Saiba por que tomar café é pecado

cafeO jornalista brasileiro Andrei Netto, 42 anos, que vive e trabalha em Paris, começou a ter insônia por volta dos 36 anos. Como cobriu guerras e vivenciou experiências violentas ao longo de sua carreira, inicialmente atribuiu o sintoma a algum tipo de estresse pós-traumático e chegou a buscar terapia. “Ficava acordado, não conseguia dormir e tinha que levantar e fazer outra coisa. Esse problema do sono veio acompanhado de uma certa angústia e de uma dificuldade para respirar”, conta. Há cerca de dois anos, conversando sobre o assunto com sua sobrinha, a solução ao problema surgiu de maneira inesperada. “Ao me ver fazendo café, perguntou: Você já pensou em parar de tomar café? Pensei: é isso.” O jornalista passou a testar sua tolerância à bebida, tomando dia sim, dia não, ou intercalando com intervalos maiores, para ver se seus sintomas melhoravam.

“Toda vez que eu voltava a tomar regularmente, por três ou quatro dias seguidos, os efeitos reapareciam”, conta. O repórter decidiu então cortar o café e notou que seu sono e sua respiração voltaram ao normal. A angústia também desapareceu. “Por algum motivo, que desconheço, o café causava um certo grau de intoxicação”, deduziu.

Levamos o caso do jornalista a Xavier Laqueille, chefe do setor de Psiquiatria do hospital Sainte Anne, um dos mais renomados da capital francesa, especializado em dependência química. Ele confirmou a impressão do repórter: Andrei foi provavelmente vítima de uma intoxicação por café, um estimulante desaconselhado para quem tem sensibilidade à substância, geralmente perfis ansiosos. “Os efeitos do café são muito mais longos do que pensamos e, além disso, cumulativos. Quando tomamos café, podemos ter sintomas de ansiedade ou insônia até 15 horas depois”, explica. “Não é um problema grave, mas quando existe essa complicação, é bem desagradável, e é preciso lembrar do café e seus efeitos”, afirma.

O excesso da cafeina, diz, pode gerar também ataques de pânico, vertigens, diarreia e vontade frequente de urinar. “Habitualmente, quanto temos problemas induzidos por substâncias, existe uma sensibilização: quer dizer, podemos ter diferentes sensações com doses cada vez menores. É preciso prudência”, declara. O psiquiatra também lembra que, quando a pessoa interrompe o consumo e volta a tomar café, uma pequena xícara já é suficiente para provocar o reaparecimento dos sintomas.

A pesquisadora Julie Carrier é diretora científica da rede canadense sobre o sono e o ritmo biológico, da Universidade de Montreal. Estudos realizados em seu laboratório mostraram que o café afeta o sono, mesmo consumido em pequena quantidade. “As pessoas de um modo geral sabem que a cafeína pode gerar dificuldades para dormir ou fazê-las acordar à noite, mas poucas têm noção de que a substância diminui o chamado sono lento e profundo”, diz.

Essa fase, conhecida como REM, abreviação de “rapid eyes movement”, é essencial para o repouso e para a cognição. Os olhos se mexem, a atividade cerebral é intensa e os músculos ficam paralisados. É nesse momento da noite que sonhamos. Privar-se do chamado sono paradoxal aumenta o risco de ter doenças como o mal de Parkinson ou o Mal de Alzheimer, por exemplo, além de outros problemas de saúde.

Segundo a pesquisadora, mesmo entre as pessoas que se consideram “resistentes” ao café, há mudanças na estrutura do sono. A especialista e sua equipe estudaram os efeitos da cafeina no cérebro de adultos de mais de 40 anos – a partir da meia-idade, a qualidade do sono profundo tende a diminuir naturalmente. Os 75 participantes da pesquisa consumiam diariamente de dois a três cafés. O resultado mostrou que, independentemente da sensibilidade individual, o café atrapalhava a chamada “arquitetura cerebral do sono profundo”. “A questão real, penso eu, é: Por que precisamos consumir a cafeína? Deveríamos ser capazes de ter um nível de atenção e vigilância sem precisar de café para nos mantermos acordados”, afirma a pesquisadora, lembrando que, se for por uma questão de gosto, “existem ótimos descafeinados”. […]

(G1 Notícias)

Nota: No século 19, em conformidade com as pesquisas recentes, Ellen White escreveu: “Chá [estimulante], café e fumo são todos estimulantes, e contêm venenos. São não somente desnecessários, mas nocivos, e devem ser rejeitados, caso queiramos acrescentar ao conhecimento, temperança. […] Doenças de toda espécie e tipo têm sido trazidas sobre os seres humanos pelo uso de chá e café e os narcóticos, ópio e fumo. Essas condescendências prejudiciais devem ser renunciadas, não apenas uma, mas todas; pois todas são danosas e destruidoras das capacidades físicas, mentais e morais, devendo, do ponto de vista da saúde, ser abandonadas. […] O café é uma satisfação nociva. Estimula temporariamente o cérebro a uma ação desnecessária, mas o efeito posterior é exaustão, prostração, paralisia das capacidades mentais, morais e físicas. A mente fica enfraquecida, e a menos que, mediante esforço determinado seja o hábito vencido, a atividade do cérebro é permanentemente diminuída (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 419, 420).

“Quanto ao chá [estimulante], ao café, fumo e bebidas alcoólicas, a única atitude segura é não tocar, não provar, não manusear. A tendência do chá, café e bebidas semelhantes é no mesmo sentido que as bebidas alcoólicas e o fumo, e em alguns casos o hábito é tão difícil de vencer como é para um bêbado o abandonar os intoxicantes” (Ciência do Bom Viver, p. 335).

Por isso, “tomar chá [estimulante] e café é pecado, condescendência prejudicial, que, como outros males, causa dano à alma. Esses diletos ídolos criam excitação, ação mórbida do sistema nervoso; e depois que a influência imediata do estimulante passa, deixa abaixo do normal, na mesma proporção em que suas propriedades estimulantes elevaram acima do normal” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 366).

Há pessoas que tentam racionalizar e relativizar o assunto. São livres para fazer isso e para comer e beber o que quiser, mas devem saber que não contam com o respaldo nem da ciência, nem da Revelação. Tudo o que prejudica nossa saúde física e mental atenta contra o “templo do Espírito Santo”, nosso corpo. Com o cérebro prejudicado, fica mais difícil ter pensamentos claros, resistir às tentações e ter comunhão com Deus. É matar-se aos poucos, e matar é pecado. A reforma de saúde é um assunto sério e importante, muitas vezes negligenciado por uns e exagerado e “fanatizado” por outros. Ambos os grupos atrapalham a obra que Deus deseja operar entre o Seu povo. Uns tratam o assunto com indiferença e até gracejos, dando a impressão de que seria algo irrelevante; outros fazem disso sua bandeira principal e apontam o dedo para quem não vive segundo sua ótica. Criam aversão a uma mensagem que deveria ser uma bênção. Portanto, ore a Deus e estude. Tome suas decisões com sabedoria, bom senso, tranquilidade e não force ninguém a fazer o mesmo. Você será grandemente abençoado se colocar em prática os chamados “oito remédios naturais”, e seu testemunho amoroso levará muitas pessoas a também pensar no assunto. Deus nos ajude a obedecer Suas instruções. É para o nosso bem e dos que nos rodeiam. [MB]