Carta ao Editor: uma ferramenta científica útil

O gênero Carta ao Editor é considerado uma publicação científica e tem sido foco de interesse na área do design inteligente. Cartas ao Editor representam a correspondência entre diversos autores e os leitores, através dos editores das revistas.[1] Portanto, uma Carta irá ser avaliada pelo Editor, que avaliará a pertinência de sua publicação. Dessa forma, elas oferecem a oportunidade de debater em um fórum aberto, e contribuem para a validação da pesquisa. Praticamente todas as grandes revistas científicas têm, na atualidade, uma seção de Cartas ao Editor, que possui basicamente duas funções: 1) servir de Opiniões e comentários sobre um artigo específico publicado nos últimos números da Revista; 2) servir de espaço para que autores possam apresentar resultados preliminares de suas próprias pesquisas ou sobre temas de relevância científica de interesse à comunidade tais como a descrição de riscos à saúde pública ou avanços em uma nova área da ciência.[1]

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Jesus veio como Adão antes ou depois do pecado?

A pergunta do título deste post vem ocupando o tempo e os esforços dos teólogos por muitos anos. Quando o assunto é a divindade e a encarnação do Filho de Deus, é preciso tirar as sandálias e estudar o assunto com muita humildade, guiados pelo Espírito Santo, do contrário, conceitos errôneos poderão afetar não apenas nossos conceitos, mas também nosso comportamento e nossa vivência da religião. Ideias têm consequências, e isso é tão verdade com respeito à natureza de Cristo quanto com quase qualquer outro assunto que tem que ver com fé e teologia. Nosso relacionamento com Jesus Cristo e nosso conceito do que seja pecado e como vencê-lo igualmente dependem muito do que sabemos e pensamos a respeito de quem é o Mestre: Até que ponto Ele é nosso exemplo? Até que ponto Ele é nosso redentor? Como essas duas coisas se inter-relacionam? Essas perguntas merecem resposta – mas sempre tendo em mente as limitações de seres finitos limitados pelo pecado tentando compreender temas infinitos relacionados com um Ser eterno e sem pecado.

Entre os muitos textos em que Ellen White aborda o assunto biblicamente, há este: “Como um de nós, cumpria-Lhe dar exemplo de obediência. Para isso, tomou sobre Si a nossa natureza e passou por nossas provas. ‘Convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos’ (Hb 2:17). Se tivésse­mos de sofrer qualquer coisa que Cristo não houvesse suportado, Satanás havia de apresentar o poder de Deus como nos sendo insuficiente. Portanto, Jesus ‘foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança’ (Hb 4:15). Sofreu toda prova­ção a que estamos sujeitos. E não exerceu em proveito próprio nenhum poder que não seja abundantemente concedido a nós. Como homem, enfrentou a ten­tação e venceu-a no poder que lhe foi dado por Deus.”

Note que nos dois textos bíblicos citados por ela é usada a palavra “semelhança”. Semelhança não é igualdade. O ser humano foi criado à semelhança de Deus. Jesus veio com uma natureza humana que nós não possuímos, ou seja, moralmente perfeita, assim como a de Adão antes da queda. Fisicamente, Ele veio em desvantagem, afetado (não contaminado) por quatro mil anos de decadência humana, portanto, com a natureza de Adão depois da queda. Como segundo Adão, Ele veio para vencer onde o primeiro Adão caiu, só que com a desvantagem de não estar em um jardim, como o primeiro homem estava. Durante toda a Sua vida, e especialmente no deserto, Jesus sofreu as grandes tentações a que estiveram sujeitos Adão e Eva: apetite, dúvida da Palavra de Deus, autoconfiança, obtenção de poder. Jesus precisava vencer onde Adão caiu, não onde nós caímos. Ou Ele sofreu a tentação de ir a uma boate? De assistir a um filme impróprio? Pornografia? Drogas? Portanto, Ele não foi tentado em tudo como nós do século 21. Na verdade, foi tentado muito mais do que qualquer ser humano de qualquer época. Foi tentado a usar Seu poder divino em benefício próprio, coisa que nunca saberemos o que significa. Nossa vantagem é que, onde abundou o pecado, superabundou a graça. Podemos ser vitoriosos por meio dEle e aceitos nEle, mesmo com nossa obediência imperfeita, apenas semelhante à dEle (até porque mesmo nossas orações sobem ao Céu maculadas pela nossa natureza pecaminosa, conforme é explicado neste texto).

