O sentido amplo de expiação

As dimensões da expiação de Cristo não são competitivas e mutuamente excludentes. Elas se entrelaçam e formam a trama da grande história da redenção

expiação

Quando estudamos um tema, é importante prestar atenção ao fato de que algumas palavras têm significado amplo (polissemia). Por exemplo, Ellen White descreve a “expiação” como uma obra completa na cruz e, ao mesmo tempo, como algo que ocorre no santuário celestial depois da cruz. Isso pode causar confusão, pois ela usa a palavra “expiação” de diferentes maneiras.

Se você olhar os escritos dela, verá esses três usos diferentes da palavra “expiação”:

1) Expiação refere-se à cruz. Por exemplo: “Cristo efetuou uma expiação completa, dando Sua vida como resgate por nós” (Exaltai-O, p. 400).

2) Expiação refere-se ao ministério sumo sacerdotal de Cristo no santuário celestial, aplicando os benefícios da cruz. Por exemplo: “[Jesus] entrou no lugar santíssimo para fazer expiação pelos pecados do povo e purificar o santuário” (Manuscrito 69, 1912).

3) A expiação, num sentido mais amplo, refere-se a toda a obra de redenção. A expiação é vista aqui como um processo composto por partes indivisíveis, e ela iguala a “expiação” com o “plano da redenção” (O Desejado de Todas as Nações, p. 494-495; cf. p. 566), e até utiliza a expressão “plano de expiação” (O Grande Conflito, p. 503).

Na perspectiva (3), a obra (2) não é algo adicional à obra (1), no sentido de a cruz ter sido insuficiente. É garantia de erro pinçar textos do grupo (1) e ignorar os textos dos grupos (2) e (3), ou, pior ainda, colocar esses textos um contra o outro, como se fôssemos obrigados a escolher apenas um dos aspectos da obra de Jesus e rejeitar os outros.

Em outras palavras, tanto o processo inteiro quanto suas partes são chamados de “expiação”. Ao fazer isso, Ellen White reflete o que a própria Bíblia faz. No Dia da Expiação, por exemplo, cada parte do ritual é descrita como “expiação” (Lv 16:11, 18, 20), assim como o processo inteiro também é uma “expiação” (v. 34).

As dimensões da expiação de Cristo não são competitivas e mutuamente excludentes. Elas se entrelaçam e formam a trama da grande história da redenção.

(Isaac Malheiros, Facebook)