Tropeçando na verdade

Contact-PôsterLivro do famoso astrônomo Carl Sagan foi transformado em filme e acaba sem querer defendendo o conceito de design inteligente

Algum tempo atrás, Hollywood levou aos cinemas a adaptação do livro Contato, do famoso astrônomo Carl Sagan. Jodie Foster faz o papel de uma cientista que faz parte de um grupo que busca sinais de vida inteligente extraterrestre. Mas como saber se um sinal provém de uma fonte inteligente? Quando as antenas captam ondas de rádio com uma sequência de números primos de 1 a 101, a cientista identifica isso como um sinal inquestionável de mensagem inteligente. Por quê? Porque a observação repetida nos diz que apenas seres inteligentes criam mensagens e que as leis naturais nunca fazem isso.

Se você estivesse caminhando pela praia e encontrasse uma frase escrita na areia, e alguém lhe dissesse que a frase, por mais simples que seja, tinha sido produzida pelo incessante bater das ondas ou pelo vento, você não aceitaria isso.

Ironicamente, o autor do livro que inspirou o filme era apaixonado pelo evolucionismo e acreditava na geração espontânea. Para Sagan, a simples sequência de números primos provaria a existência de vida inteligente fora da Terra, mas o equivalente a mil enciclopédias na suposta primeira vida unicelular não provaria isso.

Além disso, foi o próprio Sagan quem escreveu que a informação contida no cérebro humano expressa em bits é provavelmente comparável ao número total de conexões entre os neurônios – cerca de 100 trilhões de bits. Se fosse escrita, essa informação encheria 20 milhões de volumes, o equivalente em volumes ao acervo das maiores bibliotecas do mundo. Isso tudo dentro da cabeça de cada um de nós! Sagan diz que “o cérebro é um lugar muito grande num espaço muito pequeno”; é “uma máquina mais maravilhosa do que qualquer uma que o ser humano já tenha visto” (Cosmos, pág. 278).

Winston Churchil disse certa vez que, ”de tempos em tempos, os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e segue adiante como se nada tivesse acontecido”. Sagan, como muitos hoje, tropeçou na verdade, mas se levantou, sacudiu a poeira e fez que nada era nada.

Michelson Borges

contato

O primeiro homem na Lua

neilExatamente hoje, só que há 50 anos, os três astronautas da Missão Apollo 11 partiram da Terra para ficar na História. Quatro dias depois do lançamento do foguete Saturno V, Neil Armstrong (1930-2012) seria o primeiro homem a pisar na Lua. Para comemorar o feito, assisti ontem ao filme “O Primeiro Homem”, baseado no livro homônimo, de James Hansen. O filme mostra o árduo preparo a que os astronautas se submeteram nos anos anteriores à missão e como isso afetou, inclusive, a família deles. O diferencial dessa produção é que ela mostra os bastidores da corrida espacial, com a pressão política, as falhas que levaram astronautas à morte e os enormes riscos envolvidos no esforço norte-americano de superar os russos e colocar pessoas em nosso satélite natural. O tom intimista fica claro inclusive no momento do lançamento: o foco não é o foguete, com cenas mostrando o lado de fora (imagens já muito exploradas nestes 50 anos), mas a cabine onde os três homens estão espremidos e tremem de forma nauseante até ultrapassar a atmosfera terrestre. O filme é uma verdadeira celebração da inteligência e capacidade humanas e do nosso desejo inerente de alargar fronteiras e explorar o desconhecido. Recomendo. [MB]

Leia também: “O homem foi ou não à Lua?”

A propósito, hoje tem eclipse lunar. Confira.

Filme contra o aborto arrasa nas bilheterias dos EUA

unplannedCom receita de 6,1 milhões de dólares no seu primeiro fim de semana, o filme “Unplanned” (“Não Planejado”) conquistou o notável sucesso de ficar em quinto lugar entre as maiores bilheterias dos Estados Unidos na sua primeira semana de exibição nos cinemas do país, apesar da forte campanha de boicote realizada por grupos abortistas contra esta produção pró-vida. O filme é baseado na história real de Abby Johnson, que foi uma das mais jovens diretoras do gigantesco conglomerado de clínicas abortistas Planned Parenthood. Depois de ter participado de mais de 22 mil abortos, ela mudou radicalmente de postura, uniu-se à iniciativa “40 Dias pela Vida” e se tornou uma das maiores referências pró-vida em território americano.

