Na segunda-feira (25), o pároco Lester Rafael Zayas, da paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Vedado, em Havana, comunicou por meio das redes sociais da igreja que o regime impediu a procissão do Santo Sepultamento, marcada para a Sexta-Feira Santa. Segundo o líder religioso, ele recebeu uma notificação “através dos canais competentes”, declarando a reprovação da cerimônia religiosa, que foi celebrada há mais de 11 anos na paróquia, exceto no período de pandemia. De acordo com a nota divulgada, a recusa se deu em relação ao pároco, cujas homilias “aparentemente deixam algumas pessoas desconfortáveis ou nervosas”, segundo afirmou.
Após o pronunciamento, uma fonte ligada à Igreja Católica, que pediu anonimato, informou ao portal Cubanet que a diocese de Bayamo-Manzanillo, na província de Granma, também teve o evento cancelado pela ditadura. A negação da licença foi notificada por Bismar Quesada, responsável pela secção Bayamo do Gabinete de Atenção aos Assuntos Religiosos do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (PCC). Segundo a fonte católica, eles não deram explicações sobre o motivo do impedimento. “Eles nunca dão, apenas dizem sim ou não”, explicou.
A procissão seguiria por várias ruas da cidade com participação dos paroquianos, que costumam acompanhar uma imagem ou santo enquanto rezam e cantam. No caso de Bayamo, as procissões ocorreriam durante o Domingo de Ramos, na Via Sacra e no Santo Sepultamento.
Segundo a fonte, “o regime teme que o cortejo sirva de pretexto para reativar os protestos de 18 de março, quando centenas de cubanos foram às ruas reivindicar seus direitos à comida e eletricidade em meio à crise de ano enfrentada na ilha. “Estão tentando evitar aglomerações”, disse ainda.
A ONG Defensores dos Prisioneiros, que acompanha a situação dos presos políticos em Havana, considerou a proibição da procissão na cidade de Bayamo como “um exemplo da falta de liberdade religiosa na ilha”.
“Cuba reprime esmagadoramente a liberdade religiosa. Isso foi mostrado em uma série de análises recentes: nas relatorias e grupos de trabalho das Nações Unidas; na última resolução do Parlamento Europeu e organizações como a Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos”, afirmou a organização com sede na Espanha.
A Polícia Nacional da Nicarágua destacou cerca de 4 mil agentes, o correspondente a 23% do efetivo da corporação, para impedir procissões em paróquias do país e registrar fotos e vídeos dos católicos durante a Semana Santa. A denúncia foi feita pela advogada Marta Patrícia Molina, que investiga a repressão contra os cristãos na Nicarágua.
“Em alguns templos, chegaram dois policiais e, em outros, até três vans cheias de policiais. Tiraram fotos e vídeos das pessoas entrando e saindo”, disse Molina, em declarações publicadas pelo jornal Confidencial. “Fazem isso para intimidar, mas também para garantir que não haja protestos, algo sem sentido, porque as pessoas vêm para pagar as suas promessas e viver a Semana Santa com fé. Elas não estão pensando em organizar protestos. E [os policiais] também fazem isso para impedir a saída das procissões”, acrescentou a advogada.
Na semana passada, Molina havia afirmado que a ditadura de Daniel Ortega já proibiu 4,8 mil procissões da Quaresma e da Semana Santa deste ano.
Segundo a advogada, essa repressão está obrigando a grande maioria das paróquias a realizar procissões “intramuros” e/ou outras atividades religiosas, como rezar o terço ou acender velas para imagens.
A ditadura da Nicarágua persegue os cristãos, com prisões, expulsões do país, restrições de atividades e confisco de propriedades, porque estes ajudaram manifestantes reprimidos pelo regime sandinista durante os protestos de 2018. Além disso, religiosos como o bispo Rolando Álvarez defenderam a volta da democracia ao país centro-americano.