Seria possível ter um caráter “perfeito” (semelhante ao de Jesus), a despeito de possuirmos uma natureza pecaminosa até o dia da glorificação, na volta de Jesus? Uma coisa tem que estar necessariamente ligada à outra. Perfeição bíblica está intimamente relacionada com amor desinteressado, pureza, bondade, mansidão, enfim, vida cristã madura. E isso podemos alcançar por meio da íntima comunhão com Cristo, que é quem crucifica nossa natureza pecaminosa a fim de que ela não tenha precedência sobre a natureza “espiritual” que nos é implantada na conversão. É muito importante ler e compreender a mensagem do livrinho Santificação, de Ellen White. Nele ela diz que, assim como os saudáveis não se dão conta de sua saúde, os santificados não se dão conta de sua santidade. Muito pelo contrário, até: quanto mais próximos de Cristo, mais sentem sua pecaminosidade e carência da graça.

Para o estudioso da Bíblia Frank Mangabeira, quando o assunto é a natureza da humanidade de Cristo, “lidamos com um tremendo mistério (1Tm 3:16), que não pode ser abrangido totalmente pelos nossos termos técnicos teológicos. Nesse assunto, pisamos em solo sagrado e precisamos retirar as sandálias. Penso que, oficialmente, a Igreja Adventista tem avançado numa compreensão cada vez mais bíblica sobre a humanidade de Jesus. Esse assunto é muito importante, pois uma nublada compreensão dele pelos assim chamados pré e pós-lapsarianos compromete a compreensão do caráter de Deus e do plano da salvação. Por isso, precisamos estudar com oração esse tema, pedindo a ajuda do Espírito Santo, pois só Ele é capaz de desvendar perante nós as coisas celestiais. Só sei de uma coisa: tudo na natureza de Cristo, contemplada por mim, me levará a um senso de adoração e de ‘perfeição’ cristã sempre crescente, tendo em Sua perfeita justiça a base da minha santificação”.

Michelson Borges

Nota: Esse é um assunto realmente muito importante, apaixonante e que merece toda a nossa atenção. Sugiro dois livros para que você se aprofunde no tema: Ellen White e a Humanidade de Cristo, de Woodrow Whidden, e O Incomparável Jesus Cristo, de Amin Rodor. O vídeo abaixo é a primeira de quatro partes do estudo apresentado pelo Dr. Amin.

Ellen White, a Bíblia e a ciência

science_bibleComparando o Salmo 19 com Romanos 1, aprendemos que a natureza revela a glória de Deus e que a cada dia podemos obter novos ensinamentos dela. Além disso, a natureza revela atributos de Deus, não apenas sua existência. A Bíblia tem pequenas falhas: erros de cópia e talvez de escrita no original (é possível trocar uma letra aqui ou ali). Equívocos em traduções, porque foram muitas ao longo da história. Mas a mensagem básica está correta; os princípios permanecem intocados. O mesmo ocorre com a natureza. O pecado tocou em circunstâncias, mas não em princípios, em leis, pois essas coisas são diretamente controladas pelo próprio Deus. Acompanhe esta série de textos de Ellen White que esclarecem pontos mais específicos:

“Hoje os homens declaram que os ensinos de Cristo concernentes a Deus não podem ser provados pelas coisas do mundo natural, que a natureza não está em harmonia com as escrituras do Antigo e Novo Testamentos. Não existe essa suposta falta de harmonia entre a natureza e a ciência. A Palavra do Deus do Céu não está em harmonia com a ciência humana, mas em perfeito acordo com Sua própria ciência criada” (Olhando para o Alto [MM 1983], 21 de setembro).

“Aos olhos dos homens, a vã filosofia e a falsamente chamada ciência são de mais valor do que a Palavra de Deus. Prevalece em grande medida a ideia de que o Mediador divino não é necessário à salvação dos homens. Teorias várias, avançadas pelos chamados sábios segundo o mundo, destinadas ao enobrecimento do homem, são acolhidas e acreditadas mais do que a verdade divina, ensinada por Cristo e Seus apóstolos” (Review and Herald, 8 de novembro de 1892).

Note que entre os ensinos errados está o de que os ensinos de Cristo não podem ser provados pelas coisas do mundo natural.

“O Céu é uma escola; o campo de seus estudos, o Universo; seu professor, o Ser infinito. Uma ramificação dessa escola foi estabelecida no Éden; e, cumprindo o plano da redenção, reassumir-se-á a educação na escola edênica” (Educação, p. 301).

Isso é para o futuro. Também há referências a coisas semelhantes antes do pecado. Mas e na era do pecado, como ficam as coisas? Veremos.

Primeiro um conselho geral: “Seremos julgados de acordo com o que nos cumpria fazer, mas que não executamos por não usar nossas capacidades para glorificar a Deus. Mesmo que não percamos a salvação, reconheceremos na eternidade a consequência de não empregarmos nossos talentos. Haverá eterna perda por todo conhecimento e capacidade não alcançados, que poderíamos ter ganho” (Mensagens aos Jovens, p. 309).