Abby Johnson tinha chegado a ser uma das mais aguerridas porta-vozes da Planned Parenthood nos Estados Unidos, lutando para promulgar leis em prol da “causa” em que acreditava profundamente: ajudar mulheres a abortar. Até que um dia ela parou para enxergar de verdade a brutal crueza de um aborto.

Primeiro veio o livro e depois o filme, ambos com incontáveis barreiras pelo caminho. No caso do filme, o site Catholic Vote listou alguns dos obstáculos que “Unplanned” enfrentou só na primeira semana de exibição nos cinemas dos EUA:

  • Quase todos os principais grupos de mídia do país ignoraram solenemente o lançamento da produção.
  • Alguns, como o canal Hallmark, até se recusaram a veicular anúncios pagos de divulgação do filme.
  • A conta oficial do filme no Twitter chegou a ser suspensa, sem qualquer motivo, durante várias horas, em pleno fim de semana da estreia (29 a 31 de março).
  • Por fim, a chamada “censura indicativa” feita por Hollywood atribuiu ao filme a letra “R” de “restrito”, ou seja, “não apropriado para menores de 17 anos sem a companhia de um adulto”.

Esta censura hollywoodiana foi definida em uma palavra pelo ex-governador republicano do Arkansas e ex-candidato às eleições primárias para a presidência dos Estados Unidos, Mike Huckabee: “ironia”. Ele questiona: “Quer dizer então que uma menina de 13 anos pode por lei fazer aborto sem que sequer os pais dela estejam sabendo, mas não pode ver um filme que mostra a realidade do aborto se não estiver acompanhada por um adulto até completar 17 anos?”

Achamos que a palavra “ironia” é bastante suave para definir a hipocrisia em questão.

(Aleteia)

Leia mais sobre aborto aqui.

Clique aqui e veja o trailer.

Assista a este filme e conheça a verdadeira face do comunismo

milada[Com o perdão dos spoilers.] Milada Horáková nasceu em Praga, capital da Tchecoslováquia, em dezembro de 1901. Formou-se em Direito e se tornou defensora dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, uma crítica acérrima do trabalho infantil e da legalização da prostituição, e lutou contra a ocupação nazista em 1939 e, posteriormente, contra o domínio comunista soviético em seu país. Foi presa pela Gestapo e condenada à morte, pena que foi alterada para prisão perpétua graças à defesa apresentada pela própria condenada. Esteve nos campos de concentração nazistas de Terezin, Leipzig e Dresden. Foi torturada ao longo de 36 interrogatórios, mas nunca denunciou seus colegas da resistência. Alguns historiadores creem que foi nessa época que sua experiência religiosa se aprofundou.

Com a derrota dos alemães e a libertação da Tchecoslováquia em 1945, Milada voltou a defender a democracia e foi eleita deputada, cargo ao qual renunciou após o golpe que levou o Partido Comunista ao poder, o que ela considerava uma verdadeira ocupação soviética. Por ser uma voz discordante (coisa que os comunistas detestam), Milada acabou sendo injustamente presa e terrivelmente torturada, participando depois de um julgamento forjado (muito comuns na ex-União Soviética) em que teria que admitir uma culpa que não tinha, de ter colaborado com o “imperialismo americano” contra os interesses de seu país e seu povo – justamente as duas coisas que ela mais amava e pelo que sempre lutou.

A rádio em que o esposo de Milada trabalhava foi fechada, numa atitude igualmente típica dos comunistas de controlar a mídia com mão de ferro. Posteriormente, o esposo dela teve que fugir para a Alemanha Ocidental, sob risco de morte, deixando a filha única aos cuidados dos avós.

