada na infância, mas está enganada”, disse Lopes em uma palestra ministrada neste mês no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMTSP), da USP.

(Jornal da USP)

Nota: Grande parte da culpa pelo retorno dessas doenças antes erradicadas repousa sobre youtubers e blogueiros irresponsáveis que, na caça por visualizações e desejosos de aparecer a todo custo, vivem pregando teorias conspiratórias e sensacionalistas que atraem os incautos. Seria bom que acontecesse com todos esses o que aconteceu com o político italiano Massimiliano Fedriga, militante antivacinas que contraiu catapora e teve que ser internado (veja aqui). Claro que Fedriga pôde contar com os modernos e caros recursos da boa medicina. Mas o que dizer dos menos favorecidos que vivem assistindo a videozinhos na internet e absorvem desinformações de maneira acrítica? No Brasil também há os canais que, junto com os apelos à não vacinação, pregam, por exemplo, absurdos como o terraplanismo e a não ida do homem à Lua. Sim, porque uma conspiração puxa outra. São pessoas que se acham “inteligentistas” acima da média, donos de um conhecimento confiado a poucos privilegiados e iluminados; a nata do saber. São, na verdade, tremendos irresponsáveis que darão contas a Deus pelas vidas que têm colocado em risco, pelos danos que têm causado à sociedade e pela vergonha que têm trazido às causas criacionista, do Design Inteligente a ao cristianismo! [MB]

Leia mais sobre vacinas aqui. Informação correta salva vidas.

Atriz revela os tristes e pérfidos bastidores da indústria pornô

mia[Considero importante postar aqui a entrevista abaixo, pois se trata do relato em primeira mão de alguém que viveu imersa na indústria pornô e que, portanto, sabe o que está falando. Além disso, Mia menciona alguns detalhes interessantes apresentados em livros cristãos sobre sexo e, também, em algumas de minhas palestras sobre o assunto. Quem sabe a ela as pessoas deem ouvidos… É bom que se saiba do que “rola” nos bastidores dessa indústria pérfida e que os consumidores de pornografia se conscientizem de que estão financiando o sofrimento e a degradação de muita gente. Meus comentários seguem entre colchetes. – MB]

Com 21 anos, ao aparecer de véu islâmico em uma cena de sexo, a libanesa Mia Khalifa se tornou uma das mais famosas atrizes pornôs. Hoje, aos 26, Khalifa diz que falta de maturidade e insegurança a motivaram a aceitar o trabalho. O interesse humano pelo sexo não é nenhuma novidade, mas a internet facilitou a exploração de todas as nuances do desejo. A indústria pornográfica na internet fatura bilhões de dólares por ano, mas os grandes beneficiários são os produtores, não os atores que se expõem para a câmera. Mia Khalifa atuou em filmes pornôs por um período curto no fim de 2014. Ela conquistou fama mundial quando apareceu em um vídeo usando um hijab (véu usado por algumas mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça). A cena pornográfica causou furor, e Mia chegou a receber ameaças do grupo extremista Estado Islâmico (IS).

Atualmente, ela tem 16 milhões de seguidores no Instagram, mas não se orgulha da sua fama mundial. Depois de anos de ameaças, a ex-atriz começou a falar abertamente sobre o seu passado. Mas o que a história de Mia revela sobre a indústria pornográfica e a cultura do século 21? Nessa semana, ela respondeu a essas perguntas em uma entrevista ao programa HARDtalk da BBC.

BBC – Se a gente buscar seu nome no Google, aparecem vários links para vídeos pornográficos. As palavras “porn star” (estrela pornô) aparecem imediatamente. Isso é algo que você nunca vai superar?

Mia Khalifa ­– Estou tentando. Eu não me dou muito bem com o Google, e estamos tentando mudar isso. A primeira coisa que aparece é um site sobre o qual não tenho controle, mas que está escrito na primeira pessoa, como se fosse meu. E na Wikipédia esse site é descrito na minha página, como se fosse o meu site oficial. Tentamos inúmeras vezes eliminá-lo, mesmo com ações legais, mas a empresa não nos atende. E fizemos inúmeras propostas.

[Aqui fica a primeira lição: às vezes é difícil apagar o passado; por isso, pense bem antes de cometer um erro intencional, especialmente o erro de se expor indevidamente nas redes sociais. As consequências disso podem acompanhar você por muitos anos.]

Você deixou o Líbano rumo aos EUA com seus país ainda menina e foi criada lá. É obviamente uma mulher inteligente, cursou História numa universidade no Texas. Como foi que entrou na indústria pornô?

Não acredito que baixa autoestima discrimine ninguém. Importa se você vem de uma boa família ou se vem de um ambiente não tão bom? Eu lutei toda a minha infância contra o excesso de peso e nunca me senti atraente ou digna de atenção masculina. E, de repente, no meu primeiro ano de faculdade, comecei a perder muito peso fazendo pequenas mudanças. Quando me formei, estava pronta para fazer a diferença. Eu sentia muita vergonha dos meus seios, porque foram a primeira coisa que perdi ao emagrecer quase 23 quilos. Então, minha maior insegurança eram os meus seios e queria recuperá-los. Quando fiz isso (Khalifa passou por uma cirurgia plástica), comecei a chamar muita atenção dos homens e nunca me acostumei com isso. Sentia que, a menos que me apegasse a isso e cumprisse as expectativas que tinham de mim, seria insignificante. E depois de conquistar essa aprovação e os elogios, eu não queria mais perder isso.

[Geralmente, quando o assunto é erotismo e lascívia, os homens são atraídos pelo prazer que isso oferece, enquanto as mulheres são mais atraídas pelo poder que têm. Elas se sentem poderosas ao atrair a atenção masculina, e devem aprender a lidar com esse sentimento de poder, do contrário, como Mia, podem acabar em “maus lençóis” (literalmente) e perceber que essa atratividade, se utilizada da maneira certa e no contexto certo, seria uma bênção; da maneira errada, uma maldição.]

Você era uma jovem graduada que buscava emprego quando um garoto na rua te convidou para trabalhar com ele. Ele foi sincero e disse que estava no ramo da pornografia. O que fez você se atrair por essa proposta?

Não foi assim que aconteceu. Não foi: “Ei, você quer entrar no pornô?” Foi algo mais como: “Você é linda, gostaria de fazer uns trabalhos como modelo? Bem, é que você tem um corpo lindo.” [Note como Satanás é ardiloso: ele atraiu a jovem usando justamente o ponto fraco dela.] Mais tarde, quando fui ao estúdio, encontrei um lugar muito respeitável, magnífico, em Miami, Flórida (EUA). Era limpo. Todo mundo que trabalhava lá era simpático. Todos os quartos eram decorados com fotos de família. Como se não fosse nada duvidoso ou que me deixasse desconfortável. Não filmei na primeira vez que entrei lá. Só na segunda. Na primeira, foi mais assinar a papelada, etc.

[O pecado e o caminho da perdição sempre se mostram agradáveis, bonitos, interessantes, promissores, convidativos. Mas, como diz a Bíblia, no fim das contas, dão em caminhos de morte. Essa tática satânica é antiga: começou no Céu e foi repetida no Éden. Sedução.]

Agora, você está com 26 anos, mas tudo isso aconteceu quando você tinha 21. Como você vê aquela garota de 21 anos hoje? Acha que ela foi usada? Foi uma vítima?

Sinto que aquela menina não tinha sido preparada para perceber que estavam se aproveitando dela e que o que lhe diziam eram mentiras. Talvez, nem fosse mentira, mas uma tentativa de me manipular para que fizesse o que queriam. Eu realmente não me vejo como uma vítima. Eu não gosto dessa palavra. Tomei minhas próprias decisões, apesar de terem sido decisões terríveis. Acho que é preciso mudar a forma de se abordar mulheres, mesmo em uma simples aproximação.

Você disse recentemente que experimentava uma espécie de “bloqueio” quando se apresentava em cenas sexuais, que realmente não consegue se lembrar muito bem de muitas das coisas que fez. Tente me explicar o que passava pela sua cabeça quando você estava naquelas situações.

Acho que a palavra que não consegui encontrar quando disse isso era, na verdade, “adrenalina”. Minha adrenalina estava tão alta, porque sabia que estava fazendo algo muito além do que imaginava que jamais faria. Então, a adrenalina ainda dificulta olhar para trás e me lembrar exatamente do que pensava.

[Aqui Mia descreve a euforia do pecado e a ilusão que ele cria. É frequente ouvir de pessoas que caíram em tentação que na hora não se deram conta exatamente do que estavam fazendo, mas que depois veio o arrependimento. Qual a conduta a ser seguida, então? Precaução. Nunca dar o primeiro passo no caminho da “adrenalina”, pois sempre há o ponto de não retorno. Manter comunhão constante com Deus, de tal forma que, no primeiro sinal de alerta, o Espírito Santo nos ajude e nos proteja. Precisamos fazer como Jó: nos desviarmos do mal, jamais brincar com ele.]

Sua origem cultural é árabe, que é profundamente conservadora, em geral. Você acha que precisou se despir de um camada a mais ao entrar nesse negócio?

Provavelmente. Acho que parte disso também foi uma rebelião: querer fazer algo tão fora dos limites e do normal que até eu mesma me surpreendi.

Até acho que essa seja uma pergunta muito tola, mas sua família obviamente não tinha ideia do que você fazia, não é?

Não. E, sim, me repudiaram quando descobriram.

Deve ter sido terrivelmente difícil.