Mas temos limitações sérias. O que fazer quanto a isso?

“Mas se nos entregarmos completamente a Deus, e seguirmos Sua direção em nosso trabalho, Ele mesmo Se responsabilizará pelo cumprimento. Não quer que nos entreguemos a conjecturas sobre o êxito de nossos esforços honestos. Nem uma vez devemos pensar em fracasso. Devemos cooperar com Aquele que não conhece fracasso.

Não devemos falar de nossa fraqueza e inaptidão. Com isso manifestamos desconfiança para com Deus, e negamos Sua Palavra” (Mensagens aos Jovens, p. 309).

Ok. Mas essas coisas são um tanto gerais. E sobre a ciência propriamente?

“Aquele que conhece a Deus e a Sua Palavra por experiência pessoal […]

sabe que, na verdadeira ciência, nada pode haver que esteja em contradição com o ensino da Palavra; uma vez que procedem ambas do mesmo Autor, a verdadeira compreensão delas demonstrará sua harmonia. A esse estudante a pesquisa científica abrirá vastos campos de pensamentos e informações. Ao ele contemplar as coisas da natureza, advém-lhe uma nova percepção da verdade. O livro da natureza e a Palavra escrita derramam luz um sobre o outro. Ambos o fazem relacionar-se melhor com Deus, ensinando-lhe o que concerne ao Seu caráter e às leis por meio das quais Ele opera” (A Ciência do Bom Viver, p. 462).

“Deus é o autor da ciência. As pesquisas científicas abrem ao espírito vasto campo de ideias e informações, habilitando-nos a ver Deus em Suas obras criadas. A ignorância pode tentar apoiar o ceticismo, apelando para a ciência; em vez de o sustentar, porém, a verdadeira ciência contribui com novas provas da sabedoria e do poder de Deus. Devidamente compreendidas, a ciência e a Palavra escrita concordam entre si, lançando luz uma sobre a outra. Juntas, conduzem-nos para Deus, ensinando-nos algo das sábias e benéficas leis por que Ele opera” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 426).

Então, a Bíblia e a verdadeira ciência lançam luz uma sobre a outra. Há uma missão para nós envolvendo a ciência:

“Há poder no conhecimento de ciências de toda a espécie, e é desígnio de Deus que a ciência avançada seja ensinada em nossas escolas como preparação para a obra que há de preceder as cenas finais da história terrestre. A verdade deve ir aos mais remotos confins da Terra mediante pessoas preparadas para a obra. Mas, embora haja poder no conhecimento da ciência, o conhecimento que Jesus veio transmitir pessoalmente ao mundo era o conhecimento do evangelho. A luz da verdade devia lançar seus brilhantes raios nas partes mais longínquas da Terra, e a aceitação ou a rejeição da mensagem de Deus envolvia o destino eterno das pessoas” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 186).

Não podemos perder de vista que a prioridade é a salvação revelada por Cristo, mas isso não nos libera do dever de estudar e usar a verdadeira ciência:

“Depois da Bíblia, a natureza deve ser o nosso maior livro de texto” (Conselhos Sobre Educação, p. 171).

“Ao mesmo tempo em que a Bíblia deve ter o primeiro lugar na educação das crianças e jovens, o livro da natureza ocupa o lugar imediato em importância. As obras criadas de Deus testificam de Seu amor e poder. Ele trouxe à existência o mundo, juntamente com tudo que nele se contém” (Exaltai-O Como o Criador [MM 1992] 22 de fevereiro).

“Os jovens que desejam entrar no campo como pastores ou colportores devem primeiro obter um razoável grau de preparo mental, bem como ser especialmente exercitados para sua carreira. Os que não foram educados, exercitados e polidos não se acham preparados para entrar num campo onde as poderosas influências do talento e da educação combatem as verdades da Palavra de Deus. Tampouco podem eles enfrentar com êxito as estranhas formas de erros religiosos e filosóficos combinados, cuja exposição requer conhecimento de verdades científicas, como também bíblicas” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 514).

O que podemos aprender sobre leis espirituais ao estudar a natureza? Há algumas referências a isso. Eis uma delas:

“O mesmo poder que mantém a natureza opera também no ser humano. As mesmas grandes leis que guiam tanto a estrela quanto o átomo dirigem a vida humana. As leis que presidem à ação do coração, regulando o fluxo da corrente da vida no corpo são as leis da Inteligência todo-poderosa, as quais presidem às funções da alma. DEle procede toda a vida. Unicamente em harmonia com Ele poderá ser achada a verdadeira esfera daquelas funções. Para todas as coisas de Sua criação, a condição é a mesma: uma vida que se mantém pela recepção da vida de Deus, uma vida exercida de acordo com a vontade do Criador” (Educação, p. 99).