No 7 de junho de 1948, alguns políticos tchecos renunciam por se recusar a assinar a nova Constituição do governo comunista; e uma semana mais tarde, em 14 de junho, Klement Gottwald foi eleito presidente, apelidado de “presidente operário”. O aumento da repressão levou à fuga de diversos intelectuais, artistas e altos funcionários. Cerca de oito mil pessoas deixaram o país.

A polícia política recebeu ordens de Gottwald para prender imediatamente todos os suspeitos de atividades contra a nova ordem dominada pelo Partido Comunista. Mais de 250 mil pessoas foram condenadas, das quais 178 foram executadas. Cerca de 600 presos não sobreviveram às torturas. Setenta mil pessoas foram condenadas a trabalhos forçados. A título de comparação, 434 pessoas foram mortas ou ficaram desaparecidas durante o regime militar no Brasil…

Milada_HorákováEnquanto o julgamento de Milada e dos outros réus prosseguia, eles eram absurdamente chamados de “traidores da República”, “terroristas”, “agentes dos imperialistas americanos, ingleses e franceses”, “pequenos Hitlers” e “ratazanas que conspiraram nos esgotos contra a classe operária”.

Aos 48 anos de idade, Milada foi condenada à morte por enforcamento, no dia 27 de junho de 1950. Pessoas famosas como Albert Einstein, Winston Churchil e Eleonor Roosevelt pediram a comutação da pena, mas foram ignoradas. Ela foi falsamente acusada de atividades conspiratórias e de espionagem contra o Estado, como se pretendesse derrubar o comunismo com a ajuda das potências ocidentais, iniciando assim uma terceira guerra mundial! Com a mídia nas mãos do governo, essas “fake news” foram divulgadas e muitas pessoas acabaram acreditando em tudo.

A crueldade dos comunistas foi tanta que Milada não foi autorizada a ver os familiares durante seu tempo de prisão. Somente na noite anterior à execução lhe foi permitido, durante quinze minutos, ver a filha, a irmã e o cunhado. Ela tentou abraçar e beijar a menina pela última vez, mas os guardas não permitiram. Eram ordens do governo.

Em 1968 teve início uma revolta na Tchecoslováquia contra a ocupação soviética, conhecida como Primavera de Praga, e a praga do comunismo foi afastada do país. Em 2006, o presidente Václav Haus afirmou: “Milada Horáková é o símbolo perene da resistência ao comunismo. […] Pagou caro a defesa da liberdade e da democracia, apesar dos protestos que na época foram feitos no mundo inteiro.”

ceusEnquanto assistia ao filme, lembrei-me do livro Ainda que Caiam os Céus, do pastor adventista Mikhail Kulakov (Casa Publicadora Brasileira). As semelhanças com a história de Milada são grandes, com a diferença básica de que o pastor Kulakov foi preso pelos comunistas por motivos religiosos, mas com a “desculpa” de que ele realizava “reuniões anti-soviéticas”. A religião conservadora bíblica também é um empecilho para as pretensões comunistas. Sempre foi.

Nem preciso dizer que você precisa urgentemente assistir ao filme “Milada” (tem na Netflix) e ler o livro de Kulakov. Assim poderá conhecer a verdadeira face fascista do comunismo e os perigos entranhados nessa ideologia anticristã.

Michelson Borges

P.S.: Quem sabe um dia alguém publique a história de Vaclav Havel. Ele e a família ficaram dois ou três anos escondidos e protegidos em uma fazenda até conseguirem atravessar a fronteira austríaca. Quem os protegeu? Um pastor adventista. Depois da queda do comunismo e da eleição de Havel, o governo tcheco devolveu à Igreja Adventista as propriedades confiscadas pelos comunistas.

Desafio do amor: salve seu casamento

fireproofO casamento está em vias de extinção. A cada ano aumenta o número de divórcios no mundo. E, mesmo entre aqueles que resistem à “solução” da separação, muitos apenas se suportam, vivendo infelizes debaixo do mesmo teto. O filme “A Prova de Fogo” (Fireproof, dos mesmos produtores de “Desafiando Gigantes” e “A Virada”) toca nessa ferida, aponta os prováveis e mais comuns motivos desse problema e propõe a solução para ele.