 Eu me senti completamente isolada, não apenas pelo mundo, mas também pela família e pelas pessoas ao meu redor. Principalmente depois de sair (da indústria), quando ainda estava sozinha. E quero dizer que percebi que alguns erros são imperdoáveis. Mas o tempo cura todas as feridas, e as coisas estão melhorando agora.

[O diabo oferece seu banquete, mas depois sempre puxa o tapete e deixa a pessoa na miséria, na solidão, na tristeza. Não caia nesse engano e nunca abandone sua família.]

Te pagaram US$ 12.000 (R$ 49.500) por um total de seis vídeos. Mas você gerou milhões e milhões de dólares [para as empresas que a contrataram]. Como isso é possível?

As coisas são assim mesmo. Não sou a única. Não é que eu tivesse um contrato terrível ou um agente terrível.

E você tinha 21 anos, estava saindo da adolescência.

O cérebro humano não se desenvolve completamente até os 25 anos. Então, a parte da tomada de decisões do meu cérebro ainda precisava de treinamento. Não havia ninguém para me dizer o que fazer.

[Mia está completamente certa; essa informação tem respaldo científico. E isso é muito, muito triste. Por terem o cérebro imaturo, com o lóbulo frontal ainda não plenamente desenvolvido, é justamente nessa fase que os jovens mais precisam de acompanhamento; dos conselhos dos pais ou de bons responsáveis. Afastar-se da família nesse momento da vida é se colocar em situações de fragilidade e risco, como aconteceu com Mia.]

Você se tornou a estrela número um nesse negócio. Você não tinha royalties ou direito a algum tipo de bônus por sua popularidade?

Nenhum. Nada mesmo.

No vídeo do hijab, o mais popular, três jovens participam. Você era uma delas e usava um véu islâmico. Você devia saber como isso seria considerado provocador.

Disse a eles, literalmente, que me matariam. [Mas o pecado sempre cega e torna as pessoas inconsequentes.]

Por que você não se recusou a fazer a cena?

Intimidação. Estava assustada. Ninguém te força a fazer sexo, mas eu ainda estava com medo. Você já se sentiu sem graça de reclamar quando o prato vem errado no restaurante, e o garçom te pergunta “está tudo bem”? Fiquei intimidada, estava nervosa.

Você diz que o conceito de consentimento não faz sentido na dinâmica do poder entre os homens que controlam a indústria pornográfica e uma jovem atriz de 21 anos como você.

 Com certeza. Quando há quatro produtores brancos na sala, e você diz, por exemplo, alguma coisa que faz todo mundo rir, é horrível. Você não quer mais abrir a boca. É a mesmo coisa quando você assina o contrato: você conhece os executivos, eles estão na sala esperando que você leia e assine, e você não entende nada do que está escrito, porque você está muito nervosa.

Quando você deixou o estúdio, depois daquela filmagem em especial, percebeu que seria um desastre para você?

A ficha não caiu até o dia seguinte, porque a adrenalina ainda estava muito alta. Mas, logo depois do lançamento, meu mundo inteiro ruiu. O que tinha me levado a fazer pornô era achar que ninguém descobriria. Tem milhões de garotas que se filmam fazendo sexo e coisas assim, e ninguém sabe o nome delas. Ninguém sabe quem são. Eu achei que pudesse fazer do pornô o meu segredinho sacana, mas o tiro saiu pela culatra.

[Repito: o diabo nunca deixa barato e sempre dá um jeito de fazer com que o “tiro saia pela culatra”.]

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A realidade é que seu rosto ficou conhecido em todo o mundo como a estrela pornô que usou hijab e passou a sofrer ameaças.

Ah, sim. Não falo do Estado Islâmico, porque não acredito que quem está profundamente envolvido com o EI tenha uma conta no Twitter. Eles puseram uma foto minha sobre a imagem de alguém decapitado e disseram… não lembro exatamente o que disseram. Mas era algo sobre eu ser a próxima.

Não dá para imaginar como você se sentiu sozinha naquele momento, porque você não podia conversar isso com sua família.

Não. Foi assustador. Mas usei o humor como mecanismo de defesa. A minha resposta foi: “Tudo bem, desde que você não corte meus peitos… Eles custaram muito dinheiro.”

Você tinha 21 anos. Cinco anos depois, qual você acha que foi a sua responsabilidade pessoal nessa história?

Cem por cento. Eu tomei a decisão. Claro que a indústria é imperfeita e devemos fazer algo para proteger outras garotas para que elas não caiam na mesma armadilha que eu. Mas foi minha escolha.

Sair do setor quando o vídeo viralizou, quando você recebeu ameaças… Isso foi uma decisão muito rápida para você?

Não diria muito rápida, porque ainda estava nervosa. Não sabia como reagir. Um mês depois, convoquei uma reunião com todo mundo e tinha uma cópia da carta de missão para cada um. Falei para eles o que estava sentindo. Eles tentaram me convencer a ficar e me disseram que a poeira iria baixar, que eu estava exagerando, inclusive sobre o perigo que corria…

Então, esses caras viam você meramente como uma verdadeira máquina de dinheiro.

Com certeza.

[E os consumidores de pornografia são os que ajudam a alimentar essa máquina produtora de sofrimento.]

Você acha que sofre algum tipo de estresse pós-traumático após essa experiência?

Sim. Acho que acontece principalmente quando saio na rua, porque sinto como se as pessoas pudessem ver através da minha roupa e me sinto profundamente envergonhada. Tenho a sensação de que perdi direito a toda a minha privacidade. E perdi, porque estou a um clique de distância no Google.

Essa história é a sua história. Mas, francamente, também deve ser a história de outros atores e atrizes pornôs.

Sinceramente, comecei a perceber isso recentemente. As pessoas começaram a falar comigo. Meu agente lê todos os e-mails e, quando recebemos coisas assim, ele separa e os envia para mim. Lendo as palavras de algumas dessas garotas que foram traficadas e forçadas a fazer pornografia, todas essas histórias de garotas cujas vidas foram arruinadas […] me faz sentir que foi bom começar a conversar e dar esta entrevista.

Há uma linha de pensamento que diz que, em muitos países, os jovens estão tão expostos à pornografia que isso está mudando a maneira como homens e mulheres se relacionam.

Claro que afeta relacionamentos. O vício em pornografia é muito frequente. As coisas que os homens veem nos vídeos são esperadas das mulheres em suas vidas, e essa não é a realidade. Ninguém vai ser tão perfeito, ninguém fará esses atos em uma quarta-feira à noite.

[Aqui ela toca em outro ponto importante: as falsas expectativas criadas pela pornografia. É crescente o número de homens jovens que procuram o médico por causa de desempenho sexual ruim. Frequentemente, pessoas que consomem pornografia se sentem frustradas com o sexo de verdade. Por favor, assista aos vídeos abaixo.]

Se você pudesse conversar com aquela garota de 21 anos, Mia Khalifa, andando pela rua na Flórida e parada pelo garoto que disse “Você é linda, podemos trabalhar juntos”, o que diria a ela?

É para isso que você carrega um spray de pimenta na bolsa. Use-o. Corra!

[Sem o saber, Mia conclui a entrevista dizendo exatamente o que devemos fazer quando surpreendidos pelo pecado: correr! Como fez José, quando foi tentado pela esposa de Potifar, no Egito. Com o pecado não se brinca. Fuja dele! E oremos por Mia Khalifa, para que ela encontre a paz do perdão e não seja mais uma moça a engrossar as estatísticas de depressão e suicídio entre profissionais e ex-profissionais da indústria pornográfica.]

(Terra)

Leia mais aqui sobre pornografia e testemunhos de atrizes pornôs.

A forma de pensar e os pontos em comum dos movimentos dissidentes

contraEmbora existam diversos movimentos antagônicos a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com abordagem, pontos doutrinários ou ênfases diferentes, praticamente todos concordam em alguns pontos centrais. O presente artigo analisa criticamente a macroestrutura conceitual dos movimentos dissidentes brasileiros, enfocando cinco pontos. O movimento dissidente adventista brasileiro é relativamente novo e ganhou projeção com a popularização das redes sociais. É bastante heterogêneo em suas propostas e diverge em muitos aspectos. Entretanto, é possível observar alguns pontos em comum, que funcionam como fundamentos sobre onde constroem sua forma de pensar e agir contra a Igreja Remanescente. Conhecer essa macroestrutura tanto pode proteger os adventistas de perder a confiança na igreja e se desviar da sã doutrina (2 Timóteo 4:3), quanto pode alcançar pessoas que já se encontram em movimentos espúrios.

Desvios teológico-doutrinários

Os grupos dissidentes se desviaram do corpo doutrinário adventista, estabelecido progressivamente pelo exame minucioso das Escrituras, sob a guia do Espírito Santo e confirmado pelo Espírito de Profecia.[1] Alguns dissidentes são totalmente antagônicos em seus pontos de vista, enquanto outros são mais moderados ou não enfatizam abertamente sua discordância do pensamento oficial da igreja.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia defende os princípios de sola, tota e prima Scriptura.[2] Ou seja, nossa regra de fé e prática é unicamente a Palavra de Deus. “Os adventistas do sétimo dia aceitam a Bíblia como seu único credo e mantêm certas crenças fundamentais como sendo o ensino das Escrituras Sagradas. Essas crenças […] constituem a compreensão e a expressão do ensino das Escrituras por parte da igreja.”[3]

Nossa estrutura teológica se divide em seis doutrinas básicas (Deus, ser humano, salvação, igreja, vida cristã e últimos eventos) e 28 crenças fundamentais,[4] que podem ser ampliadas ou revisadas em uma assembleia da Associação Geral.[5] Diferente da denominação, os dissidentes já ampliaram, reduziram ou revisaram as crenças fundamentais por conta própria, adotando conceitos estranhos à fé adventista. Às vezes, o problema não está na mudança, mas na ênfase exagerada em um ponto doutrinário.