“Transgredir Sua lei, física, mental ou moral corresponde a colocar-se o transgressor fora da harmonia do Universo, ou introduzir discórdia, anarquia e ruína. Para aquele que assim aprende a interpretar seus ensinos, toda a natureza se ilumina; o mundo é um compêndio, e a vida uma escola. A unidade do ser humano com a natureza e com Deus, o domínio universal da lei, os resultados da transgressão, não podem deixar de impressionar o espírito e moldar o caráter” (ibidem, p. 99, 100).

“Aquele que permanece em pecaminosa ignorância das leis da vida e da saúde, ou que voluntariamente viola essas leis, peca contra Deus” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 295).

“Deus não Se agrada com a ignorância quanto a Suas leis, sejam elas naturais, sejam espirituais” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 467).

Vimos, por exemplo, que há estranhas formas de erros religiosos e filosóficos combinados (não devemos nos contaminar com essas coisas), cuja solução são conhecimentos científicos e bíblicos (precisamos estudar isso). E é muito fácil confundir a verdadeira ciência (na qual deveríamos nos aprofundar) com a falsa (da qual deveríamos fugir). A verdadeira ciência e a Bíblia definitivamente estão entre as coisas que não apenas podemos, mas devemos estudar. Entre as coisas que devemos evitar aparecem nos textos acima a vã filosofia e a falsamente chamada ciência, também chamada de ciência humana.

A Bíblia e a Ciência lançam luz uma sobre a outra justamente por serem complementares. A Bíblia fala mais de motivos, planos e princípios, e a Ciência fornece ferramentas para o estudo da Bíblia e da natureza, esclarecendo mecanismos. As ferramentas da Ciência têm revelado na natureza uma profusão de informações que não estão na Bíblia nem deveriam estar. Isso não acrescenta doutrina nova sobre o evangelho (não vão além da Bíblia nesse aspecto), mas são informações importantes sobre as quais a Bíblia se cala, exceto por nos mandar estudá-las.

(Compilação e comentários por Eduardo Lütz)

Veneração de relíquias fará parte das comemorações em Fátima

reliquiaUm fragmento de osso de uma costela de Francisco Marto e uma mecha de cabelo da sua irmã, Jacinta. São essas as relíquias que estão preservadas na Casa das Candeias, em Fátima, e que serão colocadas à veneração a partir do momento em que os dois pastorzinhos forem canonizados em maio pelo papa Francisco. As relíquias estão conservadas em dois relicários em forma de candeias, numa referência à expressão “candeias que Deus acendeu”, usada por João Paulo II no dia de beatificação, em 2000. Segundo explica a irmã Ângela Coelho, postuladora da causa de canonização dos pastorzinhos, ao Observador, trata-se de relíquias de primeiro grau, uma vez que são partes do próprio corpo dos santos. As relíquias dos santos, objeto de veneração muito comum na Igreja Católica, podem ser de três graus: primeiro, caso sejam partes do corpo do santo; segundo, se forem objetos pessoais usados pelo santo; e terceiro, no caso de serem objetos que foram tocados pelo santo.

Os relicários contendo o fragmento de osso de Francisco e a mecha de cabelo de Jacinta serão apresentados ao papa Francisco – possivelmente até pela família da criança brasileira curada milagrosamente – no momento em que for lida a oração de canonização no recinto do Santuário de Fátima.

O papa Francisco confirmou que os pastorzinhos vão ser canonizados no dia 13 de maio, no Santuário de Fátima. Era a decisão que faltava após a aprovação do milagre da cura de uma criança brasileira, em março.

(Observador)

Nota: É interessante notar que Jesus fez questão de não deixar qualquer resquício físico de Sua pessoa, justamente para evitar que algum objeto relacionado a Ele fosse idolatrado, desviando o foco do que realmente importa: a adoração a Deus em espírito e em verdade, e o estudo reverente da Bíblia Sagrada. E é justamente a Bíblia que ordena não adorar ídolos nem idolatrar objetos. A veneração das relíquias dos pastorzinhos relacionados com a aparição de Maria há cem anos contribuirá para que todas as atenções estejam voltadas para Fátima, no mês que vem. Leia o post indicado abaixo e assista ao vídeo para entender as possíveis implicações disso. [MB]

Leia também: “A Virgem de Fátima, a Europa e os muçulmanos”

O argumento ontológico (parte 1)

proslogionVamos a mais um argumento estudado na filosofia da religião a fim de dar evidências da existência de Deus. Só relembrando algo que escrevi no post sobre o argumento cosmológico: você terá muita dificuldade em encontrar um filósofo da religião (monoteísta) que creia que um argumento sozinho sirva como evidência suficiente. Existem, de forma bem generalizada, dois grandes grupos: aqueles que acreditam que nenhuma evidência funcione (esses não são apenas ateus; muitos teístas apoiam essa ideia) e aqueles que acreditam que apenas todos os argumentos juntos conseguem formar uma defesa cumulativa para a existência justificada em Deus.