Caleb Holt é capitão do Corpo de Bombeiros de Albany, EUA, tido como herói em sua cidade. A metáfora é evidente: ele salva pessoas quase todos os dias, mas é incapaz de salvar o próprio casamento. Percebendo a situação, o pai dele propõe um desafio antes de o casal partir para a separação. Relutante, Caleb aceita. (Detalhe: o ator principal é Kirk Cameron, que estrelou na adolescência uma série de sucesso e decidiu, depois, dedicar-se a projetos que promovessem o bem.)

A capa do DVD traz o slogan “Nunca deixe seu parceiro para trás”, que se aplica tanto para bombeiros quanto para casais. Comentários no site do filme deixaram claro que ele consegue fazer um retrato bastante preciso da triste realidade da fragmentação do matrimônio. Muita gente se sensibilizou e se identificou com a situação desesperadora do capitão Caleb e sua esposa, Catherine.

O filme trata paralelamente e com certa discrição da batalha de todo homem (contra a lascívia) e de toda mulher (contra a vaidade). (Leia também: “A luta do homem e da mulher”.) Com o relacionamento conjugal enfraquecido, Caleb é tentado pela pornografia na internet, enquanto Catherine começa a ceder às investidas de um jovem médico, em seu local de trabalho.

O “desafio do amor” proposto pelo pai de Caleb consiste em colocar em prática um simples programa de 40 dias no qual o cônjuge realiza pequenas atividades diárias com o objetivo de reconquistar o parceiro. Esse desafio acabou virando livro, com o título The Love Dare (O Desafio do Amor).

Quando chega à metade do desafio (lá pelo 20º dia), Caleb desanima ao perceber que nada parece estar dando certo. É aí que, mais uma vez ajudado pelo pai, ele percebe o que realmente está faltando em sua vida, e tudo muda – primeiro nele, depois na esposa. Afinal, como ensina o filme, não se pode dar aquilo que não se tem: o amor incondicional. Como e onde obtê-lo? É o grande “desafio” do filme.

Com esse tipo de amor, todo relacionamento se torna “a prova de fogo”.

Michelson Borges

Spotlight: os abusos que a Igreja quis esconder

spotlightO título do filme não poderia ser mais apropriado: “Spotlight: verdades reveladas.” Trata-se de uma história real e muito triste, mas bem conduzida pelo diretor Tom McCarthy (tanto que merecidamente ganhou o Oscar de melhor filme neste ano). Outra página negra na história da Igreja Católica é revelada pela equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, também conhecida como Spotlight. Para quem gosta de filmes de jornalismo, este é um dos bons. A equipe do Globe dá um verdadeiro show de reportagem: consulta muitas fontes, faz ampla pesquisa, ouve, desconfia, gasta sapato e revela muita coragem.

Geralmente, quando se trata de expor e punir “gente grande”, existe temor e a tendência é evitar o assunto. Isso fica claro no filme. Quando sabem que a reportagem da Spotlight vai revelar as entranhas de um comportamento criminoso mantido por muitos padres acobertados pelo arcebispo de Boston, as fontes geralmente ficam com receio – sentem vergonha de se expor, mas têm vontade de que seja feita justiça. Os próprios repórteres experimentam o peso do que estão prestes a revelar, mas vão em frente mesmo assim. O que acontece, depois, é mais um lembrete da relevância do jornalismo responsável e corajoso. De um jornalismo meio raro hoje em dia, mas que enche de orgulho aqueles que ainda acreditam na profissão.

Graças ao trabalho competente e persistente do pessoal do Globe, o drama de inúmeras vítimas (só em Boston foram mais de mil) de padres pedófilos foi revelado e, certamente, muitas vítimas em potencial foram protegidas. Quando ficou evidente que o arcebispo Bernard Law realmente acobertou muitos desses padres, ele renunciou em 2012 (mas ficamos sabendo no texto, no fim do filme, que ele acabou sendo “promovido” a um bom cargo em Roma).