Geralmente os principais desvios teológicos[6] são: a negação da doutrina da Trindade,[7] da personalidade e divindade do Espírito Santo;[8] a negação ou distorção do Dom de Profecia[9] e do sistema do dízimo;[10] a nova interpretação da crença do matrimônio e da família[11] e no remanescente e sua missão[12] e a negação ou reinterpretação do ministério de Cristo no Santuário Celestial.[13]

Os dissidentes também questionam a confiabilidade do texto bíblico,[14] ignoram a fórmula batismal,[15] dogmatizam a posição para oração,[16] distorcem o nome[17] e a natureza humana de Cristo,[18] o estilo de vida adventista, a reforma de saúde, as profecias e os eventos finais,[19] a administração e a missão da igreja, etc. Nos últimos anos o perfeccionismo[20] e sua relação com a natureza caída de Cristo e a teoria da última geração[21] têm sido muito explorados, assim como a questão insustentável do terraplanismo.[22]

Em alguns casos, os dissidentes assumem um posicionamento doutrinário diferente da denominação, enquanto em outros reinterpretam a crença ou enfatizam algum ponto específico, movendo os membros da segura plataforma da verdade ao negar ou ensinar doutrinas contrárias[23] à “verdade presente” (2Pd 1:12).

Tais desvios teológicos podem ser atribuídos a “uma hermenêutica peculiar”, distinta do método gramático-histórico, adotado pelos adventistas do sétimo dia.[24] Ellen White previu o surgimento de “homens com interpretações das Escrituras que para eles são verdade, mas que não o são. Deus nos deu a verdade para este tempo como um fundamento para nossa fé. Ele próprio nos ensinou o que é a verdade. Aparecerá um, e ainda outro, com nova iluminação, que contradiz aquela que foi dada por Deus sob a demonstração de Seu Santo Espírito.”[25]

Perda da confiança na organização

Os dissidentes perderam a confiança na Igreja Adventista do Sétimo como instituição. Eles declaram abertamente que já não acreditam na organização, pois ela “apostatou da verdade e é injusta”,[26] assumindo “uma atitude extremamente crítica e belicosa para com a igreja e sua liderança.”[27] Isso afeta os membros sinceros que podem deixar de apoiar a igreja; os apologetas evangélicos, que se aproveitam para justificar seus ataques; e os interessados na verdade, que podem se afastar. A imagem da igreja, por outra parte, é comprometida perante a opinião pública, gerando um desgaste desnecessário.

As razões para tal posição podem ser, para José Barbosa, algumas declarações reprovadoras de Ellen White e o mundanismo, a incredulidade e apostasia existentes na vida de pessoas dentro da igreja. Ao analisar as mais severas repreensões do Espírito de Profecia, o autor conclui que elas devem ser interpretadas em seu contexto histórico, e que as reprovações, por mais severas que sejam, não significam necessariamente rejeição, mas tentativas amorosas de correção.[28]

Sobre os problemas comportamentais dos membros (incluindo, às vezes, líderes), Barbosa lembra que “não desqualificam a igreja. Não são indício de que ela, como organização, traiu o legado divino”,[29] afinal de contas, Ellen White afirmou: “Por haver na igreja membros indignos, não tem o mundo o direito de duvidar da verdade do cristianismo, nem devem os cristãos desanimar por causa desses falsos irmãos […]. [Cristo] disse que até o fim do tempo haveria falsos irmãos na igreja.”[30]

Os dissidentes fazem uma dicotomia entre a igreja adventista espiritual e a igreja institucionalizada. Os verdadeiros adventistas, para eles, são parte da igreja espiritual, mas não da institucionalizada. Essa teoria não pode ser sustentada nem pela Bíblia nem pelo Espírito de Profecia.[31] Ellen White não faz distinção entre a igreja, sua organização e instituições.[32] Após instituir Sua igreja, Jesus a investiu de autoridade eclesiástica (Mt 16:18, 19).

Ellen White escreveu: “Buscamos o Senhor em oração fervorosa para que pudéssemos compreender Sua vontade; e Seu Espírito nos iluminou, mostrando-nos que deveria haver ordem e perfeita disciplina na igreja, e que era essencial a organização.”[33] Ela também deixa claro que “não podemos agora entrar para qualquer organização nova; pois isto significaria apostatar da verdade.”[34] Ela afirma ainda que a igreja “não deve ser desorganizada ou esfacelada em átomos independentes”, e que isso nunca ocorrerá.[35]

Suposto papel profético

Segundo Ted Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista, “alguns grupos ou ministérios independentes, em diversas partes do mundo, parecem reclamar para si mesmos um papel profético ou corretivo que, às vezes, pode criar controvérsias que dividem congregações e a irmandade. Como igreja remanescente dos últimos dias, é muito importante olharmos a Cristo em busca de unidade em nossa comissão doutrinária, dada por Deus para Seu movimento profético, e voltada para a missão”.[36]

Um dos maiores equívocos dos movimentos dissidentes é a alegação de ter um papel profético, sem nenhum fundamento bíblico ou do Espírito de profecia. Tanto a Palavra de Deus (Ap 10:11; 12:17; 19:10) quanto os escritos de Ellen White deixam claro que Deus suscitou a Igreja Adventista do Sétimo Dia para uma missão especial nos últimos dias.[37]

Alguns adeptos e líderes dissidentes alegam haver recebido revelações divinas para justificar seu posicionamento. A ideia de ter uma função profética de correção da igreja oficial parece ser generalizada, enquanto o profetismo popular parece não ser aceito por todos os dissidentes. Entretanto, “a manifestação de pretensas revelações proféticas” em alguns círculos dissidentes já foi documentada.[38]

Os dissidentes exaltam seu papel profético decisivo para purificar a igreja, como se Deus os houvesse enviado para uma obra que somente o Espírito Santo pode fazer (Ez 37; Jo 16). Alguns dissidentes, para ser mais convincentes, mencionam que receberam algum sonho, visão, revelação, impressão ou ouviram vozes ou sons,[39] etc., que são a prova de sua mensagem. Nesse aspecto, é bom lembrar o que escreveu Alberto Timm:

“O mero recebimento de revelações proféticas, quer por sonhos ou por visões, não garante em si que o profeta seja verdadeiro. A Bíblia menciona que nos últimos dias surgiriam manifestações proféticas tanto verdadeiras (Jl 2:28-31) quanto falsas (Mt 24:24; cf. 1Jo 4:1). A expressão ‘falsos profetas’ (Mt 24:24) se refere, em sentido primário, a pessoas que recebem revelações sobrenaturais de origem satânica. Mas, em sentido secundário, ela pode ser aplicada também àqueles que distorcem a palavra profética registrada na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White. Com essa atitude, eles colocam suas ideias pessoais acima das revelações divinas, o que não deixa de ser uma forma secundária de profetismo, que acaba neutralizando a própria palavra profética. Toda pretensa revelação profética, para ser verdadeira, deve estar em plena conformidade com os ensinos bíblicos. (ver Is 8:20; Mt 4:4;7:15-23; Gl 1:8,9).”[40]

Conceito de um novo remanescente[41]

Os dissidentes também creem em um novo conceito de Remanescente. Para eles a Igreja Adventista do Sétimo Dia apostatou, perdendo o favor divino e já não constitui o remanescente fiel do tempo do fim (Ap 12:17). Afirmam que ela se tornou Babilônia ou parte dela, por haver adotado doutrinas antibíblicas.[42] Isso originou os ministérios independentes, grupos de estudos separados, comunidades na internet, institutos e até algumas denominações religiosas que rivalizam com a Igreja Adventista.[43]

“Em surgindo quaisquer pessoas que pretendem possuir grande luz e não obstante advogando a demolição daquilo que o Senhor por Seus agentes humanos tem estado a edificar, acham-se eles muito enganados, e não trabalham em cooperação com Cristo. Aqueles que afirmam que as igrejas adventistas do sétimo dia constituem Babilônia, ou qualquer parte de Babilônia, deveriam antes ficar em cassa. Que ele se detenham e considerem qual é a mensagem que deve ser pregada presentemente. Em vez de trabalhar com meios divinos para preparar um povo que subsista no dia do Senhor, eles se puseram ao lado daquele que é um acusador dos irmãos, que os acusa dia e noite perante Deus. Agentes satânicos têm vindo das profundezas, inspirando os homens a unir-se numa confederação do mal, para perturbar e hostilizar o povo de Deus, causando-lhe grande aflição.”[44]

O pastor Amim Rodor escreveu um artigo que esclarece melhor esse assunto. Quando Israel falhou, “Deus suscitou a igreja cristã. Quando esta se tornou corrompida em doutrinas e práticas, Ele levantou os reformadores para se separarem e formarem o corpo protestante. Então, estes também falharam em avançar na luz que lhes foi concedida, e o Senhor suscitou o movimento adventista com uma missão especial para o fim da História. […] até aqui os fiéis saíram do remanescente apostatado para constituírem um novo remanescente.”[45]

O ciclo de chamado, apostasia e novo chamado não continua aberto indefinidamente, porque, no cenário do fim, é necessário uma nova dinâmica, para evitar que ocorresse constantemente sem qualquer resolução final. Além disso, Deus previu e fez provisão para o fracasso dos movimentos anteriores.[46]