Os argumentos ontológicos são fascinantes, pois são argumentos que dizem ter premissas elaboradas da razão apenas, sem ajuda de qualquer informação do mundo “lá fora”. Diferente, por exemplo, do argumento cosmológico, que observa que tudo o que existe tem um início, o ontológico não precisa de “fatos do mundo” para funcionar. Isso se conhece na filosofia como premissas a priori, ou seja, que vêm antes do nosso contato com o mundo (a posteriori).

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Como prevenir o suicídio entre os jovens

Recentemente, a plataforma de vídeos Netflix estreou uma série de produção própria intitulada “13 Reasons Why” (Treze Porquês, em tradução livre), na qual um dos protagonistas, uma adolescente norte-americana, comete suicídio e deixa treze fitas cassetes gravadas, explicando, contando e fazendo referências aos motivos e às pessoas que a levaram a tirar a própria vida. Sem contar o final ou dar spoilers, a série causou grande discussão mundial nas mídias e nas redes sociais: Como falar sobre suicídio de jovens? Em “13 Reasons Why”, o bullying, o machismo, a violência, o assédio sexual e a falta de diálogo com os pais são alguns dos temas trabalhados e todos sabemos que o suicídio é ainda considerado um tabu pela maioria da sociedade; inclusive, há quem diga que os grandes veículos de comunicação não publicam mais casos de suicídio para evitar uma exposição maior do tema, como se ao abordá-lo aumentassem as chances de alguém tirar a própria vida, e é disso que algumas pessoas reclamam da abordagem da série, como se ela pudesse atuar como um gatilho.

Nesse sentido, assistindo à série (em menos de uma semana), lendo críticas de psicólogos, cineastas e críticos de TV, positivas e negativas, e pesquisando sobre bullying e suicídio juvenil, já que sou professora e, assim, atuo em sala de aula, pensei ser pertinente abordar neste espaço a questão do suicídio entre os jovens no Brasil e como preveni-lo, não só pensando em um tema possível para a prova de redação do Enem 2017, mas, mais do que isso, falando sobre o assunto e tentando desconstruir o tabu ao seu redor.

Em todo o mundo, o suicídio mata mais jovens do que o vírus HIV e, em nosso país, os índices de casos entre jovens estão crescendo de maneira constante ao longo dos anos. De 2002 a 2012, houve um aumento de 15,3% de jovens brasileiros que tiraram a própria vida; em todas as faixas etárias, homens se matam mais do que mulheres.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e o bullying são dois dos principais motivos que levam um jovem a cometer suicídio, justamente o contexto que “13 Reasons Why” mostra ao público. Experiências de vida consideradas humilhantes, falta de perspectivas para o futuro, insegurança com o próprio corpo e com a sexualidade podem levar um adolescente à depressão e a começar a ter pensamentos suicidas.

Um outro fato também apontado pela OMS é o modo de ver as coisas e de levar a vida do adolescente: nessa fase, tudo é muito intenso e a impulsividade parece tomar conta do dia a dia dos jovens de todo o mundo. O que pode ser tido como apenas uma fase difícil pode ser uma depressão muito séria que deve ser tratada com acompanhamento psiquiátrico e psicológico juntamente com o apoio da família, dos amigos e da escola.

bullying e o cyberbullying (bullying virtual) estão, infelizmente, cada vez mais frequentes nas escolas brasileiras e nas redes sociais, levando jovens a praticarem atos contínuos de violência verbal e física que atingem outros jovens, os alvos, por serem diferentes em algum aspecto, eventos que podem ser assistidos por todos os demais estudantes que, em contrapartida, nada fazem. Jogos como Baleia Azul estão tomando conta da internet, levando jovens a se matarem a fim de finalizar o jogo.

Nesse sentido, podemos notar que todos nós devemos ser responsáveis em poder e em dever ajudar e orientar alguém que está pensando em suicídio e, especialmente no caso dos adolescentes, as escolas devem estar muito atentas ao bullying, ao cyberbullying e ao que se passa com seus alunos, mantendo uma relação de parceria com a família dos estudantes que, por sua vez, também devem estar sempre em contato com a escola de seus filhos.