Triste mesmo é acompanhar o depoimento de algumas vítimas desses padres. Via de regra, elas se viam envolvidas por alguém que, para elas, representava o próprio Deus. Mas, depois de abusadas, não apenas perdiam a dignidade, mas a própria fé.

Faço apenas uma ressalva: não seria bom assistir a esse filme com crianças muito pequenas, já que o testemunho de algumas vítimas é bastante explícito. Mas fica a advertência para que os pais e responsáveis ajudem seus pequenos a se prevenir neste mundo mau e a “quebrar o silêncio”, quando o assunto for abuso – exatamente como fez a Spotlight.

Michelson Borges

Filme faz paralelo entre história de Cristo e sequestro na Amazônia

Uma trama ambientada na região amazônica sobre tráfico humano traça um paralelo com o ministério de Jesus Cristo retratado na Bíblia. A produção Libertos – O Preço da Vida (com aproximadamente 1 hora e 25 minutos) será lançada em março deste ano e promete levar o espectador a uma reflexão sobre o conceito de liberdade.

O filme apresenta seres humanos negociados como mercadorias. Nesse contexto, Emanuel, um médico voluntário (vivido pelo ator André Ramiro, de Tropa de Elite), tem como missão pessoal atender à população ribeirinha e às tribos da Amazônia. Ele, no entanto, torna-se uma potencial ameaça para a quadrilha especializada em tráfico humano. Casimir, o líder do bando, é egoísta, manipulador e não aceita que ninguém cruze seu caminho.

A roteirista e produtora Luciana Costa explica que se trata de uma segunda produção nessa linha que estabelece um paralelo entre uma narrativa dramática e momentos da passagem de Jesus Cristo por este mundo. “Tivemos uma boa experiência com o filme O Resgate – Salvação ao Extremo e resolvemos fazer um novo material que vai emocionar e, principalmente, levar os espectadores a uma reflexão mais profunda sobre sua vida e seu futuro”, comenta.

O longa-metragem é uma produção da Seven Filmes para a Igreja Adventista do Sétimo Dia que se encarrega da distribuição do material não apenas no Brasil, mas em outros países sul-americanos. O diretor de Comunicação da Igreja, Rafael Rossi, explica que a organização religiosa investe em filmes “por entender que oferecem uma linguagem adaptada a uma sociedade que quer compreender aspectos dos evangelhos da Bíblia, mas que, ao mesmo tempo, demonstra forte interesse em conteúdos audiovisuais”.

A Jornada: uma viagem pelo tempo

a jornadaO ano é 1890. O professor do Seminário Bíblico da Graça, Russell Carlisle (D. David Morin, de “Compromisso Precioso”, outro bom filme), está prestes a publicar seu livro e pede aos colegas do seminário para endossarem a obra. Um dos membros da comissão, o Dr. Norris Anderson (Gavin MacLeod, de “O Barco do Amor”), se opõe à publicação do livro devido ao que ele considera um erro grave: falar de valores e moral sem mencionar a autoridade por trás desses valores – Jesus Cristo. Segundo Anderson, a publicação do livro de Carlisle poderia ajudar a demolir os pilares morais que sustentam a sociedade.

Para provar que a idéia de que o ser humano pode viver moralmente sem Deus acarreta graves conseqüências, o Dr. Anderson desafia Carlisle a ver com os próprios olhos uma sociedade que abraçou essa doutrina. Como? Enviando-o mais de cem anos ao futuro através de uma máquina do tempo criada por John Anderson, o pai de Norris.

A partir daí, o cenário é o de uma grande cidade norte-americana, cheia de tentações e de cristãos nominais que acham que podem ser bons, mesmo pouco conhecendo de Jesus e de Sua Palavra.