Contudo, não existe qualquer provisão profética para um novo remanescente em substituição ao movimento adventista. Isso é evidente no Apocalipse (capítulos 3 e 12). Sete igrejas, e não mais, simbolizam a trajetória da igreja através da Era Cristã. Laodiceia, a igreja morna, o povo do juízo, com todos os seus defeitos e fraquezas, fecha o círculo.[47]

Alberto Timm usa a expressão “sacudidura inversa” para explicar esse novo conceito de remanescente.[48]

“Os movimentos dissidentes alegam que os adventistas genuínos devem se retirar da igreja para estabelecer ministérios de maior santidade. Em contraste, Ellen White afirma que, na sacudidura final, os verdadeiros adventistas permanecerão na igreja, enquanto os apóstatas se retirarão. Por tanto, a sacudidura purificará a igreja, evitando que ela perca sua identidade e que seja substituída por outro movimento.”[48]

Espírito crítico e ações independentes

Os dissidentes também demonstram forte espírito crítico e uma agenda de atividades independente da igreja. Os fariseus tinham um traço predominante: seu espírito crítico. Eles se tornaram especialistas em criticar, julgar e condenar deliberadamente aqueles que discordavam de seus pontos de vista (Mt 9:34;12:1-8; 15:1-20; 23:1-36; Lc 6:7; 11:37-44; 12:1; 15:1, 2; 16:14; 18:9-14; Jo 1:24, 25; 9:34). Jonas Arrais argumenta que os fanáticos geralmente seguem uma sequência: tentar fazer com que todos na igreja concordem com seus pontos de vista; condenar os que se recusam a aceitar sua linha de pensamento e então criticar a igreja e todo o movimento adventista.[49]

Ellen White nos exorta a ter cuidado com o espírito de crítica: “Tem havido alguns temperamentos peculiares, que desenvolvem ideias próprias pelas quais julgam os irmãos. E se alguém não estava exatamente em harmonia com eles, havia imediatamente perturbação no acampamento. Alguns têm coado um mosquito, e engolido um camelo” (Mt 23:24).

“Vi que alguns estão definhando espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar se seus irmãos andam retamente – espreitando toda falta, para então os meter em dificuldades. E enquanto fazem isto, a mente não está em Deus, nem no Céu ou na verdade; mas simplesmente onde Satanás quer que esteja – nos outros. Seu coração é negligenciado; raramente essas pessoas veem ou sentem as próprias faltas, pois têm tido bastante que fazer em vigiar as faltas dos demais, sem sequer olhar para si mesmos, ou examinar o próprio coração. O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a atenção. Precisam falar a este e àquele, e isto basta para os ocupar por semanas. Vi que toda a religião de alguns pobres corações consiste em observar a roupa e os atos dos outros, e em os criticar. A menos que se reformem, não haverá no Céu lugar para elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor.”[50]

“Os críticos devem lembrar que as dificuldades entre pessoas devem ser tratadas na esfera individual (Mt 18:15-20), e, caso os membros tenham queixas contra a igreja, devem apresentá-las, no devido espírito, a quem de direito.”[51] Eles devem igualmente confiar que “Deus está à frente da obra, e Ele porá tudo em ordem. Se, na direção da obra, houver coisas que careçam de ajustamentos, Deus disso cuidará, e operará para corrigir todo erro.”[52] Denegrir pessoas e a igreja do Senhor, de forma pública, não é o caminho para ajudá-las.[53]

Infelizmente, os dissidentes realizam atividades, promovem eventos, desenvolvem projetos, publicam materiais, muitas vezes, sem a devida consulta, acompanhamento e/ou, quando necessário, autorização da igreja. Isso tem gerado vários problemas, tanto interna quanto externamente.

Um exemplo recente foi a publicação da polêmica Bíblia White,[54] que “não é produzida nem recomendada pela Igreja”, por vários motivos. Um deles é o uso de uma tradução (Almeida Antiga) com alteração de diversas passagens. Um exemplo é o texto de 1 João 5:18: “Enquanto versões bem aceitas, como a Almeida Revista e Atualizada, indicam que a pessoa nascida de Deus não vive pecando ou na prática do pecado, a chamada Bíblia White registra que a pessoa ‘não peca’, o que mostra uma tendência teológica perfeccionista contrária à mensagem do capítulo 1:8-10 da própria carta de João.”[55]

Segundo alguns dos organizadores do material, a única versão não adulterada das Escrituras é a chamada Bíblia White. Isso não representa o pensamento de Ellen G. White, nem da Igreja Adventista do Sétimo Dia em nível mundial. Por outro lado, há evidências quanto aos métodos equivocados utilizados por aqueles que produziram a obra e entenderam que tinham autorização e autoridade para modificar o sentido de diferentes trechos da Bíblia.[56]

A chamada Bíblia White demonstra essa falta de cuidado na anotação dos textos bíblicos a partir de citações de Ellen G. White. Os editores selecionaram citações dela sem levar em conta o contexto. Também não consideraram outros textos da autora que dão uma perspectiva mais completa do tema abordado. Títulos foram inseridos na publicação para direcionar a interpretação dos textos de acordo com a posição dos produtores do material. Isso expõe desnecessariamente a Igreja Adventista do Sétimo Dia, intensifica o espírito de crítica e produz divisão.[57]

A Igreja nunca foi procurada para dialogar sobre a produção de uma Bíblia com comentários de Ellen White. Além disso, a Casa Publicadora Brasileira “é a única autorizada pelos depositários legais dos escritos de Ellen G. White a traduzir seus escritos para a língua portuguesa no país. […] Portanto, terceiros não possuem autorização para realizar traduções”.[58]

Um desses movimentos, que tem revelado espírito crítico e de insubordinação à igreja como instituição, em um de seus encontros chegou a promover “uma cerimônia religiosa de casamento de simpatizantes não oficiada por um pastor o ordenado”.[59]

Embora a Igreja Adventista exerça sua missão geralmente por meio de uma estrutura organizada de igrejas, campos, instituições, ministérios e departamentos, recebe o auxílio de ministérios de apoio que realizam tarefas e proveem recursos de que a igreja não dispõe.[60] Entretanto, todos os grupos que desejam apoiá-la devem trabalhar em harmonia com as normas, a agenda e a liderança da denominação, para evitar o enfraquecimento da unidade do corpo de Cristo. Por essa razão, a Divisão Sul-Americana tomou um voto a respeito:

“Não recomendarmos as atividades de qualquer ministério, grupo ou pessoa que se sente na liberdade de (1) difamar a igreja de forma pública ou privada; ou (2) promover teorias doutrinárias em desacordo com as 28 Crenças Fundamentais da IASD, tais como o antitrinitarianismo e a negação da personalidade do Espírito Santo, o perfeccionismo e a teoria de que Cristo veio com uma natureza humana moral e espiritualmente caída, questionamentos ao dom profético de Ellen G. White, especulações escatológicas, desequilíbrio na área da saúde, etc.; ou (3) aceitar dízimos; ou (4) exercer suas atividades sem o apoio da liderança da respectiva organização responsável por aquele território (União de igrejas/Associação/Missão local). Diante dos prejuízos que podem ocasionar à unidade da igreja e ao cumprimento de sua missão, nenhuma pessoa ou ministério com alguma dessas características deve ser convidado a participar em atividades da igreja. Reconhecemos, porém, a importante contribuição de pessoas e grupos que investem seu tempo e recursos pessoais no desenvolvimento de planos e estratégias de apoio à igreja no cumprimento de sua missão. O espírito de colaboração e apoio dessas pessoas e grupos têm sido fundamentais à proclamação do ‘evangelho eterno’ a todo mundo (Apocalipse 14:6).”[61]

Conclusão

Além de discordar seriamente da teologia adventista do sétimo dia, desconfiar de sua organização, alegar exercer um papel profético (“endossado”, às vezes, por supostas revelações), os dissidentes brasileiros também se consideram um novo e mais puro remanescente, demonstrando um espírito crítico e tendo agenda independente da igreja. Essa estrutura conceitual parece revelar sua linha de pensamento e atuação.