Os adolescentes devem ser orientados no sentido de entenderem que podem enfrentar e vencer os problemas da vida e todos devem ser alertados dos sinais para ajudar os amigos. A OMS lançou, em 2016, um guia de prevenção ao suicídio online que pode ser acessado e lido por todos. Já o Centro de Valorização da Vida (CVV) criou a campanha Setembro Amarelo: um mês especial de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.

(Camila Dalla Pozza Pereira, Informe Enem)

Leia mais sobre suicídio aqui.

Interior de São Paulo já foi coberto pelo mar

mar iratiUm levantamento realizado por pesquisadores de sete universidades brasileiras e portuguesas apontou que há 260 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista] o interior de São Paulo era coberto por água. O chamado “mar de Irati” tinha um milhão de quilômetros quadrados e acabou secando após uma série de mudanças geológicas. Entretanto, fósseis de animais marinhos e vestígios de algas ainda podem ser encontrados em algumas regiões, como no município de Santa Rosa de Viterbo (SP), a 300 quilômetros da capital paulista, onde ficava uma das praias de águas limpas, claras, rasas e quentes, como descreve o estudo. As primeiras descobertas ocorreram na década de 1970, durante os trabalhos de escavação em uma mina de calcário que, mais tarde, se tornou um sítio arqueológico. Agora, as informações foram reunidas em um inventário geológico, publicado na revista científica GeoHeritage. O documento é assinado por geocientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Florestal e Instituto Geológico de São Paulo.

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“13 Reasons Why”: a série que destaca o suicídio

13-Reasons-Why“13 Reasons Why” (Os 13 porquês) é uma série americana disponível aos assinantes do serviço de streaming Netflix. A série gira em torno de uma estudante que comete suicídio após uma série de agressões sofridas dos colegas no ambiente escolar. Antes de tirar a própria vida, ela grava fitas cassete explicando para treze pessoas como elas desempenharam um papel na morte dela: os treze motivos.

Profissionais da área de Psicologia têm alertado que a série, embora tenha valores contra o bullying, não toma os cuidados adequados para tratar do tema. Existiria, na lógica da trama, uma ideia romântica do suicídio como alternativa e vingança contra opressões individuais. Também foram criticadas a presença de cenas de estupro e a encenação detalhada do suicídio da protagonista.

Segundo informações do Centro de Valorização da Vida, que fornece apoio emocional e prevenção ao suicídio, os contatos por e-mail multiplicaram-se desde a estreia da série no dia 31 de março. (Rede Salesiana Brasil de Educação)

Duas recomendações importantes:

  1. A série tem classificação indicativa de 18 anos. Caso seu filho esteja assistindo, é essencial que você o acompanhe e converse com ele, e aprofunde as questões abordadas. Quais são as generalizações da série? Qual alternativa a protagonista poderia ter escolhido? Como ajudar um colega que sofre agressões na escola?
  1. É preciso ressaltar, sempre, que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, e que a depressão é uma doença passível de tratamento e cura. Com a certeza de que o amor a Deus é o melhor caminho para cuidarmos da saúde física, espiritual e mental da nossa juventude, pedimos as Suas bênçãos sobre todas as nossas famílias.

Nota: Como se não bastasse o tal jogo da Baleia Azul, essa série também vem dar sua parcela de contribuição para promover não a discussão sobre o suicídio, mas o suicídio em si. Especialistas pedem que não sejam divulgadas as formas de suicídio nem detalhes de como morreram os suicidas. Deve-se trazer à luz essa questão preocupante e buscar soluções para ela. Mas não simplesmente fazer barulho por aí a respeito dos casos trágicos. [MB]

Leia também: “Jogo da Baleia Azul (para os pais)” e “Jogo da Baleia Azul é sintoma de uma era”

Rússia proíbe atividades das testemunhas de Jeová e confisca suas propriedades

Suprema Corte da Rússia proibiu nesta quinta-feira (20) a atuação da organização Testemunhas de Jeová, de acordo com a agência France Presse. O ministério da Justiça russo havia apresentado uma ação no Supremo Tribunal considerando as Testemunhas de Jeová “uma ameaça para os direitos das pessoas, da ordem pública e da segurança pública”. O juiz Yury Ivanenko afirmou na sentença que a organização “deverá entregar à Federação russa suas propriedades”. Um líder russo das Testemunhas de Jeová, Iaroslav Sivoulski, declarou estar “chocado” com a decisão dos juízes e anunciou que a organização religiosa vai apelar. “Não pensava que algo assim poderia acontecer na Rússia moderna, onde a Constituição garante a liberdade de religião”, disse ele. Em março, o Ministério da Justiça já tinha suspendido as atividades do grupo, acusado de armazenar e difundir literatura religiosa de caráter extremista. Na ocasião, o Centro de Direção das Testemunhas de Jeová na Rússia, que dirige todas as filiais regionais e locais da comunidade religiosa, foi incluído na lista de organizações não governamentais e religiosas que foram suspensas por extremismo.