A ficção científica pode ser meio “forçada”, mas é compensada pelo bom roteiro, personagens e diálogos convincentes e pelos apelos e discursos de Carlisle. O toque de humor leve se mistura bem à proposta séria do filme de analisar a decadência moral do mundo que vive na iminência da volta de Jesus.

Nem precisa dizer que Carlisle fica chocado e, quando retorna ao passado, resolve reescrever o livro e renomeá-lo de “Time Changer”, que é o título original do filme, lançado em 2007.

Deixando de lado alguns erros teológicos como o “inferno eterno” e o “arrebatamento secreto”, é um filme que vale a pena ser visto.

Michelson Borges

Ponte dos Espiões: um retrato da Guerra Fria

ponteNasci no ano de 1972, em plena Guerra Fria. À medida que fui me entendendo como gente e compreendendo um pouco o mundo complexo que me rodeava, uma sensação de medo passou a tomar conta de mim. Na verdade, minha geração foi marcada por essa sensação, pois vivíamos sob a sombra ameaçadora de um cataclismo nuclear. As duas superpotências de então, Estados Unidos e União Soviética, estavam armadas até os dentes com ogivas nucleares capazes de destruir toda a vida na Terra. Filmes e documentários ajudavam a alimentar esse clima descrevendo os horrores de uma detonação nuclear. Com a idade de uns 12 anos, formei um grupo de estudos e nos reuníamos na biblioteca da escola para estudar livros e revistas sobre bombas nucleares, geopolítica mundial e… a Bíblia. Sim, nós queríamos saber o que nos reservava o futuro; se havia esperança para a humanidade. É claro que, sem ajuda e sem conhecimentos prévios de interpretação profética, chegamos a conclusões as mais absurdas. Mas queríamos, do fundo do coração, entender as profecias; encontrar segurança em algo. (Clique aqui para saber mais sobre essa história.)

Assistir ao ótimo filme Ponte dos Espiões foi, para mim, quase que uma viagem ao passado. Trata-se de uma produção bem feita, de um Steven Spielberg em boa forma e em uma temática que sempre o fascinou. A interpretação impecável do consagrado Tom Hanks ajuda e muito. O filme dispensa efeitos especiais e as cenas apelativas comuns em Hollywood, usadas para alavancar bilheterias. Assim, não se veem ali cenas de sensualismo, sexo nem violência. O filme não precisa desses “estimulantes” clássicos e cada vez mais utilizados. Não precisa de “pimenta”, pois o roteiro bem escrito, os diálogos precisos, o drama na medida certa e as boas interpretações seguram o interesse do começo ao fim. A família retratada no filme é tradicional, nos moldes bíblicos, eu diria, ou seja, um pai (homem), uma mãe (mulher) e filhos. E eles até oram antes das refeições.

Hanks interpreta o advogado James Donovan, da área de seguros, que se vê, de repente, envolvido em um problema complexo, ao ser escolhido para defender Rudolf Abel, um espião soviético capturado pelos norte-americanos. Donovan não tem experiência nesse tipo de caso, nem precisava ter, pois o governo dos Estados Unidos queria apenas manter a aparência de que mesmo os prisioneiros receberiam tratamento justo ali, com direito à defesa por meio de um advogado. O que ninguém esperava é que Donovan fosse levar a sério sua missão de tentar inocentar o homem. Indo contra a opinião e o ódio públicos e contra as expectativas das autoridades da nação, o advogado faz o possível para oferecer uma defesa adequada ao espião. Todos desejavam a cabeça de Rudolf, até que, ironicamente, um militar norte-americano foi capturado pelos russos. E Donovan, de simples advogado, torna-se negociante internacional, sendo enviado a Berlin com a missão de conseguir a troca dos prisioneiros.

É um filme que possibilita boas reflexões e discussões sobre honra, ética, humanidade e outros valores tão em falta em nossos dias. Baseada em fatos reais, a produção pode ser bem aproveitada, inclusive, por professores de História, quando forem abordar o tema da Guerra Fria. Ponte dos Espiões é bem didático e instrutivo, mesmo para quem não viveu sob a sombra da Guerra Fria.

Michelson Borges