Embora todos os membros tenham direitos iguais dentro da igreja, nenhum membro, individualmente ou em grupo, deve iniciar um movimento, formar uma organização ou buscar motivar adeptos a fim de alcançar qualquer objetivo, ou para o ensino de qualquer doutrina ou mensagem que não esteja em harmonia com os objetivos e ensinamentos religiosos fundamentais da igreja. Tal curso de coisas resultaria no desenvolvimento de um espírito de divisão, na fragmentação do bom testemunho da igreja, e, portanto, no impedimento do desempenho de suas obrigações para com o Senhor e com o mundo.[62]

(Ribamar Diniz é pastor, escritor e editor. Atualmente é mestrando em Teologia pelo SALT/FADBA, membro da Sociedade Criacionista Brasileira e pastor distrital na Missão Pará-Amapá; seus artigos podem ser lidos em http://bo.academia.edu/RibamarDiniz)

Referências:

  1. Ver George R. Knight, Em busca de identidade: o desenvolvimento das doutrinas Adventistas do Sétimo Dia. Trad. José Barbosa da Silva (Tatuí, SP: CPB, 2005).
  2. Raoul Dederen, Ed. Tratado de teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2011), 70-71.
  3. Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: CPB, 2016), 166.
  4. Ver Nisto cremos; Tratado de teologia adventista do sétimo dia, v. 9, Raoul Dederen, ed., (Tatuí, SP: CPB, 2015) e Questões sobre doutrina: o clássico mais polêmico do adventismo, George R. Knight, edição anotada, 1ª ed. (Tatuí, SP: CPB, 2008).
  5. Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 166.
  6. O site adventistas.com reúne as principais posições doutrinárias dos grupos dissidentes brasileiros, além de listá-los (acesso: 12 de agosto de 2019).
  7. A divindade, e a maravilhosa conexão entre o céu e a terra, chamada Espírito Santo (Contenda, PR: Ministério 4 Anjos, 2003, compilado e organizado por Jairo Pablo Alves de Carvalho. Ricardo Nicotra, Eu e o Pai somos um, 2ª ed. (São Paulo: Ministério Bíblico Cristão, 2004); Marcos Avellar, Manual Bíblico Unitariano (Natal, Rio Grande do Norte: Impressão Gráfica, 2019). A visão adventista sobre a Trindade e a resposta a tais alegações pode ser encontrada em Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve, A Trindade: Como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na história do cristianismo, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015); Milton L. Torres, Tentaram a Deus no seu coração: A controvérsia antitrinitariana (Belo Horizonte: GEANB, 2011). Alberto Timm escreveu resenhas críticas sobre os dois primeiros livros citados, na Revista Parousia, ano 5, nº 1 (1º semestre de 2006), 79-100 e Revista Parousia, ano 4, nº 2 (1º semestre de 2006).
  8. Ver Roberto Biagini, Apostila “100 perguntas às perguntas que não mais clamam”, http://www.iasdemfoco.net/2008/100_Respostas_Sobre_a_Trindade.pdf (acesso: 20 de agosto de 2019); Reinaldo W. Siqueira, Alberto R. Timm, orgs. Pneumatologia: Pessoa e obra do Espírito Santo, Artigos teológicos apresentados no IX Simpósio Bíblico-Teológico Sul-Americano, 1ª ed. (Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2017).
  9. Ver Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen White (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2000); Artur L. White, Ellen White: Mulher de visão (Tatuí, São Paulo: CPB, 2015); Denis Fortin e Jerry Moon, eds., Enciclopédia Ellen G. White (Tatuí, SP: CPB, 2018).
  10. Ver Rodrigo Follis, org. Santo ao Senhor: Princípios de adoração financeira, 3ª ed. (Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2017).
  11. Ver Ribamar Diniz, “Diferencias doctrinales entre los adventistas y los reformistas”, Revista Doxa, año 2, nº 1, Ribamar Diniz, ed. (2012), 87-107.
  12. Ver Hans K. LaRondelle, “Remanescente e mensagens dos três anjos”, em Tratado de teologia adventista do sétimo dia, 964-1002; “O Remanescente e sua missão”, em Nisto Cremos, 180-197; Ángel Manuel Rodríguez, org. Teologia do Remanescente: uma perspectiva eclesiológica adventista (Tatuí, SP: CPB, 2012).
  13. William H. Shea: Estudos selecionados em interpretação profética, 3ª ed. (Engenheiro Coelho, SP: UNASPRESS, 2016).
  14. Alberto R. Timm, Hermenêutica antitrinitariana moderna: análise metodológica, Revista Parousia, 1º semestre de 2006 (Engenheiro Coelho, São Paulo: UNASPRESS), 12.
  15. Ver Christian A. Zaldúa, “Batismo em nome da Trindade”, Revista Ministério, julho-agosto de 2007, 17-19.
  16. Muitos dissidentes assumem a posição que a oração só pode ser realizada ajoelhada. A resposta a tais alegação aparece em Félix Rios, Posição, Linguagem e Comportamento Próprios da Oração Pública”, disponível em http://www.centrowhite.org.br/pesquisa/artigos/posicao-linguagem-e-comportamento-proprios-da-oracao-publica/ (Acesso: 25 de agosto de 2019).
  17. Silva, Demóstenes Neves da Silva, Yehoshua: perguntas e respostas sobre o significado e a origem do nome de Jesus uma abordagem histórica e bíblica (Cachoeira, BA : CePLIB, 2008); Reinaldo H. Siqueira ¿Era su nombre Yehôshua?, Asuntos contemporãneos en la teología adventista, 2ª ed. Revisada y actualizada, Alberto R. Timm, compilador. 62-69.
  18. Ver Woodrow W. Whidden, Ellen White e a Humanidade de Cristo (Tatuí, São Paulo: CPB, 2004).
  19. A visão adventista sobre a escatologia adventista e a resposta a tais alegações aparece em Alberto R. Timm, Amim A. Rodor e Vanderlei Dorneles, orgs., O futuro: a visão adventista dos últimos acontecimentos. Artigos teológicos apresentados no V Simpósio Bíblico-Teológico Sul-Americano em Homensang a Hans K. LaRondelle (Engenheiro Coelho, São Paulo: Unaspress, 2004).
  20. A visão adventista sobre a perfeição cristã e a resposta a tais alegações aparece em Amim Rodor, ed., Revista Parousia, Ano 7, Nº 2. 2ª Semestre de 2008 (Engenheiro Coelho, São Paulo: UNASPRESS, 2008) e Amim Rodor, ed., Revista Parousia, Ano 7, Nº 1. 1ª Semestre de 2008 (Engenheiro Coelho, São Paulo: UNASPRESS, 2008).
  21. Essa teoria é apresentada no penúltimo capítulo de livro de M. L. Andreasen, O Ritual do santuário, 2ª ed. (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1948).
  22. Eduardo F. Lutz (físico), Ajuda a um Terraplanista. Disponível em http://michelson.bibliacs.com/terraplanista.pdf (Acesso: 12 de agosto de 2019).
  23. Essa é uma razão para disciplina de membros no Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 64.
  24. Alberto R. Timm, Hermenêutica antitrinitariana moderna: análise metodológica, Revista Parousia, 1º Semestre de 2006 (Engenheiro Coelho, São Paulo: UNASPRESS), 02.
  25. Ellen G. White, O outro poder: conselhos aos escritores e editores. Trad. Davidson Deana (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2010), 22.
  26. Alberto R. Timm, Revista Adventista (Brasil), maio de 2011, 15-16.
  27. Revista Adventista (Brasil), maio de 2011,15.
  28. José Barbosa, “Deixou a Igreja Adventista do Sétimo Dia de ser a igreja de Deus?” Revista Adventista (Brasil), dezembro de 2003, 9-11.
  29. Idem.
  30. Ellen G. White, Parábolas de Jesus, 15ª ed., Trad. S. Júlio Schwantes (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2013), 72-73.
  31. Veja por exemplo Manual da Igreja, 26-32 e Gerald Klingbeil, Martin G. Klingbeil, Miguel Ángel, eds. Pensar la iglesia hoy: hacia una eclesiología adventista. Estudos teológicos presentados durante el IV Simposio Bíblico-Teológico Sudamericana em honor a Raoul Dederen, 1ª ed. (Libertador San Martín (Entre Ríos): Editorial Universidad Adventista del Plata, 2002), 189-198.
  32. Igreja remanescente, 22-23.
  33. Idem, 22.
  34. Ibidem, 68.
  35. Ibidem, 60-61.
  36. Ted N.C. Wilson “Unidos em Cristo”, Revista Adventista (Brasil), maio de 2011, 15-16.
  37. White, Eventos finais, capítulo 4 “A igreja de Deus nos últimos dias”, 30-32.
  38. Timm, Hermenêutica antitrinitariana moderna, 11.
  39. Veja um exemplo recente em https://www.youtube.com/watch?v=YcZpSw4FNZg (Acesso: 16 de agosto de 2019).
  40. Timm, Hermenêutica antitrinitariana moderna, 11.
  41. Veja as referências da nota 17.
  42. “A IASD não é Babilônia, nem filha dela. É irmã!” (Acesso: 19 de agosto de 2019).
  43. Adventistas Históricos, Adventistas Históricos de Bagé, RS, Adventistas Históricos de Itaúna, MG, Adventistas Históricos no Facebook, Ao Deus Único, Convenção dos Cristãos Bereanos, ICBA – Igreja Cristã Bíblica Adventista, Igreja Adventista da Nova Aliança, Localizar Comunidades Adventistas Livres, Mensagem Atual — Tatuí, SP. Ministério 4 Anjos, Ministério Adventista Bereano, Religião Pura.
  44. Review and Herald, 29 de agosto e 5 de setembro de 1893. Reimpresso em Testemunhos para Ministros, 41-47.
  45. Amim Rodor, “Um novo remanescente?”, Revista Adventista, novembro de 2003, 8-10.
  46. Revista Adventista, novembro de 2003, 9.
  47. Idem.
  48. Timm, Hermenêutica antitrinitariana moderna, 13.
  49. Revista del Anciano, octubre-diciembre de 2011, 34.
  50. Jonas Arrais, Uma igreja positiva em um mundo negativo: como desenvolver e aperfeiçoar a liderança em cada experiência de sua igreja (Silver Spring, Maryland: publicado por Ministerial Association Resource Center General Conference of Seventh-day Adventsts, 2008), 91.
  51. Idem, 144-145.
  52. Manual da igreja, 63.
  53. Review and Herald, 20 de setembro de 1892.
  54. Ver Desejado de todas as nações, 441. Review and Herald, 5 de setembro de 1893.
  55. Davi Boechat, “A polêmica ‘Bíblia White’” https://michelsonborges.wordpress.com/2019/04/11/a-polemica-biblia-white/ (Acesso: 19 de agosto de 2019). Ver ainda Michelson Borges, “Quem pode eticamente publicar livros de Ellen White” https://michelsonborges.wordpress.com/2019/05/08/quem-pode-eticamente-publicar-livros-de-ellen-white/ (Acesso: 20 de agosto de 2019).
  56. “Esclarecimentos sobre a Bíblia White”, https://noticias.adventistas.org/pt/notas-oficiais/esclarecimentos-sobre-a-biblia-white/ (Acesso: 19 de agosto de 2019).
  57. Ibidem.
  58. Idem.
  59. Idem.
  60. UCB (União Central Brasileira) – VOTO DE DESAPROVAÇÃO AOS LÍDERES E SIMPATIZANTES DO CONGRESSO MV (Missionários Voluntários).
  61. Documento “A Igreja Adventista do Sétimo Dia e algumas organizações particulares”, Divisão Norte americana.
  62. Voto 2010-117: “Unidade de Doutrina e Missão”, http://www.centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-e-respostas-biblicas/misterios-independentes/ (Acesso: 19 de agosto de 2019).
  63. Manual da igreja, 61. A “adesão ou participação em movimento ou organização separatista ou desleal” é uma das razões para disciplina de membros. Manual da Igreja, 64.