O porta-voz das Testemunhas de Jeová na Rússia, Ivan Belenko, denunciou na época à agência Efe que a decisão das autoridades russas privaria do direito à liberdade ao culto os 175 mil seguidores que dessa comunidade no país. “Todas as decisões judiciais contra nós se baseiam em uma única acusação: que alguns de nossos livros e discursos estão na lista de literatura extremista que existe neste país”, explicou Belenko.

Belenko afirmou que as decisões de incluir algumas publicações na lista negra “foram tomadas com base em opiniões de falsos especialistas e sentenças judiciais ditadas às costas dos crentes”, ainda segundo a Efe.

O grupo religioso possui 395 centros em todo o país e já travou várias disputas com as autoridades russas nos últimos anos. Em janeiro, o líder da organização na cidade de Dzerzhinsk foi multado por distribuir material considerado extremista pelas autoridades. O governo russo dissolveu em 2004 um ramo da organização, uma decisão que a Corte Europeia de Direitos Humanos considerou em 2010 em violação aos direitos da religião e associação.

(G1 Notícias)

Nota: A liberdade religiosa está seriamente ameaçada na Rússia (e nos países que lhe seguirem o exemplo). Embora possuam crenças e práticas um tanto extravagantes, as testemunhas de Jeová não representam perigo para ninguém. Quem não quiser concordar com elas é só não fazer isso. Quem não quiser ler seus livros e suas revistas é só não ler. E quem não quiser conversar com elas quando lhe batem à porta também tem essa liberdade. Testemunhas de Jeová não se explodem por aí nem organizam atentados terroristas. Testemunhas de Jeová não são pessoas violentas que ameacem a segurança de um país. São cidadãos ordeiros e pacíficos, e merecem estar amparados pelo direito de liberdade religiosa, tanto quanto os cristãos ortodoxos russos e membros de outras igrejas. Se os métodos e a literatura das testemunhas são considerados ofensivos e ameaçadores, essa decisão da Suprema Corte russa abre um precedente que acabará por incluir outras religiões no “pacote”. Assista ao vídeo abaixo para entender o que estou falando. [MB]

Filósofo ateu diz que Lúcifer foi o primeiro empreendedor

O filósofo Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tem quase um milhão de seguidores e ganhou fama por abordar de forma clara temas complexos da filosofia. Entre seus livros está o Pecar e Perdoar, publicado em 2014 e que acaba de ser relançado, no qual ele propõe uma reflexão sobre o julgamento tendo como fio condutor a Bíblia. Em entrevista ao jornal O Globo, Karnal é provocativo ao analisar o Antigo e o Novo Testamentos, busca associar com nossos dias personagens como Lúcifer, o anjo caído, e toca em outros assuntos. Detalhe: Karnal é ateu declarado e por isso fiquei curioso pelo fato de ele dedicar tanta atenção a um ser que, se Deus não existir, é ele também mitológico. Em nenhum momento o filósofo se refere a Satanás como mito. Pior, menciona a postura do anjo rebelde como digna de elogio. Quero adiantar que respeito Karnal e admiro sua inteligência e capacidade. As críticas que faço aqui são pontuais e não pessoais, evidentemente. Leia a seguir alguns trechos da entrevista, com meus comentários entre colchetes [MB]:

Pecar e Perdoar é um livro sobre julgamento. Julgar é humano? Ou foram as religiões que nos tornaram julgadores?

As religiões, apesar de darem a base moral para os julgamentos, sempre insistem em não julgar os outros. As religiões, ao mesmo tempo, e contraditoriamente, fornecem a base material para inventar o pecado, mas também recomendam quase universalmente a misericórdia, a compaixão, o perdão, o não julgamento. Faz parte de um jogo complexo. Nós gostamos de julgar. Se fosse apenas por causa da religião, em regimes ateus como a União Soviética ou a China de Mao-Tsé-Tung não teriam ocorrido julgamentos. Então eu diria que, apesar de a religião dar o vocabulário, o julgamento é humano, não é exatamente religioso. […] [Típico discurso ateísta de que pecado é uma invenção humana. Para alguns, o próprio mal é uma invenção. Aí se criam contradições como esta: o mal não existe, mas Deus é mau. Pecado, segundo a Bíblia, é a transgressão da lei de Deus. Por causa de Adão e Eva, herdamos a tendência para pecar, e por isso precisamos da graça habilitadora de Cristo para vencer. Mas, se Adão e Eva não existiram, o pecado realmente não existe. Se não existe pecado, não precisamos de Jesus e a lei de Deus se torna desnecessária. Sem saber, ateus que defendem esse ponto de vista acabam ajudando Satanás em sua luta contra a lei de Deus e em seu esforço para manter os seres humanos no pecado, longe da graça. Se o pecado e o conceito de mal são invenções humanas, quem define o que é mal? A mutável ética humana?]