“Mesmo sendo homem, eu te amo”

maisaA apresentadora Maisa Silva, de 17 anos, cuja projeção na mídia em grande medida ela deve a dois homens, Silvio Santos e Raul Gil, fez uma declaração pública romântica ao namorado, mas não perdeu a oportunidade de pregar suas ideias feministas. Ela escreveu: “Compreensivo, engraçado, carinhoso, não come carne, não é machista, demonstra o tempo todo que me ama, é meu melhor amigo, me apoia em tudo que eu faço, não é ciumento, entende minha profissão… Te amo por esses e mais outros 1000 motivos. Sei que tenho você, mesmo que de longe.” “Mesmo sendo homem, eu te amo”, completou.

A última frase de Maisa gerou controvérsia na internet. “Já pensou se [o namorado dela] escreve: ‘Mesmo sendo mulher, eu te amo’?”, questionou uma internauta. “A Maisa está ficando chatinha com esse excesso de ‘lacração’”, criticou outra. “Uma criança tão legal se tornou uma adolescente insuportável”, disse um rapaz. “Jovem feminista é um bicho que não se aguenta, não consegue falar uma coisa sem meter macho no meio”, escreveu ainda outro. Uma internauta chamada Lorena também se manifestou: “Mesmo sendo homem? Se não gosta de homens, deveria abrir mão de ter namorado, pai, parentes rs…”

Ninguém tem “culpa” de ser homem, assim como não se tem “culpa” por ter nascido mulher, negro, branco, alto ou baixo. Só que duvido que Maisa ou qualquer outra pessoa no Brasil de hoje teria coragem para escrever “mesmo sendo mulher, eu te amo”, ou: “mesmo sendo asiático, eu te amo”. Jamais! Mas, então, por que a misandria é permitida? Que culpa todos os homens têm pelo que alguns bandidos fazem? A mesma “culpa” que têm os judeus de hoje pela morte de Jesus ou os alemães contemporâneos pelo nazismo, ou seja, nenhuma!

Percebe que o pêndulo foi para o outro lado? No combate ao machismo, muita gente tem pregado um feminismo tóxico. Machismo e feminismo são os extremos de um mal semelhante. A mesma mão manipula os fantoches dos dois lados. A ideia é criar antipatia e até ódio de um sexo pelo outro, quando, biblicamente falando, homem e mulher foram criados para a complementaridade, para viver em união, ontologicamente possuidores de igual valor, criados (os dois) à imagem e semelhança de Deus.

Machismo e feminismo são ideologias antibíblicas e anticriacionistas. [MB]

Se quiser evitar blá-blá-blá, recomendo que avance o vídeo abaixo até 8’14”:

O ensino da teoria do design inteligente nas escolas públicas

escolaDireito Brasileiro, desde as normas internacionais subscritas pelo Brasil, até a Constituição da República e leis infraconstitucionais, é unânime no sentido de viabilizar o ensino irrestrito, sem preconceitos e livre de qualquer imposição. O Direito Educacional Brasileiro determina que todo cidadão tem direito à liberdade de, sem interferência, ter opiniões e procurar, receber e transmitir conhecimento mediante fontes abalizadas e independentemente de fronteiras. Há um aparente mal-entendido quando o assunto é o ensino da Teoria da Evolução das Espécies (TE) e a Teoria do Design Inteligente (TDI), pois cientistas e professores confundem TDI com Criacionismo e afirmam que a teoria não deve ser ensinada nas escolas por não ser ciência e, sim, ensino de cunho religioso. No entanto, o presente trabalho procura demonstrar que a TDI é, sim, um método científico-filosófico tal qual a TE, que utiliza a pesquisa científica para avaliar a complexidade na natureza, detectando empiricamente os resultados/efeitos de uma mente inteligente, de um designer, responsável pela origem de tudo. A pesquisa aponta para uma contradição entre as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular com seus conteúdos específicos para as disciplinas de Ciências e Biologia, nas quais se determina apenas o ensino da TE, em flagrante desrespeito à legislação educacional e aos próprios objetivos gerais do documento normativo. Com isso, a proposta de inserção do ensino da TDI, juntamente com as demais teorias que procuram explicar a origem do Universo e da vida, nos currículos escolares das disciplinas de Ciências e Biologia é medida que se impõe para o efetivo cumprimento dos princípios educacionais, a fim de garantir uma educação democrática, que respeite o pluralismo de ideias e o multiculturalismo, incentivando o raciocínio crítico, a formação de cidadãos autônomos, promovendo um ambiente de tolerância às diversas cosmovisões.

[Clique aqui para ler o TCC da advogada e historiadora Emanuela Borges]

Emanuela mantém no Facebook a página Papo Legal com Manu.

Um engano chamado “teologia gay”

teologia_gayO padrão de Deus para o exercício da sexualidade humana é o relacionamento entre um homem e uma mulher no ambiente do casamento. Nesta área, a Bíblia só deixa duas opções para os cristãos: casamento heterossexual e monogâmico ou uma vida celibatária. À luz das Escrituras, relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são vistas não como opção ou alternativa, mas sim como abominação, pecado e erro, sendo tratadas como prática contrária à natureza. Contudo, neste tempo em que vivemos, cresce na sociedade em geral, e em setores religiosos, uma valorização da homossexualidade como comportamento não apenas aceitável, mas supostamente compatível com a vida cristã. Diferentes abordagens teológicas têm sido propostas no sentido de se admitir que homossexuais masculinos e femininos possam ser aceitos como parte da Igreja e expressar livremente sua homoafetividade no ambiente cristão.

Existem muitas passagens na Bíblia que se referem ao relacionamento sexual padrão, normal, aceitável e ordenado por Deus, que é o casamento monogâmico heterossexual. Desde o Gênesis, passando pela lei e pela trajetória do povo hebreu, até os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, a tradição bíblica aponta no sentido de que Deus criou homem e mulher com papéis sexuais definidos e complementares do ponto de vista moral, psicológico e físico. Assim, é evidente que não é possível justificar o relacionamento homossexual a partir das Escrituras, e muito menos dar à Bíblia qualquer significado que minimize ou neutralize sua caracterização como ato pecaminoso. Em nenhum momento a Palavra de Deus justifica ou legitima um estilo homossexual de vida, como os defensores da chamada “teologia inclusiva” têm tentado fazer. Seus argumentos têm pouca ou nenhuma sustentação exegética, teológica ou hermenêutica.

A “teologia inclusiva” é uma abordagem segundo a qual, se Deus é amor, aprovaria todas as relações humanas, sejam quais forem, desde que haja esse sentimento. Essa linha de pensamento tem propiciado o surgimento de igrejas em que homossexuais, nessa condição, são admitidos como membros e a eles é ensinado que o comportamento gay não é fator impeditivo à vida cristã e à salvação. Assim, desde que haja amor genuíno entre dois homens ou duas mulheres, isso validaria seu comportamento, à luz das Escrituras. A falácia desse pensamento é que a mesma Bíblia que nos ensina que Deus é amor igualmente diz que Ele é santo e que Sua vontade quanto à sexualidade humana é que ela seja expressa dentro do casamento heterossexual, sendo proibidas as relações homossexuais.

Em segundo lugar, a “teologia inclusiva” defende que as condenações encontradas no Antigo Testamento, especialmente no livro de Levítico, se referem somente às relações sexuais praticadas em conexão com os cultos idolátricos e pagãos, como era o caso dos praticados pelas nações ao redor de Israel. Além disso, tais proibições se encontram ao lado de outras regras contra comer sangue ou carne de porco, que já seriam ultrapassadas e, portanto, sem validade para os cristãos. Defendem ainda que a prova de que as proibições das práticas homossexuais eram culturais e cerimoniais é que elas eram punidas com a morte – coisa que não se admite a partir da época do Novo Testamento.

É fato que as relações homossexuais aconteciam inclusive – mas não exclusivamente – nos cultos pagãos dos cananeus. Contudo, fica evidente que a condenação da prática homossexual transcende os limites culturais e cerimoniais, pois é repetida claramente no Novo Testamento. Ela faz parte da lei moral de Deus, válida em todas as épocas e para todas as culturas. […] Quando ao apedrejamento, basta dizer que outros pecados punidos com a morte no Antigo Testamento continuam sendo tratados como pecado no Novo, mesmo que a condenação capital para eles tenha sido abolida – como, por exemplo, o adultério e a desobediência contumaz aos pais.

Pecado e destruição

Os teólogos inclusivos gostam de dizer que Jesus Cristo nunca falou contra o homossexualismo. Em compensação, falou bastante contra a hipocrisia, o adultério, a incredulidade, a avareza e outros pecados tolerados pelos cristãos. Este é o terceiro ponto: sabe-se, todavia, que a razão pela qual Jesus não falou sobre homossexualidade é que ela não representava um problema na sociedade judaica de Sua época, que já tinha como padrão o comportamento heterossexual. Não podemos dizer que não havia judeus que eram homossexuais na época de Jesus, mas é seguro afirmar que não assumiam publicamente essa conduta. Portanto, o homossexualismo não era uma realidade social na Palestina na época de Jesus. Todavia, quando a Igreja entrou em contato com o mundo gentílico – sobretudo as culturas grega e romana, onde as práticas homossexuais eram toleradas, embora não totalmente aceitas –, os autores bíblicos, como Paulo, as incluíram nas listas de pecados contra Deus. Para os cristãos, Paulo e demais autores bíblicos escreveram debaixo da inspiração do Espírito Santo enviado por Jesus Cristo. Portanto, suas palavras são igualmente determinantes para a conduta da Igreja nos dias de hoje.

O quarto ponto equivocado da abordagem que tenta fazer do comportamento gay algo normal e aceitável no âmbito do Cristianismo é a suposição de que o pecado de Sodoma e Gomorra não foi o homossexualismo, mas a falta de hospitalidade para com os hóspedes de Ló. A base dos teólogos inclusivos para essa afirmação é que no original hebraico se diz que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (Gn 19:5) e não abusar sexualmente deles, como é traduzido em várias versões, como na Almeida Atualizada. Outras versões, como a Nova Versão Internacional e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje entendem que conhecer ali é conhecer sexualmente e dizem que os concidadãos de Ló queriam “ter relações” com os visitantes, enquanto a SBP é ainda mais clara: “Queremos dormir com eles.” Usando-se a regra de interpretação simples de analisar palavras em seus contextos, percebe-se que o termo hebraico usado para dizer que os homens de Sodoma queriam “conhecer” os hóspedes de Ló (yadah) é o mesmo termo que Ló usa para dizer que suas filhas, que ele oferecia como alternativa à tara daqueles homens, eram virgens: “Elas nunca conheceram (yadah) homem”, diz o versículo 8. Assim, fica evidente que “conhecer”, no contexto da passagem de Gênesis, significa ter relações sexuais. Foi essa a interpretação de Filo, autor judeu do século 1º, em sua obra sobre a vida de Abraão: segundo ele, “os homens de Sodoma se acostumaram gradativamente a ser tratados como mulheres”.

Ainda sobre o pecado cometido naquelas cidades bíblicas, que acabaria acarretando sua destruição, a “teologia inclusiva” defende que o profeta Ezequiel claramente diz que o erro daquela gente foi a soberba e a falta de amparo ao pobre e ao necessitado (Ez 16:49). Contudo, muito antes de Ezequiel, o “sodomita” era colocado ao lado da prostituta na lei de Moisés: o rendimento de ambos, fruto de sua imoralidade sexual, não deveria ser recebido como oferta a Deus, conforme Deuteronômio 23:18. Além do mais, quando lemos a declaração do profeta em contexto, percebemos que a soberba e a falta de caridade era apenas um entre os muitos pecados dos sodomitas. Ezequiel menciona as “abominações” dos sodomitas, as quais foram a causa final da sua destruição: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade teve ela e suas filhas; mas nunca amparou o pobre e o necessitado. Foram arrogantes e fizeram abominações diante de Mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali” (Ez 16:49, 50). Da mesma forma, Pedro, em sua segunda epístola, refere-se às práticas pecaminosas dos moradores de Sodoma e Gomorra tratando-as como “procedimento libertino”.

Um quinto argumento é que haveria alguns casos de amor homossexual na Bíblia, a começar pelo rei Davi, para quem o amor de seu amigo Jônatas era excepcional, “ultrapassando o das mulheres” (2Sm 1:26). Contudo, qualquer leitor da Bíblia sabe que o maior problema pessoal de Davi era a falta de domínio próprio quanto à sua atração por mulheres. Foi isso que o levou a casar com várias delas e, finalmente, a adulterar com Bate-Seba, a mulher de Urias. Seu amor por Jônatas era aquela amizade intensa que pode existir entre duas pessoas do mesmo sexo e sem qualquer conotação erótica. Alguns defensores da “teologia inclusiva” chegam a categorizar o relacionamento entre Jesus e João como homoafetivo, pois este, sendo o discípulo amado do Filho de Deus, numa ocasião reclinou a cabeça no peito do Mestre (Jo 13:25). Acontece que tal atitude, na cultura oriental, era uma demonstração de amizade varonil – contudo, acaba sendo interpretada como suposta evidência de um relacionamento homoafetivo. Quem pensa assim não consegue enxergar amizade pura e simples entre pessoas do mesmo sexo sem lhe atribuir uma conotação sexual.

Torpeza

Há uma sexta tentativa de reinterpretar passagens bíblicas com o objetivo de legitimar a homossexualidade. Os propagadores da “teologia gay” dizem que, no texto de Romanos 1:24-27, o apóstolo Paulo estaria apenas repetindo a proibição de Levítico à prática homossexual na forma da prostituição cultual, tanto de homens como de mulheres – proibição esta que não se aplicaria fora do contexto do culto idolátrico e pagão. Todavia, basta que se leia a passagem para ficar claro o que Paulo estava condenando. O apóstolo quis dizer exatamente o que o texto diz: que homens e mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza, e que se inflamaram mutuamente em sua sensualidade – homens com homens e mulheres com mulheres –, “cometendo torpeza” e “recebendo a merecida punição por seus erros”. E ao se referir ao lesbianismo como pecado, Paulo deixa claro que não está tratando apenas da pederastia, como alguns alegam, visto que a mesma só pode acontecer entre homens, mas a todas as relações homossexuais, quer entre homens ou mulheres.

É alegado também que, em 1 Coríntios 6:9, os citados efeminados e sodomitas não seriam homossexuais, mas pessoas de caráter moral fraco (malakoi, pessoa “macia” ou “suave”) e que praticam a imoralidade em geral (arsenokoites, palavra que teria sido inventada por Paulo). Todavia, se esse é o sentido, o que significam as referências a impuros e adúlteros, que aparecem na mesma lista? Por que o apóstolo repetiria esses conceitos? Na verdade, efeminado se refere ao que toma a posição passiva no ato homossexual – esse é o sentido que a palavra tem na literatura grega da época, em autores como Homero, Filo e Josefo – e sodomita é a referência ao homem que deseja ter coito com outro homem.

Há ainda uma sétima justificativa apresentada por aqueles que acham que a homossexualidade é compatível com a fé cristã. Segundo eles, muitas igrejas cristãs históricas, hoje, já aceitam a prática homossexual como normal – tanto que homossexuais praticantes, homens e mulheres, têm sido aceitos não somente como membros, mas também como pastores e pastoras. Essas igrejas, igualmente, defendem e aceitam a união civil e o casamento entre pessoa do mesmo sexo. É o caso, por exemplo, da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos – que nada tem a ver com a Igreja Presbiteriana do Brasil –, da Igreja Episcopal no Canadá e de igrejas em nações europeias como Suécia, Noruega e Dinamarca, entre outras confissões. Na maioria dos casos, a aceitação da homossexualidade provocou divisões nessas igrejas, e é preciso observar, também, que só aconteceu depois de um longo processo de rejeição da inspiração, infalibilidade e autoridade da Bíblia. Via de regra, essas denominações adotaram o método histórico-crítico – que, por definição, admite que as Sagradas Escrituras sejam condicionadas culturalmente e que refletem os erros e os preconceitos da época de seus autores. Dessa forma, a aceitação da prática homossexual foi apenas um passo lógico. Outros ainda virão. Todavia, cristãos que recebem a Bíblia como a infalível e inerrante [sic] [leia sobre isso aqui] Palavra de Deus não podem aceitar a prática homossexual, a não ser como uma daquelas relações sexuais consideradas como pecaminosas pelo Senhor, como o adultério, a prostituição e a fornicação.

Contudo, é um erro pensar que a Bíblia encara a prática homossexual como sendo o pecado mais grave de todos. Na verdade, existe um pecado para o qual não há perdão, mas com certeza não se trata da prática homossexual: é a blasfêmia contra o Espírito Santo, que consiste em atribuir a Satanás o poder pelo qual Jesus Cristo realizou Seus milagres e prodígios aqui neste mundo, mencionado em Marcos 3:22-30 [o pecado contra o Espírito Santo é o pecado do qual a pessoa não se arrepende e que, por isso, acaba levando-a à perdição]. Consequentemente, não está correto usar a Bíblia como base para tratar homossexuais como sendo os piores pecadores dentre todos, que estariam além da possibilidade de salvação e que, portanto, seriam merecedores de ódio e desprezo. É lamentável e triste que isso tenha acontecido no passado e esteja se repetindo no presente. A mensagem da Bíblia é esta: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”, conforme Romanos 3:23. Todos nós precisamos nos arrepender de nossos pecados e nos submeter a Jesus Cristo, o Salvador, pela fé, para receber o perdão e a vida eterna.