Por que o erro, o pecado, é tão sedutor?

Nós temos uma sedução profunda pelo mal [sim, porque temos uma natureza caída]. De longe o demônio é o anjo mais interessante. Compare a biografia de Lúcifer com a do arcanjo [sic] Gabriel, que faz o anúncio a Maria [na verdade, Arcanjo só existe um: Miguel = Jesus]. De longe o demônio, o erro e o desvio são muito mais sedutores para nós. Você vai lembrar para sempre de Odete Roitman, ou de Nazaré Tedesco, mas não vai lembrar a personagem boa, pura. Nós gostamos dos rebeldes. Nós gostamos de quem quebra a regra. A liderança numa sala quase sempre está naquele que infringe as regras, e não no nerd. O nerd exerce pouca liderança numa sala. Nós gostamos do pecador. E, aliás, Deus também no cristianismo parece ter uma predileção pelo pecador. [Por que termos essa predileção pelo pecado? Qual a explicação naturalista para isso e qual a vantagem evolutiva dessa propensão para fazer o que é errado? O pecado é uma invenção humana, mas gostamos de pecar. Deus tem “predileção pelo pecador” porque é o pecador quem precisa de ajuda para se levantar. Simples assim. É só ler a parábola do filho pródigo. Faltou Karnal dizer que Deus ama o pecador, mas odeia o pecado. Isso está muito claro na Bíblia.]

No livro, você lança um olhar positivo sobre Lúcifer, o anjo caído. Por que viveríamos “tempos luciferinos”, como você diz?

Essa visão positiva de Lúcifer aparece na literatura quando John Milton, em Paraíso Perdido, põe na boca do demônio a seguinte frase: “É melhor reinar no inferno do que ser escravo no céu.” [Diz isso quem não conhece o reino das trevas de Lúcifer; quem não sabe o que significa a pobreza, a miséria e a morte. Será que Milton manteve essa mesma opinião quando foi confrontado pela dor e pela morte de pessoas queridas? Quem conhece a Deus sabe que ser “escravo” dEle é ser livre. O conceito de reinado de Milton tem que ver com poder e autoridade, por isso ele preferia isso. No reino de Deus, reinar significa servir. Como não querer ser “escravo”, súdito de um Rei que deixou Seu trono para morrer por mim?] Essa é uma noção de empreendedor. Prefiro o meu pequeno negócio do que ser empregado numa grande instituição [só que o “negócio” de Lúcifer arruinou este planeta]. O empreendedor clássico sempre se orgulha do ilícito. Steve Jobs, na sua biografia, conta que criou uma máquina para roubar o sinal interurbano da AT&T. Napoleão começou sua carreira como político em 1799, dando um golpe no regime que jurou defender. O empreendedor, o grande líder é louvado porque é alguém que quebra as regras, inclusive as leis, aceitas pelo grupo [lamentável isso. Nosso país já é o que é por causa das transgressões de regras e da quebra das leis. Imagine se cada brasileiro levar a sério esse tipo de empreendedorismo… Bem, é isso o que dá quando se relativiza o pecado: roubar, mentir, trair, desobedecer passam a ser virtudes]. Lúcifer é o primeiro empreendedor de todos os tempos porque saiu da caixinha. Lúcifer é o sonho do RH, né? (risos) [a “caixinha” era um reino de paz e harmonia em que todos serviam ao Criador por amor; Lúcifer não saiu da “caixinha”, foi expulso dela por não mais haver lugar para sua rebeldia insubmissa ali. Karnal louva justamente o que deu origem ao grande conflito e a todas as mazelas da humanidade]. Sem a infração de Lúcifer, assim como a de Adão e Eva, não haveria História [não haveria história do pecado; mas haveria a eternidade de paz e alegria]. O mundo seria perfeito, com anjos no paraíso. O que criou a História do mundo foi a rebeldia, as quebras do padrão e das estruturas. Todas as vanguardas, sem exceção, são assim. […] [Sim, o que criou o “mundo” foi a rebeldia, e será a rebeldia que porá fim a este mundo. Graças a Deus. Se Karnal queria falar de empreendedorismo, creio que escolheu um péssimo exemplo. Um indivíduo empreendedor como Satanás destruiria rapidamente tudo o que você construiu, e um dia vai destruir até mesmo o que ele construiu. – MB]