Lembremos ainda que os autores bíblicos sempre tratam da prática homossexual juntamente com outros pecados. O 20º capítulo de Levítico proíbe não somente as relações entre pessoas do mesmo sexo, como também o adultério, o incesto e a bestialidade. Os sodomitas e efeminados aparecem ao lado dos adúlteros, impuros, ladrões, avarentos e maldizentes, quando o apóstolo Paulo lista aqueles que não herdarão o Reino de Deus (1Co 6:9, 10). Porém, da mesma forma que havia nas igrejas cristãs adúlteros e prostitutas que haviam se arrependido e mudado de vida, mediante a fé em Jesus Cristo, havia também efeminados e sodomitas na lista daqueles que foram perdoados e transformados.

Compaixão

É fundamental, aqui, fazer uma distinção importante. O que a Bíblia condena é a prática homossexual, e não a tentação a essa prática. Não é pecado ser tentado ao homossexualismo, da mesma forma que não é pecado ser tentado ao adultério ou ao roubo, desde que se resista. As pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo devem se lembrar de que esse desejo é resultado da desordem moral que entrou na humanidade com a queda de Adão e que, em Cristo Jesus, o segundo Adão, podem receber graça e poder para resistir e vencer, sendo justificados diante de Deus.

Existem várias causas identificadas comumente para a atração por pessoas do mesmo sexo, como o abuso sexual sofrido na infância. Muitos gays provêm de famílias disfuncionais ou tiveram experiências negativas com pessoas do sexo oposto. Há aqueles, também, que agem deliberadamente por promiscuidade e têm desejo de chocar os outros. Outro fator a se levar em conta são as tendências genéticas à homossexualidade, cuja existência não está comprovada até agora e tem sido objeto de intensa polêmica. Todavia, do ponto de vista bíblico, o homossexualismo é resultado do abandono da glória de Deus, da idolatria e da incredulidade por parte da raça humana, conforme Romanos 1:18-32. Portanto, não é possível para quem crê na Bíblia justificar as práticas homossexuais sob a alegação de compulsão incontrolável e inevitável, muito embora os que sofrem com esse tipo de impulso devam ser objeto de compaixão e ajuda da Igreja cristã.

É preciso, também, repudiar toda manifestação de ódio contra homossexuais, da mesma forma com que o fazemos em relação a qualquer pessoa. Isso jamais nos deveria impedir, todavia, de declarar com sinceridade e respeito nossa convicção bíblica de que a prática homossexual é pecaminosa e que não podemos concordar com ela, nem com leis que a legitimam. Diante da existência de dispositivos legais que permitem que uma pessoa deixe ou transfira seus bens a quem ele queira, ainda em vida, não há necessidade de leis legitimando a união civil de pessoas de mesmo sexo – basta a simples manifestação de vontade, registrada em cartório civil, na forma de testamento ou acordo entre as partes envolvidas. O reconhecimento dos direitos da união homoafetiva valida a prática homossexual e abre a porta para o reconhecimento de um novo conceito de família. No Brasil, o reconhecimento da união civil de pessoas do mesmo sexo para fins de herança e outros benefícios aconteceu ao arrepio do que diz a Constituição: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento” (Art. 226, § 3º).

Cristãos que recebem a Bíblia como a palavra de Deus não podem ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que seria a validação daquilo que as Escrituras, claramente, tratam como pecado. O casamento está no âmbito da autoridade do Estado e os cristãos são orientados pela Palavra de Deus a se submeter às autoridades constituídas; contudo, a mesma Bíblia nos ensina que nossa consciência está submissa, em última instância, à lei de Deus e não às leis humanas – “Importa antes obedecer a Deus que os homens” (At 5:29). Se o Estado legitimar aquilo que Deus considera ilegítimo, e vier a obrigar os cristãos a irem contra a sua consciência, eles devem estar prontos a viver, de maneira respeitosa e pacífica em oposição sincera e honesta, qualquer que seja o preço a ser pago.

(Augustus Nicodemus Lopes; artigo publicado na revista Cristianismo Hoje e republicado no blog O Tempora, o Mores)

Líderes de extrema-direita reúnem-se secretamente em Fátima

fatimaUm hotel em Fátima é desde a quinta-feira passada palco de um encontro de líderes de extrema-direita de uma das alas mais reacionárias da Igreja Católica. Dois dos participantes são o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o chefe de gabinete de Donald Trump, Mick Mulvaney. As autoridades portuguesas destacaram um forte dispositivo de segurança, informou na edição deste sábado o semanário Sol. O encontro do International Catholic Legislators Network começou na quinta-feira no Hotel da Consolata, uma congregação de missionárias localizada a poucos metros do Santuário de Fátima, e [terminou ontem]. Os custos da operação de segurança com mais de duas centenas de militares da GNR estão a cargo do erário público português, ainda que o encontro seja de cariz privado, de completo sigilo ao ponto de os participantes e a agenda não serem anunciados. Os jornalistas não [foram] autorizados a assistir. Desconhecem-se as razões para Portugal ter sido o país escolhido.

A organização argumenta a favor do sigilo dizendo que os participantes precisam de toda a liberdade para expressar suas ideias. Esse tipo de encontros de elite a portas fechadas tornou-se cada vez mais comum, com muitos a se basearem nas regras e nos moldes do chamado Clube Bilderberg, fundado em 1954. […]

Os organizadores do encontro tiveram autorização dos responsáveis pela Basílica de Nossa Senhora do Rosário para lá celebrarem uma eucaristia na quinta-feira passada, por volta das 19h30. […]

Mick Mulvaney não é o único próximo de Trump a pertencer a essa organização. O antigo secretário de imprensa do presidente dos Estados Unidos Sean Spicer participou em agosto de 2017 num dos seus encontros em Roma, Itália, e chegou mesmo a encontrar-se com o papa Francisco no Vaticano.

Entre os convidados do encontro incluem-se ainda os patriarcas da Igreja Ortodoxa e da Igreja Católica na Síria, Ignatius Apherem II e Yousef III Younan, respectivamente. E, de acordo com o Público, o cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun, bispo emérito de Hong Kong e feroz opositor do regime comunista na China, também esteve presente, mostrando-o na sua conta do Twitter. Christoph Schönborn, fundador da organização e atual arcebispo de Viena, também esteve presente.

O site International Catholic Legislators Network, fundado em 2010, na Áustria, é direto em seus intentos: formar líderes políticos cristãos e estabelecer ligações entre si, afirmando-se como sendo “não partidário e totalmente independente”, e denunciando que os “cristãos são os que mais estão sob ameaça”, dando como exemplo as perseguições no Oriente Médio. […]

Há alguns meses, representantes do grupo encontraram-se com o papa Francisco, e ele os alertou para o risco de se combater o extremismo com extremismo. “O relativismo secular e o radicalismo religioso são, na verdade, radicalismo pseudo-religioso. Neste assunto, gostaria apenas de vos chamar a atenção para o perigo real que é combater o extremismo e a intolerância com mais extremismo e intolerância com as vossas ações e palavras”, disse o papa, citado pelo Rome Reporter.

O sumo pontífice tem-se confrontado com violentos ataques da ala mais conservadora da Igreja Católica, liderada pelo cardeal norte-americano e patrono da Ordem Militar de Malta Raymond Leo Burke, por assumir posições ditas liberais sobre os católicos divorciados e homossexuais. Há uma guerra secreta a decorrer no Vaticano, com uns a enfrentá-lo abertamente e outros a agirem com passividade, bloqueando seus esforços.

“Há uma guerra subterrânea na Igreja Católica. Nem são muitos os cardeais que se manifestam publicamente e praticamente todos dizem que apoiam o papa. Mas a maioria dos opositores atua silenciosamente. Às vezes, conseguem bloquear a agenda com oposição aberta, mas principalmente por meio da inércia e de manobras por baixo dos panos”, explicou o especialista na Igreja Católica e autor do livro A Solidão de Francisco Marco Politi em entrevista à Globo.

(Medium)

Nota: Muito interessante a notícia desse encontro secreto, e digna da atenção dos que estudam os desdobramentos proféticos relacionados com a volta de Jesus. Primeiro, pelo óbvio caráter ecumênico da reunião, envolvendo não apenas lideranças católicas, mas ortodoxas e até um representante da maior nação protestante do mundo (lembre-se de que o abismo entre protestantes e católicos não mais existe, conforme foi profetizado). Segundo, pelo lugar escolhido para o evento, carregado de simbologia mariana (Fátima foi palco das alegadas aparições de Nossa Senhora) e relacionado até mesmo com a história do islamismo (confira). Terceiro, pelos propósitos do grupo, como informa o site oficial: “…formar líderes políticos cristãos e estabelecer ligações entre si” (bem The Family…) Está ficando no passado o tempo do liberalismo teológico e político. O mundo e mesmo o vaticano caminham para a “direitização”, para o recrudescimento do tradicionalismo religioso e para uma nova união entre a igreja e o Estado, com cada vez maior ingerência da religião em assuntos políticos. O discurso é sedutor, de combate aos ataques promovidos em anos recentes contra os valores cristãos, de defesa da família e do meio ambiente, etc. Sim, o discurso é sedutor, agregador, vai envolver a maioria – e que sejam deixadas de lado as minorias que não se encaixarem nesse “admirável mundo novo”. Melhor ainda: em lugar de serem deixadas de lado, que essas minorias fundamentalistas, sectárias e extremistas sejam tiradas do caminho. Ainda tem dúvida de que se trata de um cenário previsto? Sugiro enfaticamente que você estude as profecias apocalípticas bíblicas e leia o best-seller do século 19 intitulado O Grande Conflito. [MB]